“De chicote e cara feia o domador fica mais forte. Meia volta, volta e meia; meia vida, meia morte. Terminado o seu batente, de repente, a fera some. O domador, que era valente, em outras feras se consome: seu amor indiferente, sua vida e sua fome”. (HOLANDA, Francisco Buarque de; LOBO, Eduardo de Góes (1983). O Circo. In: O Grande Circo Místico. Rio de Janeiro: Som Livre.)
Introdução à proposta
A temática que deu origem a este trabalho começou a ser organizada a partir de inquietações oriundas da condução de um caso clínico, que servirá de apoio para as articulações aqui presentes. No intuito de preparar uma produção teórica para o Seminário das Neuroses[1], surgiu o desejo de circunscrevê-la à clínica e, mais exatamente, à clínica das neuroses. Sendo assim, foi escolhida a estrutura da neurose obsessiva como interlocutora desde o seminário em questão, a servir de ponto de partida para a elaboração deste texto.
Persistindo na busca de um recorte possível e pertinente para o estudo desta modalidade discursiva, encontrei na construção do caso clínico referido os questionamentos necessários à elaboração de um problema de pesquisa a ser investigado no espaço destas linhas. Outro pressuposto fundamental para o preparo deste ensaio é o esforço de integração das leituras e reflexões experimentadas em ambos os seminários teóricos deste ano, a saber, das Neuroses e do Narcisismo. Tal condição vem sendo pretendida ao longo de todo este curso de formação, na tentativa de exercitar toda a fluidez do campo associativo que compõe o pensamento psicanalítico.
No que diz respeito aos apoios buscados no Seminário do Narcisismo, encontrei nas conceituações relativas à instância psíquica do Supereu e nas elaborações freudianas acerca do quadro clínico da Melancolia os territórios necessários ao endereçamento das inquietações e angústias produzidas pela escuta e pelo manejo transferencial da análise de um sujeito que parecia transitar, em seu sofrimento, por este percurso, entre a neurose obsessiva e a melancolia, conduzido, ou arrastado, pelo supereu. Neste ponto se faz necessária a ressalva de que a formatação adotada no presente trabalho aponta para uma série de caminhos e reflexões que se colocam para além de seus domínios, como a questão do diagnóstico em psicanálise e seu processo de discriminação entre traço e estrutura na produção discursiva do sujeito e em seus arranjos transferenciais; a complexa problemática das relações de objeto, e o estudo da delimitação dos campos pertencentes à neurose e à não neurose, envolvido nas comparações entre a neurose obsessiva e a melancolia, remetido ao terreno das psicoses. É importante retomar também a especificidade desta produção teórica na remetência de suas articulações com os disparadores oferecidos pelas inquietações produzidas pela escuta de um caso clínico, reafirmando o caráter parcial de suas pretensões e sua renúncia em se fazer referencial teórico dos constructos psicanalíticos aqui abordados.
Não se trata, enfim, de um trabalho teórico sobre a neurose obsessiva, a instância psíquica do supereu ou o quadro clínico da melancolia, mas de um ensaio teórico-clínico que se propõe a acompanhar, reflexiva e analiticamente, o movimento de um sujeito em seu diálogo com esses lugares e campos da ferramenta freudiana. Chegamos assim à formulação da problemática escolhida, que pode ser descrita como um esforço de esboçar algumas considerações acerca das proximidades e distinções entre a estrutura da neurose obsessiva e o quadro clínico da melancolia, tendo como articulador as operações da instância psíquica do supereu. Ciente da importância de inscrever a pertinência da proposta desta monografia no campo das produções psicanalíticas, recorro brevemente às palavras de Décio Gurfinkel, em seu capítulo do livro Obsessiva Neurose, organizado por Manuel Tosta Berlinck:
O estudo comparativo entre neurose obsessiva e melancolia é, como se vê, do maior interesse; em ambos os quadros, ainda que de maneira diversa, destaca-se a questão do luto patológico derivado de uma ambivalência especialmente proeminente. A fantasia de desejo – inconsciente – de morte do objeto amado, apontada desde A interpretação dos sonhos, traz certas consequências particulares para o funcionamento psíquico e para a psicopatologia que merecem ser sublinhadas. A clínica do ódio ao objeto tem, na neurose obsessiva e na melancolia, dois filhos ilustres.(…). Afinal, ambas podem ser entendidas como “patologias do supereu”.[2]
Na tentativa de definir os rumos desta trajetória de modo a contar com a companhia interessada do leitor em todo o percurso, passamos agora à apresentação do caso clínico que nos auxiliará na integração dos pontos a serem percorridos.
