por Isabel Tatit
Ao longo de pelo menos seis anos de pesquisa, entre mestrado e doutorado[1], estive às voltas com a noção de singularidade na psicanálise lacaniana, em seus aspectos éticos e políticos. Foi o atendimento clínico, em consultório particular, que me interrogou sobre alguns usos teóricos do termo singularidade dentro do lacanismo, pois, principalmente quando associada ao final de análise, aproximavam-se aos ideais de auto constituição e inovação, numa perspectiva individualista, contraproducente e questionável.
A conquista da singularidade como objetivo de uma análise esbarra na crítica com a qual concordo e que permeou toda a obra de Lacan: o sujeito é evanescente, dividido (mesmo ao final de uma análise, evidentemente) e, apostar numa posição livre de conflitos e estável já era o maior equívoco de uma certa leitura de Freud, como por exemplo a feita pela Ego psychology[2]. No entanto, encontramos inúmeras formulações entre pós-lacanianos — citaremos algumas adiante — nas quais um sujeito, ao final de uma análise ou como vetor desse processo, precisaria ter a capacidade de “assumir sua singularidade” e se identificar a ela como solução estanque.
Depois de investigar profundamente tal noção nos seminários e escritos de Lacan, percebi que embora seja muito utilizada nas produções lacanianas atuais para falar de final de análise, o autor francês menciona o tema de maneira dispersa em sua obra e o faz essencialmente para tratar da lógica do não-todo e para dar relevância à experiência inconsciente. Verificamos que há sempre um contexto de debate, no qual prevalece a insistência de Lacan na causa psicanalítica que estava sendo perdida em receitas para uma boa adaptação do Eu ao campo social.
O desconforto com algumas percepções sobre singularidade ficou mais evidente após me engajar na experiência de atendimento clínico, o que me chamou atenção para o efeito retórico dos textos que idealizavam a prática analítica. Ironicamente, a singularidade aparecia muitas vezes como solução subjetiva universal. E assim, os trabalhos sobre final de análise ou direção do tratamento me pareciam ora mágicos e fascinantes, ora muito pueris.
Posso dizer de forma resumida que, acompanhando a trajetória de diversos analisantes, meu próprio percurso analítico e cotejando ambos ao que se entende por direção do tratamento e final de análise dentro do lacanismo, delineou-se um impasse ético fundamental, a saber, que o uso desviado da singularidade pode ser facilmente cooptado aos interesses de um discurso hegemônico, quando se alinha aos ideais contemporâneos de independência, criatividade, inovação e liberdade individual. Hoje, tais ideais atualizam-se na exigência de singularização, presente em muitos discursos publicitários, coorporativos, bem como nas falas dos pacientes – além de estarem presentes nos textos pós-lacanianos.
O problema da imaginarização da singularidade
Se é verdade, como sintetiza Soler[3] que “em cada tratamento analisamos cada sujeito como “um” particular diferente de todos os outros”, também é verdade que a psicanálise desde Freud e muito mais explicitamente a partir de Lacan interessou-se pela estrutura dos sintomas, da fantasia, enfim, do inconsciente. O alerta referente a estarmos atentos à subjetividade da nossa época, herdeiro da compreensão do inconsciente como discurso do Outro, sempre serão bússolas tanto para a posição de um analista advertido das cegueiras de seu tempo, quanto para uma leitura crítica dos textos pós-lacanianos. Avançamos quando dialogamos, por exemplo, com teorias de gênero, com estudos interseccionais e assim reconhecemos sofrimentos que são produzidos socialmente[4]. Quem atende hoje e não é capaz de reconhecer que uma pessoa negra sofre por ser negra num país racista – ou que muitas questões trazidas por uma pessoa LGBTQIA+ respondem a uma sociedade preconceituosa – ficou para trás, mas, pior que isso, deixou o analisante para trás também.
Logo que me formei em 2008 no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo dei início aos atendimentos clínicos em consultório particular. Naquele momento, participava de um cadastro de psicólogos da clínica-escola desta faculdade, por meio do qual recebia encaminhamentos de analisandos. Em razão dessas circunstâncias, e talvez também pelo acaso, a maioria das pessoas que chegava ao meu consultório não era originalmente de São Paulo. Eram estudantes que deixavam suas cidades e vinham à maior metrópole do país para se graduarem na USP. O que me chamava atenção naquele momento eram as recorrentes narrativas de superação intelectual e de ruptura afetiva com os familiares.
