Desafios da psicanálise nas instituições de saúde: cloroquina da esquerda, mágica ou refúgio

por Mayra Moreira Xavier Castellani

Entre tapas e beijos: da crítica ao reconhecimento

Em 11 de setembro desse ano, o humorista e escritor Gegório Duvivier dedicou um episódio de seu famoso programa Greg News, veiculado pelo canal HBO com alcance nacional, para abordar a temática da psicanálise[1]. Durante quase trinta minutos ele constrói um roteiro cômico, questionador e informativo sobre questões bem atuais que envolvem a psicanálise e sua prática clínica, passando por pontos que tiveram, de um lado, uma forte repercussão positiva e elogiosa, indicando a relevância social e cultural da psicanálise e, de outro, uma ferrenha desqualificação, sustentada por diversos comentários representando, praticamente, a invalidação de um saber.

Gregório inicia trazendo um assunto extremamente indispensável para o campo da saúde mental: o aumento de casos de depressão durante os últimos anos. E não foram quaisquer anos, lembremos que eles foram atravessados pela pandemia de Covid-19 e pelo governo Bolsonaro. O humorista desenvolve uma crítica política e farmacológica aos abusos dos medicamentos psiquiátricos e ao reinado extremamente lucrativo da indústria farmacêutica, salientando um Brasil mais medicado do que nunca, com alicerces em uma ciência positivista.

Nesse contexto, se refere ao polêmico livro recém-publicado de Natalia Pasternak e Carlos Orsi “Que Bobagem!”, que situa a psicanálise no rol das pseudociências ou do charlatanismo, e coloca em xeque sua eficácia no tratamento do sofrimento mental. O episódio, provavelmente construído não só a partir de informações teóricas, mas também a partir da experiência com o processo analítico sentida na pele, ou melhor, na fala e na transmutação do sofrimento do próprio Gregório e de pessoas à sua volta, parece ser a elaboração de uma resposta bem direcionada em defesa da psicanálise frente às ladainhas que se dizem representantes de uma “verdadeira” ciência sustentadas no livro. Gregório enfatiza a importância do papel de Freud na história com a descoberta de que só a biologia e o corpo orgânico não dão conta da complexidade dos fenômenos mentais e que a existência do inconsciente muda o rumo da humanidade e o olhar para o sofrimento.

Bom, a ideia no presente texto não é adentrar ao acontecimento da publicação do livro citado, como já feito por diversos psicanalistas nos últimos meses, enfatizando as repercussões em relação às (im)possibilidades da prática da psicanálise, e arquitetando um posicionamento em um debate a respeito das questões epistemológicas e das vicissitudes científicas do saber psicanalítico. O objetivo aqui é considerar outro ponto polêmico da apresentação de Gregório, que se articula com a defesa da prática da psicanálise, quando ele profere que existe uma discussão primordial a ser feita: a de que a psicanálise é pouco acessível nos dias de hoje, de que não existe no SUS – Sistema Único de Saúde brasileiro – um sistema amplo e difundido de atendimento psicanalítico à população. Em suas palavras “o fato é que, muito mais importante do que discutir se a psicanálise é ou não ciência, é discutir porque ela ainda é tão pouco acessível. Esse sim é o problema fundamental”.

Podemos encarar essa afirmação por vários ângulos. Um deles é do imaginário que ainda reina socialmente, ratificando o antigo e conhecido pensamento de que o tratamento psicanalítico somente tem lugar entre a elite, que paga (bem) para se deitar no divã de um consultório particular. Essa realidade que vem sendo muito combatida, por exemplo, com a entrada de psicanalistas em diversas instituições públicas, e com a construção de inúmeros serviços que oferecem a possibilidade de seguir um tratamento psicanalítico a baixo custo, ou a valores “simbólicos”.

Outro viés dessa questão, revela uma forte indignação por parte dos críticos ferrenhos ao método psicanalítico, inclusive representada por inúmeros comentários de um post no Instagram do Greg News[2]. Neste, ocorreu o maior número de manifestações, no qual tanto psicólogos não simpatizantes com a psicanálise, quanto pessoas no geral, se mostraram raivosas com a proposta de Gregório sobre a acessibilidade da psicanálise. Na visão deles, a psicanálise seria a “cloroquina da esquerda”, um método sem nenhuma evidência de eficácia, ou com nenhuma comprovação científica. Portanto, há o julgamento de que a psicanálise deveria ficar à milhas de distância de qualquer cuidado no âmbito da saúde pública.