O caso Antônio
Antônio fez seu primeiro contato comigo em meados do mês de Abril do ano de 2014, por mensagem de texto, dizendo-se muito tímido para chamar-me ao telefone. Em contraste ao receio e timidez que anuncia, não hesita em me procurar quando já era tarde da noite. Algo da ordem de um “escrever com uma mão e apagar com a outra”, que se repete insistentemente enquanto traço significativo do seu jeito de fazer laço com o outro e que é tão estruturante da neurose obsessiva. Conta que a indicação do meu nome foi feita por um amigo seu, psiquiatra, com quem eu havia trabalhado em um ambulatório de saúde mental.
Sua chegada ao meu consultório evidencia uma aproximação cordial e observadora, favorecida pelo que me pareceu algo da transferência segura com o amigo que o encaminhara. Na primeira entrevista, Antônio conta que tem 28 anos, é médico pediatra, nascido no interior do estado do Ceará e recém-chegado a São Paulo, vindo de Campinas, onde cursou a residência. A graduação havia sido realizada em seu estado de origem. Revela-se insatisfeito com a escolha profissional e com a rotina cotidiana de uma grande cidade, ao que relaciona seu isolamento, o sentimento de solidão e de falta de pertencimento que o atormentam e motivam sua procura por uma análise.
Diz que a decisão de deixar Campinas em direção a São Paulo foi influenciada por amigos e colegas de residência que haviam trilhado o mesmo percurso e, fundamentalmente, pela percepção de que já havia vivido tudo o que era possível naquela cidade. Carecia de espaço, de mudança, de um lugar onde pudesse experimentar novas escolhas e maiores possibilidades de inserção no mercado de trabalho. No entanto, já se passara mais de um ano na capital e o aprisionamento solitário de Antônio persistia. Naquela cidade fez sua primeira análise, da qual se recorda especialmente de uma fala atribuída à analista, de que ele era um “beco sem saída”, significante de grande importância na análise comigo, que retorna insistentemente sempre que Antônio se sente angustiado e frustrado consigo mesmo.
Através de um discurso linear, de marcada concisão e eloquência, o paciente segue contando sua história: é o caçula de três irmãos, filhos um casal que se separou quando Antônio tinha 6 anos de idade. Os irmãos vivem em Fortaleza, o pai no interior do estado, e a mãe de Antônio se casou novamente há muitos anos, residindo atualmente na Alemanha. Quando seus pais se separaram, Antônio e seus irmãos foram morar com os tios (a irmã de sua mãe e o marido dela), já que ambos os pais saíram de casa após o divórcio, o que o paciente conta como uma evidência de que os pais não queriam apenas se afastar um do outro, mas também dos filhos, e configura uma experiência de abandono entendida como uma experiência traumática de grande importância na construção da sintomatologia do paciente.
Antônio conta ainda que nunca foi próximo de seu pai, a quem descreve como ignorante e rude, mantendo com ele um contato apenas respeitoso, assim como com o irmão, caracterizado como excessivamente ambicioso e de quem se considera muito diferente em valores e posicionamentos. Revela maior afinidade e disposição afetiva com a irmã, também médica, e com a mãe, apesar de se sentir culpado por não estabelecer contato com a irmã mais assiduamente e pelas frequentes brigas e recusas de atender chamadas da mãe, por quem se considera invadido e controlado, ao que responde ora com passividade, ora com violência, em uma circulação bascular que também será de grande valia para a compreensão de seus enlaçamentos. Narra como protocolares as visitas à família no interior do Ceará, sendo que toda a afetividade envolvida nesses momentos parece associada ao alívio que o cumprimento de um aparente dever garante às suas auto exigências e culpabilizações por manter distância e não sentir vontade de se aproximar de seus familiares.
Sobre a insatisfação que manifesta em relação à vida profissional, Antônio relata sentir muito incômodo e irritabilidade com o choro dos bebês e crianças que atende em prontos-socorros e ambulatórios, destacando sua impaciência frente ao apelo angustiado das mães de seus pacientes, ao procurar ajuda médica frente ao menor sinal de que pode haver algo de errado com seus filhos. Em análise, construímos a associação com o choro dele, não ouvido pela mãe que o abandonou – e que foi suscitada por ter me visto acompanhar até a saída do consultório um paciente adolescente, acompanhado de sua mãe, e comentou que invejava aquele garoto, que parecia tão querido e protegido por ela.
Também se desespera com a ameaça de não dar conta de descobrir o real motivo da queixa de seus pacientes e de trata-los adequadamente – ao mesmo tempo em que o choro deles o irrita tanto – ao que busca se preparar estudando à exaustão – embora não se interesse muito pela medicina – trabalhando poucas horas por dia e selecionando minuciosamente suas atividades profissionais, no intuito de evitar emergências e serviços muito procurados. Mesmo com todas essas limitações, Antônio se sente extremamente cansado e sem energia, passando a trabalhar cada vez menos, mas também dedicando pouco investimento a outras ocupações, em um esvaziamento empobrecedor.
