[ Zionism, Marxism, and Psychoanalysis: Hungarian (Jewish) intellectuals in Transilvania and in Hungary after 1918 ]
por Ferenc Erős
Tradução | Paulo Sérgio de Souza Jr.
As raízes da psicanálise húngara nos remetem ao contexto cultural judeo-germano-polonês por meio da origem de sua figura mais importante, Sándor Ferenczi. Seu pai, Baruch Fraenkel, nasceu em 1830 na Cracóvia, e tinha 14 anos quando família Fraenkel se mudou para a Hungria, radicando-se em Miskolc, uma cidade pequena na região norte do país. Os filhos de Baruch nasceram na Hungria, mas em sua família ao menos quatro línguas eram faladas: alemão, iídiche, polonês e húngaro. Seu filho Sándor nasceu em 1873; o sobrenome foi modificado para “Ferenczi”, de sonoridade húngara, em 1879. Sándor Ferenczi terminou os estudos em Miskolc no ginásio da Igreja Reformada; concluiu medicina em Viena e iniciou uma carreira médica em Budapeste. Conheceu Sigmund Freud em 1908, e fundou — com outros quatro membros — a Associação Psicanalítica Húngara em 1913.[1] Logo depois ele foi inscrito no exército austro-húngaro, servindo como cirurgião militar até o finalzinho da guerra. Durante todo o período, manteve laços estreitos com Freud por meio de contatos pessoais e cartas. Escreveu para Freud em 4 de outubro de 1918: “O colapso iminente do nosso velho mundo político — entre outros, do Globus Hungaricus — fere muito sensivelmente o nosso narcisismo. É bom ter, ao lado do ego húngaro, um ego judeu e um psicanalítico, que permanecem intocados por esses acontecimentos”[2]. Em 22 de outubro escreveu para Freud: “Esses dias estou dando um triste adeus à antiga Hungria. O sentimento que toma conta de mim no processo é similar ao luto. Ou seja, estou me dissociando de uma parte do país com que me identifiquei”[3]. Seu luto pelo colapso do “Globus Hungaricus”, como consequência da derrota na guerra e das revoluções, logo foi substituído por outra emoção: medo. Menos de um ano depois, em 23 de agosto de 1919, imediatamente depois da queda da República Soviética Húngara — que fez dele um professor universitário[4] —, ele escreveu para Freud:
Nós, judeo-húngaros, estamos enfrentando agora um período de brutal perseguição aos judeus. Dentro de um curto período de tempo, creio eu, eles nos terão curado da ilusão com a qual fomos criados; a saber, de que somos “húngaros de fé judaica”. Vejo o antissemitismo húngaro — proporcional ao caráter nacional — como sendo mais brutal que o dos austríacos, mesquinho e odioso. Muito em breve vai ficar evidente como é que alguém pode viver e trabalhar aqui. A melhor coisa para a Ψα., naturalmente, é continuar operando em completo afastamento e de modo silencioso. Pessoalmente, será preciso tomar esse trauma como uma oportunidade para abandonar alguns preconceitos trazidos do berço e chegar a um bom termo com a amarga verdade de ser, enquanto judeu, alguém realmente sem um país[5].
As palavras desesperançadas de Ferenczi significam o fim do “contrato assimilatório” entre a elite política húngara e a maioria da judeidade húngara que fora firmado após o Compromisso entre Áustria e Hungria em 1867, através da introdução das leis de emancipação. Após a guerra e o fracasso das revoluções, o regime contrarrevolucionário do almirante Miklós Horthy chegou ao poder, e o terror branco acometeu todo o país. A propaganda antissemita culpou os judeus pela derrota na guerra, pelo comunismo e, o mais importante, pela divisão do país entre os Estados sucessores (Tchecoslováquia, Romênia, Iugoslávia e Áustria), sancionado pelo Tratado de Trianon em 1920. No mesmo ano, o Parlamento húngaro aprovou um projeto de numerus clausus, a primeira lei antijudaica na Europa, que limitou seriamente o número de estudantes judeus que poderiam ser admitidos em universidades. Como consequência disso, uma onda de emigração começou partindo da Hungria: um grande número de jovens judeus foi estudar em universidades estrangeiras — Viena, Berlim, Praga, Brno, Milão, Bolonha, Roma, Paris etc. Muitos jovens intelectuais (artistas, cientistas, filósofos, psicanalistas etc.) deixaram o país para encontrar um novo lar na Alemanha, na Europa Ocidental e na América[6].