Em relação a esse ponto, vale defendermos que não precisa haver uma disputa de poder entre a psicanálise e as psicologias, das diversas vertentes epistemológicas, como se houvesse lugar apenas para uma possibilidade de escuta, um tipo de cuidado e uma maneira de entender o sofrimento humano. Nos parece um posicionamento imaturo, através de um movimento competitivo sobre qual seria o melhor método de tratamento, excluindo quase em uma lógica do cancelamento, que aquilo que não faz parte da dita superior e única ciência verdadeira, tem que ser eliminado da face da terra.

Na mesma linha desse argumento do questionamento científico, mas uma outra face da crítica, existe a alegação de que uma vez que a psicanálise não é regulamentada enquanto profissão, não pode e não deve adentrar os muros do SUS. Entretanto, ela já está ali instalada, há muitos anos, e produz efeitos extremamente positivos na diminuição do sofrimento psíquico, não somente entre os pacientes, mas também entre as equipes multiprofissionais. O interesse aqui é nos deter com mais detalhes nesse cenário, fazendo uma recuperação histórica e uma contextualização da prática da psicanálise no âmbito das instituições de saúde, sobretudo aquela que impera no recorte hospitalar, mostrando o reconhecimento dos efeitos legítimos de uma prática por atores que são atravessados por ela em seu cotidiano.

Temos a realidade estabelecida da presença do psicanalista nas instituições de saúde nos dias de hoje, situação que em um passado próximo não podíamos contar como uma verdade, presença essa representada pela categoria dos psicólogos hospitalares. A partir do momento que a OMS define, em 1948, “Saúde” com um novo paradigma biopsicossocial, como “o estado do mais completo bem estar físico, mental e social, e não só a ausência de doença”[3], outras áreas de saber consideradas ativas no bem estar do indivíduo adentram a porta das instituições de saúde compondo as equipes multiprofissionais.

No Brasil, com a implantação do SUS em 1988, um maior número de psicólogos é contratado nos hospitais e se define a necessidade da presença dessa categoria profissional para o cuidado do doente no Hospital. Essa presença é atestada pela demanda do médico, que não possuindo o saber psicológico, direciona a ele uma demanda de saber. Nesse sentido, portanto, é pela metamorfose do conceito de saúde, mesmo que ele não seja exatamente aquele com o qual a psicanálise trabalha, e com a criação do SUS, que aparece a possibilidade de que psicanalistas construam suas trajetórias nas instituições de saúde.

Vale lembrar que para Freud[4] as noções de inconsciente, transferência e resistência, devem ser consideradas fundamentais para uma prática ser psicanalítica. Com essa ideia, ele desejava a inserção dos psicanalistas em diferentes contextos, carregando consigo seus fundamentos. E, acreditando no mesmo propósito freudiano, Lacan em seu “Seminário 11, os quatro conceitos fundamentais da psicanálise”[5], atualiza essa concepção, sugerindo uma base fundamental composta pelos conceitos inconsciente, repetição, transferência e pulsão. Em vista disso, podemos refletir que se o caráter da prática psicanalítica está em sustentar a referência aos conceitos fundamentais, já que eles garantem a ética da psicanálise e sua especificidade em relação à subjetividade, não importa onde o psicanalista estiver, inclusive em uma cena hospitalar, na qual o dito “setting” se mostra tão singular, tais conceitos irão servir como orientadores teóricos rigorosos, possibilitando a ampliação do campo de atuação do psicanalista.

No entanto, o lugar do psicanalista nessas instituições não é garantido por um contrato de trabalho CLT de um psicólogo hospitalar, ou por um concurso público que disponibilize uma vaga na equipe, uma vez que o edital ou o processo de contratação demanda um psicólogo clínico com diploma em mãos e de uma universidade reconhecida pelo MEC (Ministério da Educação) – pode até ser especificado que o psicólogo deve ter “orientação” psicanalítica, mas nunca ser um psicanalista sem ser psicólogo. Portanto, seu lugar é um lugar psíquico, como nos diz Moretto[6], sustentado por um discurso, o discurso analítico, que é passível de construção em um tecido de relações. Tanto a construção desse lugar, quanto a sustentação desse discurso vão depender muito mais da figura do psicanalista do que da psicanálise por si só.