De sua infância recorda muita dificuldade de socialização na escola, relata grande sofrimento na convivência com os colegas, que frequentemente zombavam dele, de sua baixa estatura, de sua falta de aptidão para os esportes e de seus trejeitos “afeminados”. Antônio revela en passant e após considerável tempo de análise que é homossexual, algo jamais comunicado aos pais e familiares, ainda que percebido desde a infância (por volta dos cinco anos de idade) e, desde então vivido com muita angústia, associada, sobretudo, a valores sociais e costumes marcados por conservadorismo e repressão, especialmente nas pequenas comunidades interioranas, como àquela em que nasceu e onde permaneceu até a adolescência. A esse respeito o paciente conta ainda que tinha a nítida sensação de não poder ser quem ele é, o que associa com seu sentimento de desencontro consigo mesmo e com a experiência de não pertencer ao meio em que vive, bem como a suas dificuldades e angústias frente a tomadas de decisões, escolhas e posicionamentos em outros âmbitos. Lembra também da imponente figura do tio, marido da irmã de sua mãe, com quem foi morar após a separação dos pais, descrito como uma presença de renome na região, uma autoridade reconhecida da área médica, de quem herdou o imperativo de seguir a carreira e a quem muito admirava, lamentando sua severidade no trato com os sobrinhos.
Sobre sua vida pessoal, amorosa e sexual, conta Antônio que tem poucos amigos, com quem frequenta esporadicamente baladas, cinemas, parques e exposições. Queixa-se de não poder receber os amigos e parceiros em casa, onde passa a maior parte do tempo, já que não se sente a vontade por seu apartamento praticamente não ter mobília, apenas um colchão no quarto, outro na sala, uma televisão no chão e uma geladeira, o que Antônio justifica por sua incerteza com relação à permanência em São Paulo. Metaforicamente, dizemos que ele não desfaz a mala e permanece pronto pra ir embora. A circulação social é contada com angústia e desânimo, já que Antônio se força a sair, a “ver gente”, mas acaba se frustrando quando, por exemplo, não consegue “paquerar” nas festas e se considera pouco atraente, quando se cobra maior disciplina na alimentação e na academia, para ter um corpo sarado e bonito, uma expectativa que parece jamais ser atingida.
Os encontros amorosos e sexuais surgem geralmente a partir de aplicativos de celular voltados à busca de parceiros, e são descritos como fugazes e carentes de sentido. Seus desfechos são marcados por intensa angústia, momentos vividos sempre no registro de um abandono, em que Antônio se culpa por não ter sido interessante e atraente o bastante, mesmo quando afirma que o parceiro em questão sequer o interessava. Quando se sente angustiado, situações que Antônio descreve como “crises”, costuma faltar ao trabalho e contar com a companhia do “grande amigo Rivo”, referência que faz à automedicação de Rivotril, para passar o dia dormindo.
Narra uma extensa e rigorosa lista de predicados a serem buscados em seus pretendentes, como atributos físicos, nível intelectual e cultural, aspectos em relação aos quais parece nunca estar satisfeito consigo mesmo. Eis um interessante e curioso estado de coisas de aparência paradoxal, frequentemente encontrado em pacientes melancólicos: ainda que se considere feio, desagradável e inferior aos outros, Antônio não aceita nada menos do que uma encarnação precisa e completa de seus ideais. Percebe-se muito nervoso diante da expectativa do encontro com um pretendente, sobretudo quando o considera de “alto nível” conforme seus critérios, quando costuma fazer severas auto recriminações e se culpar caso não seja correspondido o que, mais uma vez, é percebido como algo da ordem de um fracasso e de um abandono. Quando o parceiro parece interessado nele, no entanto, Antônio logo passa a desvaloriza-lo e os encontros são vividos como um fardo, até que acabam por dar lugar às lamentações relacionadas a outro pretendente por quem Antônio se sentiu abandonado e rejeitado. Não só a rejeição e o ódio, ora dirigido ao outro, ora voltado a si, através da tirania superegóica, parecem atormentar o sujeito obsessivo. Também a possibilidade de amar ameaça a estabilidade em que busca repouso, quando o ataque ao objeto surge, dando ares melancólicos ao seu sofrimento, como estratégia de desvalorização de si mesmo, fazendo lembrar a conhecida anedota atribuída a Groucho Marx: “Eu não me interesso por um clube que me aceite como sócio”.
