Editorial

A rigor, sabe-se que a lida com publicações implica reiteradas escolhas das mais diversas ordens. Nesse ofício, então, sempre caberia indagar: qual o balizamento? Isto é, o que assumir como crivo, nesse trâmite com o texto, de modo a divisar aquilo que — a partir de um entrelaçamento possível de desejos — se pretende indispensável, aquilo de que não se abre mão?

Entra em cena, portanto, nisso que se constrói e se repensa na própria instância do investimento editorial, justamente a noção de rigor. E rigor entendido aqui para além da acepção de uma rigidez gélida e estanque (um rigor mortis, por assim dizer). A aposta que entendemos ser preciso sempre refazer, então, é a de um rigor pensado como elemento operatório na labuta com a letra, com o texto e com a teoria.

Nesse sentido, o rigor merece ser mobilizado em sua natureza de tenacidade, a qual invariavelmente aponta furos e reconhece contornos, mas também — e, talvez, sobretudo — é capaz de afiar as serifas da escrita, endossando letras que não cheguem em vão aos olhos do leitor e que, tateando limites, apontem para lacunas e atravessamentos que não são quaisquer.