O Tratado de Trianon afetou seriamente o destino dos judeus húngaros também. A população judia da Grande Hungria em 1910 atingia quase um milhão. Depois de 1920, cerca de 600.000 judeus permaneceram no território da Pequena Hungria, e cerca de 200.000 (a maioria deles falantes de húngaro), na Transilvânia — que se tornou parte do Estado romeno. Dois terços dos judeus transilvanos pertenciam a comunidades ortodoxas, em contraste com a Hungria pós-Trianon, onde a maioria pertencia a comunidades neólogas[7]. Na Romênia eles ficaram em posição duplamente minoritária: como húngaros e como judeus. Tiveram de encarar um dilema: ou serem leais à “pátria-mãe” húngara —permanecendo “bons húngaros”, a despeito da drástica virada antissemita da política húngara —, ou serem judeus romenos, o que era uma escolha ainda menos atrativa em um país com um longo histórico de pogroms e de antissemitismo virulento[8]. Após 1919 parecia haver dois modos de sair desse dilema: o sionismo e o internacionalismo marxista.
O sionismo na Transilvânia depois de 1918 era um importante movimento político e cultural, ainda que sofresse uma severa oposição por parte das comunidades ortodoxas. O sionismo era muito mais forte na Transilvânia entre as duas guerras mundiais do que na própria Hungria, a despeito do fato de que Theodor Herzl — o fundador do sionismo — tenha nascido em Budapeste. Pertencer à nação judia mais que à húngara ou à romena era uma escolha atrativa para as gerações mais jovens de judeus transilvanos. Uma das lideranças do sionismo transilvano era Béla Székely, jornalista e psicólogo que é uma das figuras-chave deste meu artigo. O nome de Székely foi praticamente esquecido na Hungria, ao passo que ele era, e continua sendo, bastante bem conhecido no continente latino-americano, especialmente na Argentina — para onde em 1938, ele emigrou[9].
Ele nasceu em 1882 numa cidadela transilvana chama Bethlen (em romeno: Beclean) no antigo condado de Szolnok-Doboka. Não sabemos muito sobre seus primeiros anos. De acordo com as raras fontes bibliográficas, fez seus estudos em Nagyvárad (Oradea) e em Budapeste. Começou sua carreira literária como poeta, publicando um livro de poesias em 1912. Após a Primeira Guerra Mundial, trabalhou como colunista para vários jornais judaicos de língua húngara na Transilvânia. Em 1918 foi um dos fundadores — junto de seu colega Ernő Márton —, do semanário judaico Új Kelet (Novo Oriente), que foi publicado até 1940 em Kolozsvár (Cluj)[10]. Como escritor, escreveu diversas peças de teatro, ensaios, e traduziu contos do universo judaico de autores de língua alemã, como Karl Emil Franzos e Arthur Schnitzler. Como ativista sionista, desempenhou um importante papel em várias organizações políticas e culturais judaicas. Foi um dos fundadores da Associação Nacional de Judeus Transilvanos e manteve contato com organizações políticas e culturais sionistas na Palestina e em outros países. Era um ativista da Kéren Kayémet Le-Israel, o Fundo Nacional Judaico que fomentou compras de terra no território palestino[11]. Ele foi um dos iniciadores da Associação de Húngaros Judeus “Pró-Palestina”, visando envolver cada vez mais judeus húngaros que viviam na Hungria e em países vizinhos no trabalho material e espiritual de construir uma nova Palestina. Trabalhou também como correspondente da Agência Telegráfica Judaica e auxiliou no estabelecimento da Aviva, a associação internacional de moças judias. Em 1925, Székely — na qualidade de correspondente do Új Kelet — visitou a Palestina e publicou um livro-reportagem repleto de entusiasmo, intitulado Vajúdó ország (O país nascente), no qual descreve os problemas políticos, econômicos e étnicos do território contemporâneo da Palestina — um mandato britânico, na época — e enfatiza a significância do trabalho agrícola, industrial e social feito pelos khalutzím, pelas comunidades de jovens pioneiros[12]. No mesmo ano, foi eleito como delegado transilvano para o Congresso Mundial Judaico.