Na relação comigo, Antônio sempre foi cordial, sério e distante. Chegava pontualmente às sessões, mas também faltava com regularidade. Em algumas delas, me escreve dizendo que precisaria ficar em casa esperando a entrega de alguns móveis, algo que contava relatando entusiasmo e que parecia indicar que a possibilidade de se apropriar do seu espaço, de criar raízes e experimentar algo da ordem de uma permanência era uma conquista de seu trabalho de análise, ao mesmo tempo em que, em decorrência disso, não viria à sessão e me deixaria esperando.
Como parte deste movimento de mobiliar o apartamento e “se sentir em casa”, Antônio decidiu adotar uma gata para lhe fazer companhia, carinho e dar-lhe atenção. Após os momentos de grande expectativa que antecederam a chegada do animal, o miado da gata à noite passou a irrita-lo profundamente e os cuidados demandados por ela foram se transformando em uma obrigação angustiada, inseguro que ficava de suas capacidades para prover tudo quanto fosse necessário a ela e lamentando que o animal não fosse como o avatar do jogo “The Sims”, cujas necessidades básicas são apontadas por uma barra que sinaliza quando algo precisa ser feito e o quê. Cobrava-se de atender todas as necessidades do bichinho, ao mesmo tempo em que sequer suportava ouvi-lo miar. O próprio paciente parecia identificado com a imagem de alguém cujas necessidades pudessem ser precisamente identificadas e satisfeitas, na procura de um ideal de estabilidade em que toda irrupção pulsional e manifestação afetiva era percebida como uma ameaça a esse ideal, que apontava para algo da ordem do mortífero. Aponta também para o gozo de se colocar passivamente sob os cuidados e controles de um outro absoluto, que tudo sabe dele, antecipa e prevê suas demandas, estando sempre pronto a satisfazê-las.
Além disso, diante das tentativas de Antônio de acarinha-la e acomoda-la em seu colo, afastava-se e até o arranhava, o que era sentido com muita raiva e tristeza. Diante de tamanho incômodo, conversou com a mãe que, prestes a regressar definitivamente da Alemanha, se ofereceu para ficar com ela e Antônio concordou, ao que se arrepende e passa a se culpar ferozmente por ter abandonado o animal, recriminando-se pelo fracasso em fazê-la feliz.
Frente a uma pergunta minha demandava, antes de responder, que eu explicasse precisamente o que gostaria de saber, evidenciando grande dificuldade em associar livremente, o cálculo de não me dar qualquer coisa além do mínimo necessário, e o movimento de se apresentar ao outro a partir do lugar de quem se dispõe a responder seus questionamentos no esforço incansável de preencher seus buracos, em um funcionamento que pode ser enunciado sob o signo da expressão lacaniana acerca do neurótico: o que quer de mim?
Ao final de cada sessão justificava que não havia trazido o pagamento, mas que traria na semana seguinte, como se estivesse em dívida comigo, ainda que aquele não fosse o dia combinado para o acerto relativo às sessões daquele mês. Quando trazia o pagamento, no entanto, nunca era o valor relativo às sessões pendentes, mas uma quantia sempre variável, definida por ele conforme suas possibilidades naquele dia, como se ele precisasse controlar quanto eu iria receber. Interpretações pareciam ter o efeito de um imperativo superegóico, no sentido de serem percebidas como uma tarefa a ser cumprida por Antônio. Suas auto recriminações e culpabilizações, ao surgirem no contexto da análise, assumem a forma do discurso do outro, momentos em que o paciente refere a si mesmo como “você”, dimensão da estética discursiva que faz menção às raízes embrionárias do supereu, em um campo alheio ao próprio sujeito.
Por três vezes anunciou uma interrupção da análise. Na primeira delas, em março deste ano, disse que tiraria um mês de férias para visitar a mãe na Alemanha, em ocasião do falecimento do então marido dela, a quem se referia como padrasto, momento em que cogitou se mudar para lá e se ocupar de algum outro ofício e deixar de lado a medicina. Ao fim de um mês, retomou as sessões. Na segunda vez, próximo às férias de julho, quando foi aprovado (em primeiro lugar) em um concurso público em Brasília, acabou optando por permanecer em São Paulo, ao ter se dado conta, segundo diz, através da análise, de que ficar se mudando de cidade não poria fim ao seu sofrimento. Na terceira vez em que pediu férias da análise, há pouco mais de um mês, Antônio não voltou mais, sequer respondendo às minhas tentativas de contato.