Faziam das queixas em relação à cena familiar também uma queixa em relação aos outros da cena social. Nesse sentido, traduziam mais o que Rosa[5] descreveu como fenômeno da contemporaneidade, em que “predomina a busca do triunfo do Eu, construído como se pudesse prescindir do investimento do outro, impossibilidade que o individualismo ofusca: impossibilidade de auto constituir-se”.
As escolhas e rupturas realizadas por esses analisandos eram sustentadas por queixas relativas ao (des)encontro frustrante com os outros e quase nunca significadas como um movimento do próprio desejo. E o que de início eles entendiam como garantia de uma “autonomia” (ruptura com as referências dos outros), se revelava no processo de análise como um ideal onipotente causador de mal-estar e angústia.
É evidente que cada analisante se posicionava de forma diversa em relação aos outros e ao próprio isolamento, mas, pareceu-me que algo relativo a um ideal de autossuficiência, somado à vontade de apagamento da própria história atravessavam todos aqueles casos. Era fácil também observar como a temática da solidão estava em voga nos congressos e nos meios de comunicação no período em que desenvolvi a pesquisa de mestrado sobre esse tema tão corrente em minha clínica (2010-2012). Diversos psicanalistas (Ferrari[6], Tanis[7], Katz[8]) traziam a ideia de que a solidão seria uma experiência dominante na atualidade. E na mídia, um discurso médico[9] se destacava ao tratar a solidão como uma manifestação doentia de subjetividades mal adaptadas ao corpo social.
No entanto, por meio da pesquisa e do atendimento aos analisandos, entendi que o agente transmissível da epidemia da “solidão” é o próprio ideal contemporâneo que transmite a necessidade de sermos felizes, “populares” e que, paradoxalmente, faz um elogio à autossuficiência. Aquele tipo de discurso médico, ao produzir um novo sintoma, fazia da solidão algo que devia ser abolido, superado, administrado e medicalizado, em nome de um bem-estar. Percebi que o discurso de isolamento escutado no consultório participava desse mesmo fenômeno posto que retratava a tentativa do sujeito de sustentação autossuficiente, com o intuito de tamponar o mal-estar e ignorar a impossibilidade de completude e harmonia na relação com os outros.
Embora partisse de um impasse teórico-clínico (sobre quais eram as aproximações e as distinções entre solidão e isolamento na abordagem psicanalítica), compreendia que, em termos sociais, esse estudo era também um alerta às interpretações apressadas e contemporâneas sobre a solidão que ora se referiam aos fenômenos de bullying, estigma e não adaptação social, ora à depressão e à doença. Em certa medida, precisávamos tirar o olhar patologizante das pessoas que se isolam, para podermos escutá-las.
Ao final da pesquisa deparei com diversas noções lacanianas que articulavam a singularidade com aquilo que eu havia extraído da experiência da solidão em termos psicanalíticos: experiência que remete à incompletude do sujeito e à falta de um objeto que o satisfaça plenamente. Junto a isso percebi o quanto a noção de singularidade me servia de porto seguro para enfatizar a dimensão ética da solidão pensada pela psicanálise:
Ao longo desta pesquisa, o significante da solidão emergiu episodicamente como expressão do mal-estar do sujeito nas brechas do discurso de isolamento. Assim, quando se apresenta como um contraponto ao discurso dominante, a solidão pode traduzir uma experiência ética por manifestar a singularidade do sujeito.[10]
Estaria empregando o termo num linguajar comum ou conceitual? Como falar desse inegociável do sujeito, que não se adequa ao status quo, sem reproduzir ideais de autenticidade, auto constituição e inovação, tantas vezes criticados por nós?
Nos últimos anos, recebi analisantes que passaram por feedbacks em suas empresas, nos quais era apontado a necessidade de “transformação de mindset”. Fui entendendo que essa demanda tão recorrente não dizia respeito a uma pessoa específica, mas que algumas empresas instigam seus funcionários a buscarem análise para mudarem suas formas de pensar e agir, pois os tais “mindsets negativos/restritivos” seriam responsáveis por atrapalhar a percepção da realidade (ou será por resistir à lógica produtivista?). A sugestão para um funcionário buscar terapia porque sua história, ou seu corpo são obstáculos para o trabalho vem ganhando novos contornos. Fazer mentoria, coach e análise: há empresas apostando em um combo de metodologias visando “bem-estar e produtividade”. Ou ainda, a ideia de que o autoconhecimento pode ser a base do desenvolvimento de uma posição de liderança, pois assim, de um lugar seguro e potente seria possível se destacar e convencer mais pessoas de suas ideias, tem produzido demandas de análise no mínimo curiosas.