Assim, permanece sendo indispensável um processo de dedicação cotidiana para a garantia da inserção do psicanalista como membro das equipes multidisciplinares de saúde, pois sabemos que as portas do hospital, ou de qualquer instituição de saúde, estarem abertas para o psicanalista não significa que ele esteja de fato inserido na instituição, ou seja, se essa entrada pode ser considerada uma realidade, a inserção continua sendo um processo, uma insistência. Diante disso, o psicanalista enfrentará novos e importantes desafios para realizar seu trabalho, pois ele percebe-se de fato inserido quando sua fala produz efeitos nas relações entre a equipe multidisciplinar, que serão atravessadas pela transferência de saber. Porque é na experiencia de cada dia, de cada encontro entre profissionais, pacientes e familiares, de cada olhar, de cada pedido, de cada diálogo, de cada troca, da abertura para a singularidade, tanto no cuidado clínico quanto nas reuniões de equipe, todos os dias, que o psicanalista construirá sua resposta e sustentará seu lugar na cena hospitalar. Portanto, falar em inserção também é falar dos efeitos que o discurso analítico produz nas tramas da instituição de saúde.

Nesse sentido, para nos debruçarmos sobre os efeitos e a diferença que o trabalho do psicanalista produz na condução dos casos e na resolução de situações-problema no interior da instituição, ou seja, sobre as contribuições da Psicanálise à área da Saúde, precisamos nos deter na reflexão crítica de um momento anterior, a saber, das demandas que são endereçadas ao psicanalista no hospital. Essa etapa é essencial, pois é só a partir desse primeiro contato, desse convite para um trabalho em equipe com diversos olhares se engajando nas práticas de cuidado, que a relação multiprofissional, atravessada pela transferência de saber, pode se estabelecer e o psicanalista é contado como mais um, isto é, mais um lugar fundamental para o cuidado em saúde.

“Parece mágica!”[7]

Apresentarei abaixo uma vinheta clínica, ou seja, um recorte de uma intervenção do psicanalista nas vertentes clínica, institucional e de formação referente ao seu trabalho no hospital, com o objetivo de sustentar e exemplificar o raciocínio teórico aqui desenvolvido.

Era uma sexta feira conturbada no Hospital Universitário da USP, pois o sistema de informática responsável por possibilitar pedidos de interconsulta entre as distintas especialidades e exames, interligando os computadores do hospital, havia sido hackeado e estava fora do ar. Era impossível o acesso aos pedidos para atendimento psicológico de cada andar da internação. Diante desse cenário, uma enfermeira, vendo a estagiária da equipe de psicologia atravessando a ala da enfermaria pediátrica, a interpela com um pedido desesperado: “vocês precisam atender o paciente E., pelo amor de Deus”. A aluna, que estava no andar para fazer o seguimento de um outro paciente, informa ao grupo de psicanalistas de plantão naquele turno a solicitação da enfermeira.

O pedido foi escrito e trazia as seguintes informações: “Paciente internado há 3 semanas, submetido a diversos procedimentos e idas e vindas a UTI, com risco de óbito durante a internação (atualmente estável). Encontra-se bastante desanimado, mais agressivo, com insônia associada. Sugerimos atendimento psicológico para esse momento”. Logo em seguida, dois alunos subiram ao andar para responder ao pedido, mas não sem antes entender melhor com a enfermeira solicitante a real situação do caso. Ela aparentava estar muito preocupada e triste diante da evolução do caso de E., um adolescente de 15 anos, que deu entrada no pronto socorro com uma apendicite comum que evoluiu para uma infecção generalizada, sem regressão. A equipe multiprofissional testemunhava a piora do quadro clínico de E., sem conseguir entender as razões orgânicas para isso, e o mantinha internado para realização de diversos exames, fato que deixava o pai muito irritado, tecendo acusações de que a equipe “não tinha coração” por submeter E. a tantos procedimentos.

Enquanto os alunos conversavam e acolhiam a enfermeira, o paciente sai do quarto sendo empurrado pelo pai em uma cadeira de rodas. A cena mobilizou os alunos e a enfermeira, estampando a gravidade do quadro. Neste momento, a enfermeira comentou: “estão vendo? Mesmo sem indicação médica para a cadeira de rodas, o garoto pediu… parece que está desistindo… não há nada físico que o impeça de andar”. Essa hipótese da enfermeira de que parecia que E. estava desistindo não era qualquer coisa, indicava seu envolvimento emocional com o caso, e foi bem escutada pelos alunos, que asseguraram que iriam cuidar do paciente.

Foram, então, naquele dia, realizados atendimentos psicanalíticos ao paciente E. e a seu pai, que também aceitou e se apropriou do espaço, pelo estagiário e pela estagiária, respectivamente, que tinham conversado com a enfermeira no pedido de socorro.