O internacionalismo marxista como uma alternativa ao sionismo era representado na Transilvânia por vários periódicos de esquerda, socialistas e comunistas. Um dos fóruns mais notáveis dos comandos intelectuais de esquerda na Europa Oriental era, nessa época, uma revista chamada Korunk (Nosso Tempo), um periódico editado pelo escritor e filósofo marxista Gábor Gaál, e publicado em Kolozsvár[13]. Muitos dos que enviavam contribuições para a revista eram intelectuais de esquerda Transilvânia, bem como da Hungria e de outros países vizinhos, como a Tchecoslováquia. O periódico era basicamente um fórum legal do partido comunista (na Hungria, o partido comunista havia sido banido, mas não era esse o caso na Romênia daquela época). A revista, contudo, não seguia uma “linha parcial” estrita; ela era aberta a várias abordagens, visões não ortodoxas ou críticas, opondo-se aos direcionamentos de Moscou. Nos 14 anos de existência (1926-1940), centenas de artigos tratando da psicanálise e assuntos relacionados foram ali publicados. Korunk era provavelmente o fórum mais significativo para a recepção da psicanálise na vida intelectual húngara. Os artigos eram estilística e tematicamente muito diferentes: artigos científicos, ensaios, resenhas, reflexões jornalísticas, declarações ideológicas sobre a psicanálise e outras escolas de psicologia profunda (a psicologia individual de Adler e a “análise médica” de Wilhelm Stekel). Korunk publicou originais de psicanalistas húngaros e não húngaros (e.g. Freud, Sándor Ferenczi, Zsigmond Pfeifer, Wilhelm Reich); publicou resenhas de livros e artigos de jornal de Imre Hermann, Ferenczi, Géza Róheim, Wilhelm Reich, Erich Fromm, Oskar Pfister etc.). Korunk destinou amplo espaço às candentes controvérsias em curso a respeito da psicanálise e sua relação com o marxismo, as quais se deram nesse período na União Soviética, na Alemanha e noutros lugares[14]. Foram publicados muitos artigos tratando da avaliação e da crítica da psicanálise, escritos por filósofos, escritores, médicos. Korunk lidou amplamente com os problemas da aplicação da psicanálise à educação infantil, a problemas sociais (pobreza, criminalidade, prostituição), aos problemas da sexualidade e da família, à higiene mental (prevenção ao suicídio, alcoolismo etc.) e, não menos importante, à psicologia das massas (fascismo, guerra, antissemitismo). O autor mais prolífico no âmbito desse último tópico era um médico húngaro, Béla Neufeld, que na verdade vivia na Tchecoslováquia. Estava bem familiarizado com os trabalhos e atividades de Wilhelm Reich, apresentando-o ao público de língua húngara. Um capítulo de Psicologia de Massas do Fascismo, de Reich, tratando da propaganda nazista e do símbolo da suástica, também foi publicado na Korunk[15].
Korunk pode ter sido uma importante fonte intelectual para Béla Székely, que, deixando para trás suas atividades sionistas na Transilvânia, se mudou para a Hungria, radicando-se em Budapeste no final dos anos 1920. Pode-se supor, apenas, os motivos dessa decisão: em vez do provincianismo de sua região nativa, ele foi atraído pela atmosfera mais cosmopolita da capital húngara. Ele se mudou para Budapeste também porque, provavelmente, estava procurando um tratamento para a sua própria neurose; e, além disso, no intuito de receber formação psicoterapêutica. Em Budapeste, continuou a trabalhar como jornalista autônomo e contribuiu com a ala esquerda das revistas artísticas e sócio-políticas de vanguarda que floresceram na Budapeste do final dos anos 1920 e dos anos 1930, sobretudo Dokumentum e Munka (Trabalho) — revistas encabeçadas pelo poeta e pintor vanguardista Lajos Kassák, e pelo artista gráfico, fotógrafo e designer Bauhaus László Moholy-Nagy. Székely escreveu, no mais das vezes, sobre questões sociais, sobre as condições da classe operária, sobre os problemas sexuais da juventude e os direitos das mulheres. Também publicou críticas literárias e entrevistas. Para a revista literária húngara A Toll[16], entrevistou, entre outros, o escritor austríaco Stefan Zweig[17]. Perguntou a Zweig a respeito de sua visita recente à União Soviética e sobre a opinião do escritor acerca da “traição” dos escritores húngaros. Após a publicação da entrevista, ela foi banida pelas autoridades como “propaganda comunista”.