Muitas vezes, esses analisantes queixam-se de não saber se vender, ou fazer seu marketing pessoal, por baixa autoestima. Acreditam que podem ganhar segurança narcísica numa análise. Somos, portanto, demandados a ajudá-los a acreditarem em si mesmos e terem o poder de inebriar mais gente a trabalhar como um propósito de vida. Em poucas sessões, fica evidente como muitas vezes é sofrido fazer parte desse jogo e que muitas vezes a demanda é quase de redução de danos “como posso me vender, sem tanto prejuízo psíquico?”. Antes da pandemia era muito comum escutar sobre a prática de Mindfulness — prática antiga, que ganhou grande alcance nos EUA quando aplicada no mundo coorporativo para aumentar a produtividade e diminuir o estresse. Sabemos, no entanto, que mesmo com todo o combo, a maioria seguiu sofrendo no rolo compressor do mercado de trabalho neoliberal. E então, o diagnóstico do momento entre as empresas é o burnout, o esgotamento, já estabelecido como critério de licença médica imediata. Como bem sintetizou Zygouris[11]: “existem cada vez menos cidadãos em fúria e cada vez mais vítimas e deprimidos. As vítimas não devem se revoltar, são reduzidas ao estado de doentes”.
Na série Ruptura[12], funcionários de uma indústria poderosíssima são submetidos à uma cirurgia cerebral para que o que é vivido fora do trabalho não seja lembrado enquanto se está na empresa e vice-versa. A ficcionalidade desse absurdo, transmite a verdade do que já acontece no mundo coorporativo em muitos sentidos: a demanda de apagamento da própria história e do próprio corpo são revestidos por um discurso de autossuperação. Assim, “transformar o mindset” é encontrar um propósito de vida que se alicerce no trabalho, sem que o resto da vida atrapalhe esse plano de dominação. É claro que o discurso é bem mais sedutor que “sua história e seu corpo são obstáculos à produtividade”. Livrar-se de crenças limitantes, aprender a ser um bom influenciador dentro da empresa, desenvolver habilidades, não se acomodar e sair da zona de conforto são jargões mais recorrentes. Além disso, na série, como no mundo cooperativo da vida real, há um departamento de bem-estar que promove saúde e diminuição do estresse visando a melhor adaptação do funcionário à empresa. Demandas de elevação de autoestima invadiram a clínica contemporânea e, do jeito que caminham algumas apreensões pós-lacanianas, se não estivermos advertidos, confundiremos superar crenças limitantes com derrotar o discurso do Outro.
Como bem formulou Roudinesco[13], com o fenômeno da globalização e da economia de mercado que (mesmo de modo enganador) unificou o mundo, produziu-se uma ilusão de universalidade que intensificou a afirmação narcísica dos sujeitos. A autora acredita que há uma busca do Eu de se diferenciar da massa “para melhor se adaptar a ela”. Nesse sentido a diferenciação não se faz por uma singularidade, mas pela ilusão de uma identidade forte pautada em ideais estritamente sociais.
O ideal contemporâneo de singularização, portanto, tem se impregnado não apenas na fala dos analisandos, tampouco no mundo coorporativo, mas em noções psicanalíticas tais como vêm sendo usadas atualmente. Por exemplo, quando Miller[14] propõe que o analisando deve se tornar “capaz” em análise de “isolar o que o diferencia como tal” e dizer “sou isso, que não é legal, que não é como os outros, que não aprovo, mas é isso” o discurso sobre a diferença desliza para o da indiferença. Enquanto a diferença implica uma indeterminação, a indiferença pode implicar uma determinação, a de não se deixar afetar na relação com o outro. Em outro momento do mesmo texto, Miller ainda diz que:
o discurso analítico não reconhece outra norma além da norma singular que se depreende de um sujeito isolado como tal da sociedade. É preciso escolher: o sujeito ou a sociedade. E a análise está do lado do sujeito[15]
Quinet[16] afirma que “a política da causa analítica é a da separação e não a da segregação”. Segundo o autor, a segregação se refere à ação que exclui uma parte do todo, ou seja, o sujeito de um grupo. As pessoas são levadas a ser “independentes” e acabam isoladas, dos outros e de si mesmas, como vemos em diversos casos na clínica, em que o encontro com o outro parece ser aterrorizante, então é preciso sempre superá-lo, ser diferente para ter destaque. Já a separação na psicanálise lacaniana é a operação que “corta com a alienação do sujeito ao Outro do significante”[17] e que parte do sujeito.