E. se pôs a falar como estava frustrado e com raiva da rotina do hospital: “Ninguém me deixa em paz”. Queixou-se da longa internação, da dúvida dos médicos em ralação ao que estava acontecendo com seu corpo e de se sentir o tempo todo invadido e manipulado sem explicações, além da dor que não ia embora. Ao ser questionado de como estava sendo seu convívio com o pai que o acompanhava, ele diz que seu pai não fala nada, guarda seus incômodos para si, é muito fechado. Finalizou dizendo: “E o pior que eu puxei ele”, achava que não tinha ninguém para conversar sobre seus sentimentos e frustrações. Essa identificação com o pai fez eco na escuta do aluno, que se mostrou disponível para oferecer o espaço de escuta ao paciente, enquanto ele estivesse internado.

Ao mesmo tempo, acontecia o atendimento com o pai de E. que proferiu uma fala parecida com a do filho: também estava frustrado e impotente, diante da vivência em relação a situação da internação, principalmente porque E. era incomodado todo o tempo pela equipe para a realização de diversos procedimentos e exames. O pai, igualmente, expôs o tema da identificação de seu filho com ele mesmo, assunto que gerava inquietação ao pai e era visto de forma negativa, pois ele mesmo se via como incapaz, fraco, impotente, covarde, raivoso e desanimado, não querendo o desenvolvimento dessas características no filho. Ele aprofundou temáticas de sua história familiar e de vínculos afetivos, questionando seu lugar nessas cenas, que convocam estratégias emocionais diante de possíveis perdas e o seu jeito de se fazer presente.

Na semana seguinte, antes dos alunos voltarem para dar seguimento ao caso, a equipe multidisciplinar fez nova solicitação, enfatizando que o paciente teve uma melhora importante depois do atendimento psicanalítico e que entendiam a relevância de uma continuidade da presença da equipe de psicologia na condução da situação clínica. Nesse contexto, um médico abordou o psicólogo e disse que “seja lá o que vocês fizeram funcionou muito. Parece mágica!”

Mágica? É isso que faz um psicanalista? A teoria e a clínica psicanalítica estão aí para mostrar que a resposta a essa questão é negativa, não se trata de truques e técnicas ilusionistas, trata-se de apostar e sustentar um método de tratamento.

No caso acima, podemos analisar que a identificação evidente entre filho e pai, explícita nos discursos de ambos, tange a alternância entre lugares subjetivos de força/fraqueza ou de potência/impotência. Esses pares alternados marcam uma divisão diante de uma lógica simbólica na vivência de conflitos na história de cada um e E., naquele tempo da internação hospitalar, estava completamente identificado com o lugar de fraco. Assim, uma cena sintomática familiar inconsciente se reproduziu no hospital, para o desespero da equipe de saúde responsável pelo cuidado do paciente.

A hipótese para a mudança “abrupta” da posição subjetiva de E. diante de sua convalescença tem a ver com a entrada do psicanalista no caso e não na cena sintomática, possibilitando um reendereçamento dos conflitos psíquicos, movimentando a engrenagem da transferência e da repetição, já que a clínica psicanalítica só se estabelece a partir da transferência. E. e seu pai puderam revisitar suas posições subjetivas, direcionando ao psicanalista um sofrimento que antes não tinha interlocutor, que perdurava em silêncio, questionando suas estratégias de resposta diante das vivências de frustração e fazendo os significantes forte/fraco deslizar.

Onde tem sofrimento, pode ter psicanalista…

Normalmente, os pedidos direcionados ao psicanalista evocam as problemáticas frente ao sofrimento e à subjetividade, ou ao que tange os laços entre os dois. As equipes de saúde recorrem ao psicanalista e às suas intervenções quando são confrontadas pelo desafio de manejar as dificuldades do caso a caso, de situações nas quais o sofrimento atravessa o cenário institucional, podendo se tratar do sofrimento do paciente e de seus familiares, mas também do sofrimento dos membros da equipe multidisciplinar. Portanto, aí está a justificativa principal, antes de qualquer outra, da presença do psicanalista nas instituições de saúde: a presença do sofrimento, como salienta Moretto[8].

Mobilizados pela perspectiva lacaniana de que diante da psicose não se deve recuar de modo algum, podemos defender que também não se deve recuar diante do sofrimento e nem da oportunidade de lutar por uma clínica psicanalítica no hospital, ou seja, a equipe de saúde não deve pensar que há uma impossibilidade ou um impedimento de condução do caso. O sofrimento deve ser escutado atentamente e reconhecido para ser tratado, uma vez que seu tratamento pode implicar de forma decisiva nas condutas e decisões frente o adoecimento.

É possível abordar a questão do sofrimento nas instituições de saúde, principalmente, através de dois caminhos, que se atravessam e intercruzam: por um lado a escuta do paciente e sua família; por outro as experiências da equipe multiprofissional. Nesse sentido, Castellani & Moretto[9] defendem que o sofrimento vai estar, necessariamente, atrelado às vicissitudes do adoecimento e às repercussões subjetivas para aqueles que o vivenciam ou que cuidam dele.