Alguns apontamentos sobre a neurose obsessiva
Para sustentar uma fala viva, é preciso vigiar o imaginário e o narcisismo. Esse é o perigo: ceder aos encantos da coerência, do saber estéril que ignora o desconhecido. É preciso fazer saber ao obsessivo que é só com o naufrágio do seu monumento que poderá falar verdadeiramente.[3]
As estruturas clínicas pensadas por Freud e Lacan são organizadas essencialmente a partir do modo como constroem seu mecanismo de defesa em relação à castração. Dentre elas, as neuroses se caracterizam pela presença do processo de recalcamento como mecanismo de defesa fundamental. No campo das neuroses, por sua vez, a histeria e a neurose obsessiva se diferenciam, entre outros aspectos, com base na singularidade do trabalho do recalque, sendo que, na primeira, o mecanismo de defesa incide sobre o conteúdo ideativo das representações produtoras de desprazer, tendo como efeito o fenômeno do esquecimento enquanto, na segunda, o recalcamento se ocupa das conexões e nexos entre as representações, configurando o que se conhece como as “ilhas de pensamento”, caracterização elementar dessa especificidade neurótica. Além da singularidade do trabalho do recalcamento, a neurose obsessiva é marcada também pela proeminência de outros mecanismos de defesa inerentes ao funcionamento neurótico, a serem abordados em articulação com passagens desta história clínica.
Por falar em histeria, durante os primeiros meses da análise com Antônio, seu discurso queixoso e seu movimento de sustentar a insatisfação de seu desejo, fizeram-me levantar uma hipótese diagnóstica que apontava nesse sentido. A esse respeito, é interessante a diferenciação proposta por alguns autores entre o desejo insatisfeito na histeria e o desejo impossível na neurose obsessiva.
Não se tratava, pois, de enunciar seu desejo sob a condição de mantê-lo insatisfeito, mas de se colocar como fiador do desejo do outro, como quando Antônio, frente a um encontro amoroso que se interrompia, desconsiderava a possibilidade de posicionar-se e perguntar-se em relação ao próprio desejo e passava a se interrogar sobre o desejo do parceiro, na tentativa incessante de satisfazê-lo, operando algo de um apagamento dos próprios desejos e demandas. O neurótico obsessivo se oferta ao outro, eleito objeto de amor, mas também de ódio, no esforço de preencher a falta que nele supõe e que em si se empenha em ocultar. Antônio oferta à mãe o animal de estimação que não se supõe capaz de cuidar e que se torna alvo de seus ataques destrutivos, dos quais também ele se torna vítima, sob a forma das recriminações e da culpa por ter abandonado a gata que não soube apagar seu vazio. Sua sintomatologia, delimitada neste caso a partir da repetição dos recomeços e abandonos – abandono que acaba por repetir na relação comigo – cumpre a função, de reafirmar sua impossibilidade desejante.
Voltando ao âmbito da organização discursiva do neurótico obsessivo, estes fenômenos e mecanismos se evidenciam, na fala de Antônio, através do empobrecimento de sua capacidade associativa, atuando na composição de sua linearidade e limitando a potência da ferramenta interpretativa do analista, das quais o paciente se protege através de racionalizações desprovidas de afeto. Acerca da formatação discursiva da neurose obsessiva, marcada por notável clareza, eloquência e articulação verbal, é interessante destacar outro aspecto característico dessa estrutura, a saber, o investimento libidinal erótico na atividade do pensamento. O obsessivo encontra abrigo e proteção no próprio exercício de pensar, e é nítida a forma como sexualiza seu discurso, posicionando o outro que o escuta como testemunha admirada de sua destreza com as palavras, cuja desafetação e desvitalidade a ele permanecem alheias. Era preciso afetá-lo, portanto, antes de mais nada.
É também na subtração das intensidades afetivas que o neurótico obsessivo estrutura a singularidade de sua organização defensiva, construindo uma verdadeira muralha atrás da qual se esconde e na qual vive isolado, como se estivesse morto. Evoco aqui os ideais de estabilidade mortíferos, sustentados por Antônio, frente aos quais a ameaça de surgimento de qualquer intensidade afetiva é sentida como angústia, afeto tão fundamental na clínica das neuroses, despertada como sinal de alerta para a ativação de seu arsenal defensivo empenhado em garantir a inibição de suas experiências amorosas, vivências de satisfação e minando suas possibilidades de investimento libidinal.
É preciso fazer referência também a outro importante demarcador da organização obsessiva, sobretudo no que se refere à composição do caráter do sujeito, a saber, a formação reativa. Frente ao ódio pulsional que ameaça desorganizar a frieza do semblante obsessivo surge, em contraponto à verdade oculta de seu desejo inconsciente de morte e destruição do objeto amado, algo da natureza de uma extrema docilidade, bondosa e amável, configurando seu caráter parcimonioso e ponderado, assim como seu apego à justiça, traços amplamente observados no paciente.
A questão do desejo impossível na neurose obsessiva nos remete também à marcada ambivalência afetiva tão essencial à sua compreensão metapsicológica, descrição fenomênica e à construção de sua sintomatologia. Basculando constantemente entre o amor e o ódio, pólos desorganizadores de sua inerte fortaleza, vê operar a anulação pulsional que o escraviza, prisioneiro, mas também abrigado na dúvida que parece mantê-lo ora em sono profundo, ora em um estado de intensa angústia. Fenômeno incessantemente manifesto no discurso e nos apelos de Antônio, incerto de suas escolhas, alheio ao próprio desejo, única bússola possível frente à errância do humano pela vida.