Quando positivamos a singularidade, retiramos o potencial de transformação do singular. A singularidade como uma lógica que não produz fechamento diz respeito a um potencial, ou seja, a uma indeterminação que viabiliza a produção de significantes e significações. Mas, em si, a singularidade nada determina. Por meio das teorizações que aproximam singularidade e acontecimento[18], fica evidente que não necessariamente há estabilidade, harmonia e superação como consequências imediatas do efeito da singularidade, pelo contrário, pode haver desencontro. Desencontro com um Outro consistente, ou seja, com um campo de sentido determinado. O singular, portanto, insere a condição faltante do Outro, a fim de que o sujeito possa se separar das amarras de um discurso que apenas o determina.
Por exemplo, outro debate que tem se ampliado nos últimos anos[19], revelou que grande parte do adoecimento e isolamento social das mães foi causado pela naturalização da função de cuidado que sobrecarrega as mulheres há anos. A resposta subjetiva de cada mulher ao trabalho reprodutivo é um jogo de tensionamentos entre o que está dado no campo social como discurso hegemônico sobre maternidade, a história e as vivências daquela mulher em específico. Se o puerpério é nem todo fisiológico, nem todo determinado socialmente, a análise de uma mãe que chega apresentando questões dessa ordem, certamente deve atravessar sua história particular, mas também as opressões e os ideais nos quais ela se vê enredada diante de sua função materna. Badinter[20] indica que, quando o discurso social hegemônico descreveu o amor materno como natural, as subjetividades interpretaram como obrigatório, para todos. Sabemos que esse é o caminho para as mães sentirem-se culpadas e isoladas. Não podemos responsabilizar individualmente as mães pelo sofrimento muitas vezes produzido socialmente, mas, certamente um dos caminhos possíveis de uma análise é o esvaziamento desses ideais hegemônicos ligados ao sofrimento no qual cada uma se enganchou.
Uma análise, portanto, passa por se reconhecer como mulher, como trans, como mãe, como homem, hetero, negra, branca, pobre, rica e, também por se desconhecer e se aventurar a saber mais sobre seu lugar na fantasia, suas vias de satisfação, sobre a história de seus sintomas, de seus familiares etc. Ser sujeito é ser resposta inconclusa de todas essas (in)determinações. Por isso, apesar das demandas de autoestima e autoconhecimento, quem topa esse processo muitas vezes acha difícil até sustentar o verbo “ser” ao longo de uma análise. Talvez, por isso, ainda valha de alguma coisa o termo singularidade que, se bem usada (e nosso objetivo é tentar contribuir para essa possibilidade), tem como estrutura a impossibilidade de subjetivação estanque. A partir do momento que se subjetiva uma singularidade, ela já não mais o é. Além disso, e talvez ainda mais importante, a singularidade como ferramenta para pensar a clínica, está sempre em relação com o universal e o particular. Sempre em relação com o que é meu e do outro, enlaçando o que veio antes de mim e o que virá depois. Por isso, tão fundamental.
O problema da singularidade como pura diferença desarticulada do simbólico
Uma das grandes contribuições lacanianas, segundo Dunker[21], é sua crítica aos ideais normativos e utilitaristas que teriam colonizado a psicanálise de sua época. Se a positivação da singularidade pode nos chamar atenção por meio de uma leitura mais crítica, também incomoda a via rápida que soluciona o problema da singularidade se referindo ao campo do “gozo singular”, que é próprio a cada um, como simples oposição ao campo social/campo da linguagem. Assim, a singularidade como pura diferença desarticulada do simbólico também é um ideal perigoso que orbita as teorias de final de análise e produz outro impasse muito discutido sobre os efeitos clínicos da negativização da singularidade. Questionamos a rápida passagem da teoria à clínica que transforma um estatuto lógico negativo numa característica de ordem subjetiva.
Além disso, a partir do breve estudo sobre a influência do pensamento dialético em Lacan[22], delineamos que o estatuto do negativo em psicanálise não é pura negação, destruição ou segregação. Assim, a singularidade, como elemento lógico que não faz conjunto, não pode ser pensada como a saída do analisando que simplesmente se livra das amarras dos outros e do Outro (que seria uma imaginarização do estatuto lógico negativo da singularidade). Entendemos que tal imaginarização é comum quando queremos encontrar uma solução rápida para as críticas lacanianas sobre as práticas que visam a uma adaptação do analisando ao laço social hegemônico. O tiro sai pela culatra quando a solução desemboca no elogio à independência, ideal corrente na contemporaneidade. O impasse ético é ainda maior dada à valorização da singularidade como objetivo de um fim de análise.