Podemos reconhecer que são inúmeras as vivências na instituição de saúde que promovem o aparecer do sofrimento. Do lado dos pacientes, principalmente, por se colocarem como objeto dos saberes para o cuidado, e, lado dos profissionais, por se verem convocados a encontrar saídas e repostas no seu dia a dia para práxis clínica e institucional. De fato, a presença do contato com o sofrimento intenso, com a angústia, produz a necessidade de reflexão, de nomeação e de construção de estratégias. Como, então, enxergar um passo possível para o cuidado do sofrimento nesse contexto?

Antes de tudo, devemos estar advertidos da proposta de Moretto, na qual a psicanálise nas instituições de saúde se afirmará em três vertentes, necessariamente interligadas, que também serão campo do possível aparecimento do sofrimento: a vertente clínica, a vertente institucional e a vertente da formação de profissionais. Em uma breve descrição, entende-se por vertente clínica, a experiência do cuidado em psicanálise por meio do trabalho do psicanalista na abordagem do sofrimento de pacientes e/ou seus familiares; por vertente institucional, a mesma experiência do cuidado em psicanálise propondo uma interlocução do trabalho do psicanalista com os demais campos do saber, considerando o modo pelo qual os profissionais de saúde abordam o sofrimento nas instituições; e pela vertente da formação dos profissionais de saúde, sustenta-se a experiência do cuidado quando o trabalho do psicanalista se propõe a refletir sobre as dificuldades dos profissionais e analisar os efeitos da formação na mudança de posição subjetiva do profissional diante sofrimento.

É razoável pensarmos que uma alternativa inicial para o cuidado do sofrimento é considerarmos a operação de compreensão de que se trata tal fenômeno, despertando uma importante diferenciação entre sofrimento, sintoma e mal-estar, pois tais conceitos, para a psicanálise, não se equivalem necessariamente. Isso se mostra como um exercício de caracterização teórica fundamental para a decisão dos manejos das diferentes categorias de profissionais de saúde, e não só do psicanalista, tanto diante do paciente e sua família, quanto dos impasses institucionais. Elucidar essa problemática pode evitar o risco de cairmos e nos aprisionarmos em dois extremos: ou a patologização do sofrimento ou um não reconhecimento deste. Ambas as posições causam impactos na abordagem clínica do sofrimento e na lógica do cuidado em saúde.

Para Dunker[10], “sofrimento não é sintoma, e sintoma não é mal-estar. Há sintomas que parecem absolutamente imunes ao sofrimento […]. Por outro lado, há formas de sofrimento que parecem continuamente à espreita de um nome que enfim as capturará”. Em outras palavras, um mal-estar pode ou não se transformar em sofrimento e um sujeito pode ou não sofrer de seu sintoma, isso por si só já reforça a diferença entre eles, mas ao colocarmos o sofrimento em um lugar subjetivo estruturalmente central, nos deparamos com a questão primordial “de que esse sujeito sofre?”, que se define como passo inicial para as decisões frente ao cuidado subjetivo. Com esse foco, estaremos alertas em identificar quando um mal-estar se metamorfoseia em sofrimento e perderemos menos tempo e esforço com a tentativa do desaparecimento imediato de um sintoma, que insistirá em reaparecer, pois o sujeito dele necessita e só se livrará dele a longo prazo, com uma escuta atenta do inconsciente.

O sofrimento pode chegar aos nossos olhos e a nossa escuta de diferentes formas, mas é em sua narrativa singular que ele encontra o endereçamento a quem esteja atento e receptivo para dele cuidar. Como já mencionamos acima, existe uma clara articulação entre sofrer e adoecer e se o sofrimento fica reduzido ao sintoma da forma de adoecimento, o profissional de saúde irá se concentrar em atuar na abordagem do sintoma e o sofrimento não será reconhecido. Isso porque, muitas vezes, vemos acontecer uma tendência da equipe multiprofissional em proceder com o sofrimento psíquico como se fosse um sintoma a ser decifrado e eliminado, segundo Moretto[11]. Portanto, o modo como um profissional compreende o sofrimento vai precisar suas ações para (não) tratar dele.