Neurose Obsessiva e Melancolia: patologias do supereu e clínica do ódio ao objeto
Há, portanto, para a autora, um deslocamento da questão do supereu no entendimento da neurose obsessiva. É na figura da mãe dos primórdios, mais que do pai edípico, que ele se apoia. O ódio se origina de uma perda, de uma ruptura, de uma desobediência, de uma distância com a mãe. [4]
Para que possamos seguir em nossas amarrações entre a neurose obsessiva e a melancolia, através da compreensão da especificidade do trabalho da instância psíquica do supereu, é importante nos determos na análise do sofrimento vivido pelo paciente a partir da experiência do abandono realizado por seus pais, quando da separação do casal. Não hesitaremos em caracterizar tal vivência de sofrimento como algo da ordem de um luto não elaborado por Antônio, ao que parece ser justamente este o aspecto fundamental a conferir a formatação melancólica de sua neurose obsessiva e a fornecer os elementos essenciais à composição de suas recriminações superegóicas. Nas palavras de Décio Gurfinkel:
A constelação ambivalência, desejo inconsciente de morte e culpabilidade revelou-se significativa também em outra categoria psicopatológica: a melancolia. O luto patológico de natureza obsessiva não tem sido suficientemente ressaltado, mas pode ser identificado como uma formação distinguível tanto do luto normal quanto da melancolia. [5]
É a não elaboração do luto de ter sido abandonado por seus pais que protagoniza a composição sintomática do paciente, em seu movimento de desistir e recomeçar em outro lugar, no abandono de si mesmo que melancoliza o apagamento e a anulação que caracterizam sua neurose obsessiva, na interrupção atuada da análise comigo. Abandono que parece posiciona-lo de modo distinto em relação às figuras parentais: o enfraquecimento da imagem paterna, raramente ouvida no discurso de Antônio e pulverizada na figura de um tio severo, rigoroso, mas que oferta a insígnia da transmissão do ofício médico e do prestígio intelectual; e na referência ao padrasto, que o afasta dos cuidados maternos, mas que também interdita sua sedução intrusiva; e o aprisionamento retentivo e ambivalente de uma mãe que também se mostra em sua ambivalência, seduz, mas abandona, telefona, mas desaparece, com quem se mostra identificado também neste jogo.
Nos deslizamentos admitidos pelo ódio em ambos os quadros clínicos e na presença ou ausência do recalcamento, que delimita aqui os campos da neurose e da psicose, além da referida ambivalência afetiva na neurose obsessiva, encontramos os direcionamentos necessários ao esforço de apontar algumas discriminações entre esta especificidade neurótica e a organização melancólica, levando em conta a singularidade dos trajetos libidinais operados em cada uma dessas categorias psicopatológicas. Ainda de acordo com Décio:
O ódio do melancólico, por sua vez, mais do que recalcado, é “engolido”, juntamente com o objeto. Ele toma conta do teatro intrapsíquico, passando a dominar e tingir violentamente a relação entre supereu e eu. Na melancolia, o sadismo aloja-se permanentemente no supereu, atormentando o eu sem trégua. Na neurose obsessiva, devido à regressão à organização sádico-anal, o impulso erótico se transforma em agressivo ao objeto, e o eu defende-se deste a todo custo; o supereu, no entanto, age como se o eu fosse o responsável por tal impulso, perseguindo-o severamente. O Eu fica, pois, perdido e esmagado entre um Isso assassino e as acusações da consciência moral punitiva. [6]
Considerando que a centralidade das questões do ódio, da culpabilidade e da ambivalência opera uma aproximação importante entre os quadros clínicos estudados, se vê esclarecido em alguma medida o lugar ocupado pelo trabalho do supereu na configuração dessas semelhanças. Herdeiro do Complexo de Édipo mas, sobretudo, também gestado nas entranhas da pulsão de morte e no masoquismo das origens, a instância psíquica punitiva faz notar o caráter produtor de caos de sua dimensão pulsional e de gozo, mostrando-se para muito além de um agente regulador da interdição e da renúncia necessárias ao processo civilizatório. Oriundo das primeiras identificações, conta com o protagonismo da pulsão de morte e com os efeitos do trabalho de desfusão pulsional na operação de dessexualizar o investimento objetal, viabilizando o processo identificatório. E parece ser justamente esse aspecto anárquico e mortífero do supereu das origens que se evidencia tanto na neurose obsessiva quanto na melancolia, feita a ressalva de que a manutenção da relação com o objeto, além de especificidades do percurso edípico, na primeira, opera discriminações estruturais em relação à segunda.