Oneliness é uma palavra inglesa obsoleta que diz respeito ao estar de ser um, singular, só e incontável. A historiadora britânica Fay Bound Alberti recupera o termo em sua biografia da solidão[23]: “Um é o número mais solitário”, diz a autora. Oneliness é anterior ao termo loneliness, que só surgiu em inglês, por volta de 1800. Não era impregnado do sentido de carência emocional. Estava mais próximo à ideia de solitude, de um espaço solitário necessário para a reflexão e contato com Deus. Os séculos varreram o precioso termo oneliness e sua relação íntima com a ideia de singularidade incontável e nos trouxeram a epidemia da solidão, como sentimento de mal-estar e desconexão social. Alberti indica que se a solidão é uma epidemia moderna, então suas causas também são modernas. Se, por um lado, a modernidade possibilitou que os sujeitos se vissem como um separado do coletivo (e a psicanálise só pôde surgir a partir desse momento). As sociedades ocidentais, cada vem mais individualistas, têm ido no sentido da separação à quase ruptura dos sujeitos com as dinâmicas coletivas. Se a modernidade viabilizou a ideia de sermos um, a contemporaneidade intensificou um processo de segregação e isolamento do sujeito. Que arcabouço teórico nos ajudaria a pensar a singularidade próxima à ideia de solitude/separação, sem resvalar para a de segregação? Como sustentar a ideia de singularidade na lógica do sujeito e que, ao mesmo tempo resista ao indivíduo desagregado do laço?
É importante frisar que, estruturalmente, a singularidade está sempre articulada ao simbólico, à linguagem e ao laço social. Nessa linha de raciocínio, encontramos textos de autores que nos ajudaram num tratamento mais cuidadoso dessa temática, a saber:
Convém mais uma observação sobre o termo ‘sujeito’, que se refere ao que costumamos chamar de ‘singularidade do sujeito’. O que vem a ser esse ‘singular’?
A primeira acepção do termo, mais corrente, é a de único, peculiar e exclusivo. Podemos pensá-lo também como um conjunto de fatores num arranjo único, isto é, o que dá a singularidade não é a unidade e sim um composto de fatores estruturais e acidentais que constituem um momento e mesmo uma trajetória do sujeito. O singular pode ainda remeter-se à situação mais do que ao sujeito. As situações que se apresentam são singulares porque, previsíveis ou não, lançam todos e cada um ao trabalho de dar novo sentido, modificar ou simplesmente suportar seus efeitos.[24]
A singularidade que nos interessa, portanto, não é uma resposta à castração, simplesmente porque ela não é uma resposta do sujeito, e sim uma noção operativa para a clínica, pois nos ajuda a circunscrever na escuta como o analisando se posiciona diante das contradições entre seus sintomas, suas experiências de indeterminação, de não assujeitamento e os discursos sociais que o envolvem.
Alemán[25] também entende que a singularidade do sujeito descrita por Lacan resulta do fato de que ao se constituir no campo do Outro, seu modo de emergência é tal que se faz impossível um sujeito se estabelecer de forma estável e definida. Alemán ressalta que o campo coletivo emerge ontologicamente fraturado, nas mesmas condições do sujeito. Assim, pensar no que é comum a todos também implica incluir a instabilidade, a fratura e a incompletude do campo social. O comum não é o discurso homogêneo, nem o hegemônico e, portanto, dialoga com as singularidades.
Há também em Erik Porge[26] uma proposta de se pensar algo da dimensão da singularidade num campo social por meio da noção de estilo, sempre pautado pelo endereçamento ao Outro. Askofaré também está conosco quando sustenta que “um fim de análise não pode ser concebido como uma desidentificação total do sujeito”[27].
Nesse sentido, muitos autores importantes estão atentos ao problema da contraposição binária entre a singularidade e o Outro. Hook[28], por exemplo, afirma que o Outro escancara o fim da fronteira entre mundo interno e externo na teoria de Lacan, pois o Outro é ao mesmo tempo discurso do inconsciente e tesouro dos significantes (lugar da linguagem). Abolir o Outro na abordagem da singularidade seria separar o que é do indivíduo do que é do social.
Quando o ideal de singularização une negação do coletivo e inovadorismo individual, produzimos um esmagamento do sujeito disfarçado de busca por autonomia. Quando a valorização do estilo de cada um torna-se uma narrativa uniformizada sobre desenvolvimento de atributos individuais, perdemos a singularidade e voltamos a uma lógica fálica de controle de si. A singularidade se dá sempre no coletivo pois participa, como vimos com Alemán, do que é da ordem do comum, que é a condição possível para haver diversidade.
