Quando retrocessos dificilmente imaginados têm se concretizado, certas posições e um novo modo de fazer se fazem preciso: os inegociáveis têm de ser novamente estabelecidos, de modo que tudo o mais possa ser destruído e reconstruído, e nesse movimento restos possam ser depurados, e então talvez assimilados aos inegociáveis, e novamente questionados e criticados ao limite. Porém, tão importante quanto isso, é a necessidade de que as marcas desse movimento possam ganhar corpo, expressão, voz, e constituir assim algo que possa não somente obstaculizar os retrocessos, mas também pautar e propor construções possíveis. Possíveis de serem erigidas, possíveis de serem destruídas. Possíveis.
Trata-se, portanto, de um movimento de dupla abertura: por um lado, abertura à incerteza do novo, do risco que se toma ao dar valor à fala, e sem o qual nada se pode marcar; por outro, abertura à contingência da tradição, contida na ingenuidade da retomada de algo ‘conhecido’ que, junto com a história das marcas que já produziu, traz consigo a potência disruptiva daquilo que, retomado, pode colocar em crise e reorganizar toda uma comunidade.
Que as marcas sejam fortes o suficiente para sustentar esse movimento, mas também que não produzam silenciamentos. Marcas que, antes de qualquer coisa, produzam o espaço onde se possa construir e reinventar. ♦