No período em que esteve em Budapeste, as opiniões de Székely radicalizaram-se muito rapidamente numa direção marxista, comunista. Também atualizou as experiências da visita que fez à Palestina alguns anos antes, agora apresentando coletivos khalutzím como sendo um “laboratório experimental” para o desenvolvimento de um “tipo novo e coletivista de homem”, como sendo “a chave para a sociedade futura”, como “a solução da questão judaica”. Ao mesmo tempo, foi se envolvendo cada vez mais com a educação e a psicologia profunda, com a psicanálise, bem como com a psicologia individual adleriana. Seu livro publicado em 1934 com o título de A te gyereked… A modern nevelés kézikönyve [Seu filho… O manual da educação moderna] teve bastante sucesso, recebendo um punhado de resenhas positivas e sendo posteriormente publicado em alemão e espanhol, também[18]). O livro foi escrito num espírito moderno, esclarecido; espírito que desafiava a abordagem católica e moralizante de educar e criar os filhos que imperava na Hungria daquela época. Nesse livro ele tentou combinar a moderna psicologia desenvolvimentista e educacional (Jean Piaget, Karl e Charlotte Bühler, Édouard Claparède, William Stern) com as ideias de Freud sobre o desenvolvimento da sexualidade e o ensino de Alfred Adler sobre o complexo de inferioridade. Cumpre mencionar que a psicanalista Alice Bálint, esposa de Mihály Bálint, publicou em 1932 um livro sobre “a psicologia do berçário”[19]) num espírito progressista muito semelhante[20].
Não sabemos se Székely chegou a receber alguma formação psicanalítica formal (freudiana, adleriana ou stekeliana), ou se foi um “autodidata”. O fato é que ele estava bastante familiarizado com as obras e conferências dos psicanalistas húngaros mais importantes de sua época: Sándor Ferenczi, Géza Róheim, Vilma Kovács, Imre Hermann, Mihály e Alice Bálint. Entretanto, parecia estar mais atraído pela psicologia individual adleriana do que pelo freudismo “ortodoxo”. Os seguidores de Adler formaram um grupo especial na Hungria, a Associação Húngara de Psicologia Individual, liderada pelo advogado e psiquiatra István Máday, que foi o pioneiro no campo da proteção à criança na Hungria. Um dos líderes do movimento adleriano na Hungria foi o Dr. István Kulcsár (1901-1986), um ginecologista, neurologista e psiquiatra que foi também membro do Partido dos Húngaros Comunistas — um partido clandestino. Era seguidor de Manès Sperber e de outros adlerianos que trabalhavam com a síntese do materialismo dialético marxista e a psicologia individual de Adler[21]. Székely conheceu Kulcsár, que o convidou para dar palestras nos seminários e cursos anunciados por institutos operários e outros fóruns de autoinstrução socialista, organizados no âmbito do Partido Social-Democrata. Székely ministrou diversas palestras nos encontros da Associação de Médicos Socialistas, também; e também trabalhou como terapeuta em ambulatórios fundados por organizações de trabalhadores para tratar problemas sexuais da juventude. Seu livro sobre A sexualidade dos anos de infância[22] é oriundo, provavelmente, de sua própria experiência clínica.