Remetidas ao estágio sádico-anal do desenvolvimento da libido, a neurose obsessiva e a melancolia encontram suas especificidades, neste âmbito, na proeminência da incorporação oral do objeto, nesta última, e na sua retenção sádica, na primeira. No que se refere aos moldes identificatórios estruturantes destes quadros clínicos, destaca-se o modelo de base narcísica no quadro psicótico e a relação objetal nesta neurose. Para além do saldo resultante do confronto entre o eu e o supereu em cada um dos casos, nota-se uma questão qualitativa e estrutural em sua diferenciação teórico-clínica. A esse respeito é oportuna a menção ao estudo comparativo entre a neurose obsessiva e a melancolia realizado por Abraham, através do modelo proposto pelo autor, segundo o qual, na melancolia, há uma expulsão anal do objeto, realmente perdido, ao que se segue sua incorporação canibalística, enquanto, na segunda, o objeto não é eliminado, mas fica retido sadicamente, sob o modelo da analidade, ambivalentemente amado e odiado e garantindo a especificidade do tormento vivido pelo sujeito neurótico. Apesar da pertinência das discriminações propostas, vale a ressalva de Maurice Bouvet, em capítulo do mesmo livro:
A mais eminentemente masoquista das neuroses é sem dúvida a neurose obsessiva, em que o ego, para não romper sua relação libidinal com o superego, se impõe, por intermédio de seus mecanismos de defesa, expiações sem fim, ou então se obriga a um ascetismo cujo rigor pode transbordar toda imaginação, e em que, afinal, a limitação das pulsões instintivas constitui em si uma manifestação masoquista. Pelo jogo das medidas de defesa a agressividade, que poderia se desenvolver sem restrições contra o objeto, volta-se contra o sujeito, ou seja, contra seu ego. [7]
Acerca dos efeitos operados pelo trabalho afetivo do ódio em cada um dos casos, temática central no funcionamento superegóico tanto na melancolia quanto na neurose obsessiva, vale comentar que o sujeito neurótico, ao manter asseguradas suas relações objetais, garante o movimento de dirigir sua agressividade a seus objetos de amor, seguido pelas recriminações superegóicas que fazem retornar a si o ódio antes exteriorizado no outro, oferecendo possibilidades de trânsito do par sado-masoquista. Na melancolia, no entanto, sob os moldes da oralidade, o objeto é engolido, e a possibilidade de ataca-lo passa também, fatalmente, por um martírio infindável de si mesmo.
Para não concluir…
Se a relação obsessiva protege o sujeito contra a psicose é porque não somente tem uma significação destruidora, mas também porque contém, pelo menos potencialmente, uma relação de objeto libidinal: a agressividade é a força que provoca e mantém a frustração, mas que também a faz cessar. [8]
O presente trabalho procurou realizar um estudo comparativo entre a neurose obsessiva e a melancolia, tendo como articulador de ambas as estruturas o trabalho da instância psíquica do supereu, na especificidade que encontra em cada um dos casos, motivado pelas inquietações surgidas ao longo do processo de condução de um caso clínico de neurose obsessiva com traços melancólicos importantes, em que o conflito entre o eu e o supereu do paciente protagonizava a cena analítica. Para cumprir a tarefa proposta adentramos em problemáticas fundamentais da trajetória psicanalítica, como algumas conceituações acerca da neurose obsessiva, da melancolia, do luto, do supereu, das relações de objeto, do narcisismo, da pulsão de morte, das identificações e do complexo de Édipo, procurando, sempre que possível, remetê-las ao caso clínico que se ofereceu como ponto de articulação das temáticas estudadas. Como se pode notar, são incontáveis as possibilidades de articulação entre os conceitos e passagens do campo psicanalítico que cruzaram nosso caminho ao longo da trajetória percorrida.
Era inevitável, portanto, que algumas dessas amarrações permanecessem frouxas, demandando maior investimento, e que outras delas, por sua fertilidade, tenham nos seduzido a seguir, sempre em vão, na tentativa de alcança-las por inteiro. Lembrando a referência feita aqui ao texto de Renata Cromberg, para sustentar também uma fala viva e verdadeira por parte deste neurótico obsessivo que vos escreve, é igualmente preciso vigiar o imaginário e o narcisismo, renunciando aos encantos da coerência e de um saber estéril que ignora o desconhecido. Chegar ao fim de um trabalho com a certeza de que as questões levantadas seguem dispostas pra além de nossa capacidade de dar-lhes continência e voz constitui a fonte de inspiração que garante a continuidade da pesquisa psicanalítica e o esforço de apuração da escuta clínica, na dança e nos tropeços que compõem o campo do conhecimento em que nossos investimentos e laços se cruzam.