Fazer a diferença valer sobretudo entre esses dois conceitos, a saber sintoma e sofrimento, na prática de uma equipe de saúde multidisciplinar é poder sempre considerá-la nas problemáticas apresentadas na rotina institucional. Sobretudo na abordagem dos casos mais sensíveis que mobilizam todos os profissionais, levando em conta que, muitas vezes, o psicanalista estará atento às sutilezas que os demais não estarão, uma vez que se dedicam a cuidar de outras questões relacionadas ao adoecimento, e poderá compartilhar suas leituras com o restante da equipe.

Um dos papéis do psicanalista na equipe multidisciplinar será escutar uma língua subjetiva, a língua do inconsciente, que poucos conseguirão entender, apreendendo aquilo que evidencia a posição do paciente em relação ao seu adoecimento, ao seu corpo submetido a uma circunstância de cura, com todas as repercussões que isso traz. Porém, só escutar não será o suficiente para encarar a vertente institucional de seu trabalho, precisará escutar e traduzir aos demais profissionais de saúde, as profundezas de cada sofrimento subjetivo. Como diz Goldenberg[12] “tanto como analistas quanto como tradutores, temos a obrigação de tentar traduzir o que não pode ser traduzido”. E, precisando que o psicanalista tem muito de tradutor, ele afirma que um tradutor é aquele que te conduz de uma língua para a Outra, no nosso caso aqui, da língua do sujeito do inconsciente para a língua da ciência médica.

Então, o que o psicanalista pode usar como estratégia para essa tradução da língua do inconsciente? Uma resposta possível, mas não a única, é a metodologia da construção do caso clínico em psicanálise, levando em conta o contexto da prática psicanalítica em instituições de saúde. Dias e Moretto[13] refletem sobre a construção e transmissão do caso clínico e indicam que o caso pode ser uma forma do analista se inserir e sustentar seu lugar na instituição, garantindo o espaço para o saber e o fazer da psicanálise ao respeitar o ato analítico e sua ética diante de um método rigoroso, que não implica o uso de protocolos ou tabelas e números, como os outros saberes dentro da instituição. Nesse sentido, a abertura ao diálogo, propiciando uma interlocução de saberes no interior de uma equipe multiprofissional na área da saúde, por exemplo, possibilita a tradução tanto do sofrimento do paciente, quanto do fazer na nossa clínica, partindo de uma impossibilidade de tudo dizer, já que o inconsciente é peça chave na nossa práxis.

A lente do sofrimento olhada pela psicanálise, que será traduzida aos outros saberes médicos, deve enfatizar a transformação do adoecimento como fato, atrelado ao corpo orgânico, com suas imagens sociais e econômicas, em história do sujeito, narrada por ele e dirigida a um interlocutor, como no caso de E.. É imprescindível que haja o reconhecimento do sofrimento subjetivo e não seu tamponamento. Para que o sofrimento seja tratado ele precisa ser reconhecido como único, como parte da dinâmica psíquica de um determinado sujeito. Ora, temos certeza de que o não reconhecimento produz efeitos importantes, inclusive diante do (não) engajamento no tratamento de alguma patologia, ou mesmo na produção de um caráter traumático da experiência, pela indiferença do Outro.

Nesse sentido, o trabalho do psicanalista privilegia a prática de estratégias de cuidado, já que entendemos o cuidado em psicanálise como uma experiência na qual o sofrimento é reconhecido, escutado. O sujeito é considerado no seu mais legitimo valor e sua fala é essencialmente endereçada ao outro disponível. Cuidado só se faz com interesse, disponibilidade, olhar, escuta atenta, valorizando a narrativa do sujeito. Nas palavras de Moretto[14], “numa relação na qual nos propomos a reconhecer e escutar o sofrimento é o modo pelo qual nos interessamos pelo que as pessoas falam que faz com que elas valorizem o que dizem”.

Essa é a ética de cuidado vista pela psicanálise, que tem sua potência diante dos vários campos de saber da área da saúde e cabe tanto ao profissional quanto ao paciente. As diferentes abordagens teóricas são fundamentais para compor o cuidado em saúde, o que transforma a experiência do cuidado em uma experiência interdisciplinar, preconizando a interlocução do psicanalista com as equipes de saúde e enfatizando a dimensão subjetiva do cuidado.

A experiência da abordagem e do cuidado do sofrimento nas instituições de saúde nos revela um movimento, que passa por um caminho de etapas lógicas, começando com o sofrimento do paciente, que desencadeia o mal-estar ou dificuldade de manejo da equipe de saúde, finalizando o ciclo com a demanda de avaliação do profissional do campo psi. Nesse sentido, é pertinente pensarmos que o contato com o sofrimento, gerando desconforto e dificuldades, estimule o chamado ao psicanalista.

