É constitutivo orientar-se através de um eixo a partir do qual circulamos, (nos) aproximamos ou afastamos. É um tipo de perspectiva histórico-determinada, que delimita e distingue o que é centro e o que é periférico, contíguo e forâneo.
No entanto, é inócuo apenas traçar novos trajetos, sejam marginais ou apenas centralizados. Há de se encarnar a possibilidade de se sustentar um espaço outro. Dar corpo à ideia de movimento. Não apenas circular, mas enredar, coser. Abandonar o panóptico do qual nada se vê e rasgar a carapuça da invisibilidade. Não há buraco que se sustente sem lateralidade, e o problema de se posicionar exclusivamente em relação ao centro (dentro ou fora) é o de se alienar na forma pictórica preestabelecida, resultando na impossibilidade de olhar para o tempo e espaço de soslaio.
A questão é que, quando se olha de soslaio, a perspectiva muda, pois a posição do observador é deslocada. Abdicar de sua própria posição exige confiar no risco de demover-se. Risco esse que está não só em perder os parâmetros conformistas de reconhecimento, mas também de que caia o fascínio pelo eixo ou, ainda, o deslumbre pela margem.
A edição convida a circular, convoca ao soslaio. Repetimos as receitas, estiramos a forma e optamos pelo rastro.