Notas sobre a importância do estatuto dialético da singularidade na clínica
O primeiro ponto é que no estudo sobre a dialética, deparamos com diversas modalidades de negação; nem sempre a negação é exclusão (desarticulação), mas pode ser oposição, contradição, como também inclusão, suspensão e elevação. O segundo é que polos contrários coexistem na síntese dialética, eles são ao mesmo tempo falsos e verdadeiros. O terceiro é que a verdade nesse método de pensamento vai além das parcialidades da tese e da antítese (pensamento dualista). O quarto é que a relação de contrariedade dos conceitos se produz a posteriori, sob influência de aspectos contingenciais da linguagem e da história. Dessa forma, os contrários não são aprioristicamente contrários. E, por fim, que por serem relações contextuais, esse jogo de opostos coloca em cena sistemas abertos e concretos, qual seja, branco e preto são contrários em contextos específicos.
Um jogo de opostos com a noção de singularidade em psicanálise seria algo como:
TESE: UNIVERSAL
ANTÍTESE: PARTICULAR
SÍNTESE: SINGULAR
Se esse for o jogo, estamos opondo o universal e o particular, assim como diríamos que o contrário do todo pode ser a parte. A síntese, o singular, nega o todo e a parte, mas também afirma. Afirma no sentido que inclui, faz coexistir. O singular é a afirmação e a negação do universal e do particular. Ele é o movimento entre os dois. O singular não resolve, não unifica, tampouco estabiliza a interação entre universal e particular, mas, pelo contrário, coloca-os em tensionamento.
O jogo dialético entre universal, particular e singular é contextual, a depender da linguagem, da história e das contingências. Portanto, universal, particular e singular serão distintos para cada pessoa. O singular não é nem todo o infinito de significantes, nem aquelas articulações que determinaram sua subjetividade. Mas, ao mesmo tempo, a singularidade é o movimento entre a possibilidade infinita dos significantes e as articulações que a experiência subjetiva realiza. Nesse sentido, a síntese singular, numa lógica dialética, não unifica nem dá consistência subjetiva, mas tensiona a identidade com a estrutura de linguagem, que é aberta.
Por ser um jogo de opostos contrários e não contraditórios, a singularidade é síntese de uma contrariedade contextualizada. Como assim? Quando opomos Ser e Nada, num jogo dialético, estamos afirmando que é falsa a tese de que todas as coisas sejam puro Ser, como também a antítese de que todas as coisas sejam apenas puro Nada[29]. Trata-se de uma articulação entre os dois.
O jogo dialético não abarca todas as coisas, não é um sistema completo. Portanto, a separação não é pura separação, ou pura indeterminação, desarticulação do simbólico, mas ela é contrária ao que está sendo colocado como alienação. A alienação também não é pura determinação, mas trata da vertente influenciável do ser. Podemos pensar que a singularidade colocaria em jogo para o sujeito o tensionamento de uma determinada identidade alienante com o seu negativo. Não se trata de uma separação “completa” e sim uma separação determinada. Nesse sentido, falar em singularidade numa direção do tratamento seria considerar uma dialetização entre as determinações e a indeterminação do sujeito. A separação colocada como negação da alienação num movimento dialético, não simplesmente elimina as determinações alienantes, mas as contraria e as coloca em movimento, por meio de seu caráter dissolutivo. A singularidade seria o nome da síntese que tensiona os dois polos, de alguma forma diria respeito à plasticidade do sujeito em seu movimento entre alienação e separação.
Após esse trabalho de construção de como a singularidade se apresenta no texto lacaniano, percebemos que operar com a singularidade nos termos lógicos em que Lacan a colocou é estar sempre avisados da impossibilidade de adaptação total do Eu à realidade. Assim, operar com uma lógica de não universalização é não esquecer da dimensão pulsional do sujeito, tampouco se perder numa direção do tratamento que force inutilmente um recalque da pulsão. Operar com a singularidade numa direção do tratamento vai ao encontro da importância ética que Lacan realça de se preservar o indizível ainda que o sujeito esteja referenciado pelo simbólico e imaginário.
Uma análise não é um processo de buscar satisfação e evitar a frustração, tampouco um elogio às liberdades individuais. Não há satisfação total da pulsão, mas diante da sua inexorabilidade, há que se encontrar um meio de encaminhá-la. Por isso, se fez tão presente a problemática ética própria das formulações em que a singularidade prescinde do Outro. Se o singular está numa relação de indeterminação com o social e com a linguagem, a questão para o sujeito é como se haver com essa inconsistência no laço social e não como se isolar numa espécie de “autorrealização” e fuga do conflito. A direção do tratamento analítica não é uma autorrealização nem uma individuação, tampouco uma “singularização” em nível subjetivo, que nos levaria a pensar, equivocadamente, numa singularidade essencialista, que se define por ser livre das determinações do Outro. Tratar-se-ia da ilusão de uma identidade diferenciada pautada em ideais estritamente sociais.