Por esse ângulo, a demanda da equipe vai em direção ao que concerne a abordagem e o cuidado com o sofrimento do paciente, para poder continuar focando seus esforços na cura do corpo adoecido, o real objetivo de seus fazeres. Em relação a isso nos vem a lembrança dos ensinamentos de Lacan, precisamente sua conferência intitulada “O lugar da psicanálise na medicina”, proferida em 1966[15], quando ele defende que esse lugar é marginal, extraterritorial. Assim, a psicanálise seria vista como uma espécie de ajuda exterior, possibilitando ao médico que continue exercendo a originalidade de sua posição, podendo responder verdadeiramente à demanda de saber do paciente, saber sobre o que vai mal em seu corpo adoecido. Logicamente, para se ocupar da imensidão desse trabalho o médico precisa contar com a avaliação e disponibilidade de outros saberes, se autorizando a pedir um olhar sobre os sintomas e uma intervenção psi. Então, como o psicanalista pode, aí, se posicionar e como irá construir sua resposta?

É fundamental que o psicanalista possa refletir sobre qual é a demanda da equipe que está por trás desse chamado, antes de responder prontamente ao pedido feito, se mostrando disponível a resolver o mal-estar da equipe. Essa reflexão cuidadosa se mostra fundamental porque, como a teoria psicanalítica introduz a marca do inconsciente no sujeito, entendemos que demanda e pedido não se equivalem, uma vez que nem sempre o que se pede equivale ao que se demanda, assim como nem sempre o que se quer, equivale ao que se deseja, nos lembra Freud[16]. Este movimento inconsciente da equipe entre demanda e pedido precisa ser considerado em sua reposta, ainda mais quando está em jogo a tomada do sofrimento psíquico como sintoma psicológico que precisa ser eliminado, correndo o risco de se cair na patologização e em uma possível medicalização do sofrimento.

Diante disso, o psicanalista precisa analisar atentamente a demanda para poder construir uma resposta que respeite política e estrategicamente a ética da psicanálise e reintroduza a singularidade no campo epistêmico. A maneira como o psicanalista irá responder às demandas a ele endereçadas (e não somente aos pedidos) tornará possível a sustentação da clínica psicanalítica no hospital, por meio de sua participação no campo das decisões em equipe. Nesse sentido, Moretto[17] nos deixa bem advertidos de que se é verdade que ninguém é o mesmo depois de uma análise, também é verdade que nenhum psicanalista é o mesmo depois de ter trabalhado em uma instituição de saúde e, talvez, que nenhuma equipe de saúde será a mesma depois de ter trabalhado com um psicanalista.

Nessa perspectiva, podemos defender a ideia de que uma instituição de saúde deve ter boas razões para manter a presença de um psicanalista em seu quadro de pessoal. E essas razões nos conduzem sobretudo à força dos efeitos transformadores da presença do psicanalista, e não à pura psicanálise como teoria, gerando consequências para sua interlocução com os demais campos de saber. O cerne dessas consequências se ampara na percepção de que as equipes de saúde passam a funcionar identificando as vantagens da singularidade, mesmo contando com as dificuldades que isso impõe.

É na identificação dos efeitos que caminhamos para o reconhecimento e o testemunho das contribuições. E nos questionamos em quais condições os efeitos da intervenção psicanalítica podem ser considerados contribuições da psicanálise à área da saúde. Nossas trilhas passam pela ideia de que cada psicanalista irá sustentar com clareza os saberes e a ética legítimos à sua prática, no dia a dia de cada encontro. Ele se valerá do uso das diferenças discursivas para analisar e resolver os problemas sensíveis, fazendo com que sua percepção dê apoio a um trabalho cuidadoso que resguarda o lugar do sujeito, defendendo que ele tem algo a dizer que ninguém mais poderá dizer em seu lugar.

Para finalizar, convocamos a fala de Lacan[18] aos estudantes da Universidade de Yale sobre a delicadeza do laço entre psicanálise e medicina, em suas palavras: “aconteceu que num certo momento da história, a medicina observou que ela não podia tratar tudo, que ela tinha diante de si algo novo. E identificou a psicanálise como o lugar onde a medicina pode encontrar refúgio”. Marcamos refúgio, mais um dos nomes que a psicanálise recebe na sua relação com outros campos de saber – cloroquina da esquerda, mágica, refúgio. Nessa trama, onde ela pode representar um lugar seguro diante do perigo, ou uma sensação de proteção, vale apostar, que, antes de mais nada, a psicanálise se sustenta por uma ética, na qual o ponta pé inicial é dado pela descoberta do inconsciente, e o jogo só continua pelos caminhos da transferência, porque sem ela não se faz clínica psicanalítica.