Por falar em escuta clínica, a escolha do caso trabalhado neste espaço levou em conta, além da oportunidade que oferece à articulação proposta, o desejo deste analista de elaborar o luto do abandono sofrido pelo paciente aqui chamado de Antônio, e de produzir algum saber acerca da enriquecedora experiência de escuta-lo em sua narrativa possível da própria história, na tentativa de encontrar e construir um lugar habitável diante dela.
A escuta e o manejo transferencial da neurose obsessiva seguem instigantes e desafiadores, na angústia que mobilizam, na resistência rochosa produtora de silêncios, por vezes paralisante e ensurdecedora, mas também na vivacidade que convocam. Complexidades paradoxais compositoras de uma errância que parece habitar também o sujeito obsessivo, representada na adorável imagem de um porco-espinho, proposta por Décio Gurfinkel para se referir à neurose obsessiva, já anteriormente retomada por Freud para pensar o pacto civilizatório humano e, originalmente, remetida a uma parábola de Schopenhauer[9], em que o desejo de amar e o imperativo de agredir estão amalgamados, produzindo sua característica imobilidade, mas também apontando para suas possibilidades tão próprias e singulares de enlaçamento. ♦
Referências
BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005.
BOUVET, Maurice. (2005) O ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e mecanismos de defesa. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 20015; pp. 51-124.
CROMBERG, Renata. (2014) Prefácio: O romance da neurose obsessiva. In: DELORENZO, Rubia. Neurose Obsessiva. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014; pp. 13-23.
DELORENZO, Rubia. Neurose obsessiva. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014.
GURFINKEL, Décio. (2005) Ódio e inação: o negativo na neurose obsessiva. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005; pp.237-294.
SCHOPENHAUER, Arthur. (1851) Seis ensaios de Parerga e Paralipomena, pequenos escritos filosóficos. Trad. Rosana Jardim Candeloro. Porto Alegre: Zouk, 2016.
* Lucas Sessa é psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e psicanalista pelo Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Especialista em Transtornos Alimentares pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Tem experiência clínica em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), acompanhamento terapêutico, atendimento ambulatorial hospitalar, coordenação de grupos terapêuticos, e consultório particular, desde 2011, onde atende casais, adolescentes e adultos. Contato:. lucas.sessa@gmail.com
[1] Este trabalhado foi originalmente elaborado como parte do programa do Curso de Especialização em Psicanálise do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, que envolve, entre outros, um seminário teórico sobre as neuroses e outro sobre o narcisismo.
[2] GURFINKEL, Décio. (2005) Ódio e inação: o negativo na neurose obsessiva. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005; pp.237-294.
[3] CROMBERG, Renata. (2014) Prefácio: O romance da neurose obsessiva. In: DELORENZO, Rubia. Neurose Obsessiva. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014; pp. 13-23.
[4] CROMBERG, Renata. (2014) Prefácio: O romance da neurose obsessiva. In: DELORENZO, Rubia. Neurose Obsessiva. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014; pp. 13-23.
[5] GURFINKEL, Décio. (2005) Ódio e inação: o negativo na neurose obsessiva. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005; pp. 237-294.
[6] GURFINKEL, Décio. (2005) Ódio e inação: o negativo na neurose obsessiva. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005; pp. 237-294.
[7] BOUVET, Maurice. (2005) O ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e mecanismos de defesa. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 20015; pp. 51-124.
[8] BOUVET, Maurice. (2005) O ego na neurose obsessiva. Relação de objeto e mecanismos de defesa. In: BERLINCK, Manuel (org.). Obsessiva Neurose. São Paulo: Editora Escuta, 2005; pp. 51-124.
[9] “Uma sociedade de porcos-espinhos se juntou em um frio dia de inverno e para evitar o congelamento procuraram se esquentar mutuamente. Contudo, logo sentiram os espinhos uns dos outros, o que os fez voltarem a se separar. Quando a necessidade de calor os levou a aproximar-se outra vez, se repetiu aquele segundo mal; de modo que oscilaram de um lado para o outro entre ambos os sofrimentos até que encontraram uma distância média na qual puderam resistir melhor.” (SCHOPENHAUER, Arthur. (1851) Seis ensaios de Parerga e Paralipomena, pequenos escritos filosóficos. Trad. Rosana Jardim Candeloro. Porto Alegre: Zouk, 2016)
COMO CITAR ESTE ARTIGO | SESSA, Lucas Simões. Neurose obsessiva e melancolia: “patologias do supereu” – um estudo comparativo a partir da análise de um caso clínico – ou – como ama o porco espinho?. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -7, p. 8, 2019. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2019/08/02/n-7-8/>.