Não há paradigma para singularidade, pois seus efeitos estão vinculados ao contexto envolvido. Assim, o que é singular para um analisando não necessariamente o é para outro; do mesmo modo, depende da especificidade de cada língua e da posição no laço social de cada um o que será considerado como produção singular (que transforma o que está enrijecido). As invenções significantes dos analisandos decorrem do contexto social e das regras linguísticas, ainda que essas nem sempre sejam totalmente estáveis.
Afinal, que singularidade nos interessa?
Afirmar que a singularidade é um critério de cura analítica nos leva a pensar mais numa direção do analisando do que numa direção do tratamento. A “busca da singularidade” não pode ser receita de tratamento, em primeiro lugar, porque não há de antemão qualquer receita clínica num tratamento analítico e, em segundo, porque a singularidade não é em psicanálise algo em si, uma característica ou uma identidade. A singularidade é um operador lógico que pode sim ter estatuto ético para uma direção do tratamento. Pode ainda, de um ponto de vista fenomenológico, presentificar-se como impasse e enigma num processo analítico, na medida em que atue como abertura em relação à fala consciente e coerente de um analisando. É por isso que não se trata de uma solução do fim da análise, i.e., de um objetivo almejado para o analisando que lhe traria estabilidade. A singularidade é meio de tratamento e não fim.
A clínica revela como a redução do sofrimento é muito mais possível por meio da conquista de condições de pertencimento, de uma vida comum, do que pelo reconhecimento de uma posição de destaque diante dos outros. Por isso, a causa analítica está em constante diálogo com as lutas sociais. A singularidade ainda pode ser vantajosa para a psicanálise lacaniana, se possuir operatividade ética e política na clínica. Ela não pode estar à serviço dos bens, pois sua função compreende tanto o impossível do real quanto a possibilidade da contingência. Nesse sentido, se a lógica do não-todo coloca em jogo as indeterminações e o registro pulsional que abalam o que aparece como estabilidade subjetiva, ela também viabiliza que formas diversas de subjetivação e satisfação coexistam, num laço aberto e comum. ♦
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SOLER, Colette (1993) Variáveis do fim de análise. Trad. Angelina Harari. Campinas: Papirus, 1995.
TANIS, Bernardo (2003) Circuitos da solidão: entre a clínica e a cultura. São Paulo: Casa do Psicólogo/FAPESP.
TATIT, Isabel (2012) Do discurso de isolamento a uma experiência de solidão. Dissertação de mestrado em Psicologia Social – PUCSP. São Paulo.
TATIT, Isabel (2016) “Equívoco e acontecimento”. In: A noção de singularidade na psicanálise lacaniana aspectos teóricos, clínicos e sociais. [Tese de doutoramento, Instituto de Psicologia – USP], pp. 152-161.
TATIT, Isabel (2016) “Notas sobre a influência da dialética e da lógica formal”. In: A noção de singularidade na psicanálise lacaniana aspectos teóricos, clínicos e sociais. [Tese de doutoramento, Instituto de Psicologia – USP], pp. 105-142.
ZYGOURIS, Radmila (2010) Por uma psicanálise laica. Trad. Andréa Carvalho e Danielle M. Breyton, Percurso 45, ano XXIII. Disponível em: <revistapercurso.com.br/index.php?apg=artigo_view&ida=138&ori=edicao&id_edicao=45>. Consultado em: 29/09/2023.
* Isabel Tatit é psicóloga e psicanalista. Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP e doutora em Psicologia Clínica pela USP. E-mail: i_tatit@hotmail.com
[1] Ambos orientados pela Profa. Dra. Miriam Debieux Rosa, na PUC-SP e na USP, respectivamente.
[2] Sobre a crítica aos ideais de autonomia e independência em Lacan conferir em LACAN, Jacques (1958). “A direção do tratamento e os princípios de seu poder”. Trad. Vera Ribeiro. In: Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 2008, pp 591-652.
[3] SOLER, Colette (1993) Variáveis do fim de análise. Trad. Angelina Harari. Campinas: Papirus, 1995, pp. 34.
[4] Como é o caso do trabalho de Lélia González, por exemplo, quando pensa o racismo como sintoma e neurose cultural brasileira, ver em GONZÁLEZ, Lélia (1984) “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. In: RIOS, Flávia; LIMA, Márcia (orgs.) Por um feminismo afro-latino americano, São Paulo: Zahar, 2020; pp. 75-93.