REFERÊNCIAS

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DIAS, Eliane Costa; MORETTO, Maria Lívia Tourinho (2018) “A construção do caso clínico como via de transmissão da psicanálise nas instituições de saúde”. In: Lerner, R. Atualidades na investigação em Psicologia e Psicanálise. São Paulo: Blucher.

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______. (2019) Abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde. São Paulo: Zagodoni.


* Mayra Moreira Xavier Castellani é psicanalista, especialista em psicologia hospitalar pelo HCFMUSP, mestre e doutora em Psicologia Clínica pelo IPUSP e doutora pela Université de Paris. Membro do laboratório Psicanálise, Saúde e Instituição (LabPSI) do IPUSP. Email: mayramx23@hotmail.com



[1] Programa disponível  em: <www.youtube.com/watch?v=XNy_hhGQaGU>.

[2] Disponível em </www.instagram.com/p/CxGDAjnruT9/?igshid=MzRlODBiNWFlZA==>.

[3] Disponível em <brasil.un.org/pt-br/74566-sa%C3%BAde-mental-depende-de-bem-estar-f%C3%ADsico-e-social-diz-oms-em-dia-mundial>

[4] Freud, Sigmund (1914) “Contribuição à história do movimento psicanalítico”. In: Obras Completas, volume 11. São Paulo: Companhia das letras, 2012; pp. 245-327.

[5] Lacan, Jacques. ([1964] 2008) O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

[6] Moretto, Maria Lívia Tourinho. (2019a) Psicanálise e hospital hoje: o lugar do psicanalista. Revista da SBPH, 22(spe), 19-27. Recuperado em 04 de abril de 2022, de <pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582019000200003&lng=pt&tlng=pt>

[7] Vinheta clínica baseada no caso apresentado pelo psicanalista Wilian Donnagelo Fender no espaço de discussões clínicas do Projeto intitulado “Serviço de Interconsulta Psicológica do Instituto de Psicologia no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo”, do qual sou coordenadora junto com a Profa Maria Lívia Tourinho Moretto.

[8] Moretto, Maria Livia Tourinho. (2019b) Abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde. 1ed. São Paulo: Zagodoni.

[9] Castellani, Mayra Moreira Xavier & Moretto, Maria Livia Tourinho. (2022) “Ninguém solta a mão de ninguém”: sobre uma possível reposta da psicanálise para a abordagem do sofrimento nas instituições de saúde. In: Moretto, L. T.; Dias, E. C.; Leite, P. B.; Pizzimenti, E. (orgs.) A psicanálise às voltas com a peste: psicanálise, biopolítica e a pandemia de corona vírus.

[10] Dunker, Christian Ingo Lenz. (2015) Mal-estar, sintoma e sofrimento. São Paulo: Boitempo, p. 188.

[11] Moretto, Maria Livia Tourinho. (2019b) Abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde. 1ed. São Paulo: Zagodoni.

[12] Goldenberg, Ricardo (2021) Entre línguas. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -12, p. 1, 2021. Disponível em: <revistalacuna.com/2021/10/27/n-12-01/>

[13] Dias, Eliane Costa; Moretto, Maria Lívia Tourinho (2018) A construção do caso clínico como via de transmissão da psicanálise nas instituições de saúde. In: Lerner, R. Atualidades na investigação em Psicologia e Psicanálise. São Paulo: Blucher.

[14] Moretto, Maria Livia Tourinho. (2019b) Abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde. 1ed. São Paulo: Zagodoni, p. 15.

[15] Lacan, J. (1966) O lugar da psicanálise na medicina. Opção Lacaniana, n. 32, p. 8-14, 2001.

[16] Freud, Sigmund. (1917) “Conferências introdutórias à Psicanálise. Terceira Parte: Teoria geral das neuroses”. In: Obras Completas, vol 13. São Paulo: Companhia das letras, 2014; pp. 325-613.

[17] Moretto, Maria Livia Tourinho. (2019b) Abordagem psicanalítica do sofrimento nas instituições de saúde. 1ed. São Paulo: Zagodoni

[18] Lacan, Jacques (1976) Conférences et entretiens dans des universités nord-américaines. Yale Univertity, Kanzer, 24 novembre 1975. Entretiens avec des étudiants. Réponses à leurs questions, Scilicet, Paris, Seuil.




COMO CITAR ESTE ARTIGO | CASTELLANI, Mayra Moreira Xavier  (2023) Desafios da psicanálise nas instituições de saúde: cloroquina da esquerda, mágica ou refúgio. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -15, p. 5, 2023. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2023/12/22/n-15-05/&gt;.