[5] ROSA, Miriam Debieux (2002) Adolescência: da Cena Familiar à Cena Social. Psicologia USP, São Paulo, vol. 13, n. 2, pp. 227-241.
[6] FERRARI, Ilka Franco (2008) A realidade social e os sujeitos solitários. Ágora, Rio de Janeiro, vol. 11, n. 1.
[7] TANIS, Bernardo (2003) Circuitos da solidão: entre a clínica e a cultura. São Paulo: Casa do Psicólogo/FAPESP
[8] KATZ, Chaim (1996) O coração distante: ensaio sobre a solidão positiva. Rio de Janeiro: Revan.
[9] CACIOPPO, John Terrence; PATRICK, William (2008) Solidão. Trad. Julián Fuks. Rio de Janeiro: Record, 2010.
[10] TATIT, Isabel (2012) Do discurso de isolamento a uma experiência de solidão. Dissertação de mestrado em Psicologia Social – PUCSP. São Paulo.
[11] ZYGOURIS, Radmila (2010) Por uma psicanálise laica. Trad. Andréa Carvalho e Danielle M. Breyton, Percurso 45, ano XXIII.
[12] ERICKSON, Dan; STILLER, Ben; MCARDLE, Aoife (2022) Ruptura (Severence). Produção de Adam Scott et al. Apple TV +, 1 temporada, 9 episódios.
[13] ROUDINESCO, Elisabeth (2001) A análise e o arquivo. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
[14] MILLER, Jacques-Alain (2008) Coisas de fineza em psicanálise. Trad. Vera Avellar Ribeiro. Orientação lacaniana III, 11, pp. 22.
[15] MILLER, Jacques-Alain (2008) Coisas de fineza em psicanálise. Trad. Vera Avellar Ribeiro. Orientação lacaniana III, 11, pp. 20.
[16] QUINET, Antonio (2009) A estranheza da psicanálise: a Escola de Lacan e seus analistas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.
[17] MILLER, Jacques-Alain (2008) Coisas de fineza em psicanálise. Trad. Vera Avellar Ribeiro. Orientação lacaniana III, 11, pp. 39.
[18] TATIT, Isabel (2016) “Equívoco e acontecimento”. In: A noção de singularidade na psicanálise lacaniana aspectos teóricos, clínicos e sociais. [Tese de doutoramento, Instituto de Psicologia – USP], pp. 152-161.
[19] Sobre o tema, ver IACONELLI, Vera (2023). Manifesto antimaternalista: Psicanálise e políticas da reprodução. Rio de Janeiro: Zahar.
[20] BADINTER, Elisabeth (1980). Um amor conquistado: o mito do amor materno. Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
[21] DUNKER, Christian Ingo Lenz (1998) “Crítica da ideologia estética em psicanálise: um estudo sobre o fim de análise”. In: CARONE, Iray. Psicanálise fim de século – ensaios críticos. São Paulo: Hacker editores; pp. 57-87.
[22] TATIT, Isabel (2016) “Notas sobre a influência da dialética e da lógica formal”. In: A noção de singularidade na psicanálise lacaniana aspectos teóricos, clínicos e sociais. [Tese de doutoramento, Instituto de Psicologia – USP], pp. 105-142.
[23] ALBERTI, Fay Bound (2019) A biography of loneliness – the History of an Emotion. Oxford: Oxford Press.
[24]FIGUEIREDO, Ana Cristina. Uma proposta da psicanálise para o trabalho em equipe na atenção psicossocial. Mental [online]. vol. 3, n. 5, pp. 43-55, 2005.
[25] ALEMÁN, Jorge (2012). Soledad: común. Políticas em Lacan. Buenos Aires: Capital Intelectual.
[26] PORGE, Érick (2009) Transmitir a clínica psicanalítica: Freud, Lacan, hoje. Trad. Viviane Veras e Paulo de Souza. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
[27] ASKOFARÉ, Sidi (2006). A identificação com o sintoma. Stylus. Rio de Janeiro, n. 13, pp. 27-44.
[28] HOOK, Derek (2008) Absolute other: Lacan´s ‘big Other’ as adjunct to critical social psychological analysis?. Social and personality psychology compass. 2/1, pp. 51-73.
[29] Ver em CIRNE-LIMA, Carlos Roberto Velho (1996). Dialética para principiantes. 3 ed. São Leopoldo: Editora da Unisinos, 2002, pp. 135.
COMO CITAR ESTE ARTIGO | TATIT, Isabel (2023) O ideal de singularização na direção do tratamento. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -15, p. 1, 2023. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2023/12/22/n-15-01/>.