Através de Kulcsár ele conheceu um dos pacientes do doutor, o jovem poeta Attila József (1912-1937), e eles logo se tornaram grandes amigos. Attila József vinha de um bairro pobre e proletário de Budapeste. Seu pai veio originalmente da Romênia, e deixou a família quando Attila tinha três anos de idade. Durantes alguns anos foi criado por pais adotivos num vilarejo. Sua mãe era lavadeira e morreu quando ele tinha 14 anos. No início dos anos 1930 ele já era um poeta célebre, também ligado ao Partido Comunista clandestino. Como teórico marxista, escreveu diversos (embora fragmentários em sua maioria) ensaios sobre filosofia marxista e a relação entre marxismo e psicanálise. Ele era, ao lado do supracitado Béla Neufeld, um dos primeiros seguidores e propagadores húngaros das ideias de Wilhelm Reich acerca da síntese Freud-Marx, da política sexual e da psicologia das massas do fascismo. Como poeta, deu uma expressão artística às suas ideias concernindo a um possível papel da psicanálise na compreensão da sociedade contemporânea individual, bem como seus próprios conflitos pessoais e crises emocionais. Também experimentou traduzir alguns dos conceitos freudianos e reichianos para o linguajar de sua própria poesia. De acordo com seu amigo Arthur Koestler, Attila József criou “uma nova ramificação de poesia […] a canção popular freudiana”[23]. Como paciente, foi tratado por vários psicanalistas e psiquiatras até seu suicídio em 1937[24].
Attila József certamente exerceu uma grande influência em Béla Székely, no que se refere à formação de suas opiniões sobre a psicanálise e o marxismo. Béla Székely e István Kulcsár fundaram juntos uma revista chamada Emberismeret [Conhecimento humano], um periódico adleriano-freudiano que foi publicado em 1935-36, sobrevivendo até sua quinta edição. Os tópicos das edições abrangeram um amplo escopo: dos estudos grafológicos aos estudos sobre o suicídio, das confissões de escritores húngaros sobre a psicanálise à psicologia das massas, dos estudos sociológicos e criminológicos às questões da vida amorosa e das pulsões etc. Kulcsár e Székely mantiveram correspondência com Siegfried Bernfeld[25], cujo artigo sobre puberdade masculina também foi publicado na revista[26]. O texto de Wilhelm Reich “Psicanálise e socialismo” — na realidade, um capítulo do seu Materialismo dialético e psicanálise — foi publicado na edição especial “A favor e contra a psicanálise”, traduzido por Attila József[27]. O poeta publicou um conto breve na edição especial sobre “Suicídio”, na qual descreveu um episódio de sua tentativa de suicídio quando ele tinha nove anos de idade. Székely publicou vários artigos sobre repressão sexual e educação, e na edição especial sobre “A massa”, publicou também um extenso ensaio sobre a “Psicanálise do antissemitismo”. Uma versão estendida desse artigo foi publicada em forma de livro, com o título Az antiszemitizmus és története [O antissemitismo e a sua história] no mesmo ano[28]. O livro de Székely foi um dos primeiros estudos psicanalíticos sobre o antissemitismo, precedendo O homem Moisés e o monoteísmo, de Freud, e os trabalhos ulteriores de Imre Hermann, Theodor Adorno, Bruno Bettelheim, Ernst Simmel, Rudolf Loewenstein e outros[29]. Para Székely, a chave para entender o antissemitismo jaz na psicologia das massas de Freud, no fenômeno que Freud chamou, em O mal-estar na civilização, de “narcisismo das pequenas diferenças”. Como exemplo ele cita um artigo de jornal da Alemanha nazista: “A Associação Alemã de Cegos excluiu os cegos judeus de seu quadro de membros”. Székely encontra mais explicações para o antissemitismo na Psicologia de Massas do Fascismo, de Reich, concernindo à relação entre teoria das raças e repressão sexual, e a formação da personalidade rígida, preconceituosa e autoritária.
Enquanto marxista, a análise de Székely enfatizava a primazia de fatores políticos e econômicos na explicação do papel do antissemitismo ao longo da história moderna. No final de seu livro, ele delineou “três caminhos de judaísmo”. O primeiro é a ortodoxia: uma aderência rígida ao Pai, uma saída no mito de ser o “povo eleito”. O segundo é a assimilação: a revolta contra o Pai arcaico, e buscando um “novo Deus”. O terceiro é o sionismo: o retorno ao matriarcado. Ele remetia a Theodor Herzl, que diferenciava entre “Pátria” (Vaterland), que são os estados-nações dos quais os judeus da diáspora são efetivamente cidadãos, e “Mátria” (Mutterland), ao qual eles realmente pertencem. Entretanto, como Székely então argumenta, a Palestina pode não ser essa “Mátria” por causa de sua situação geopolítica, sua dependência em relação aos interesses do imperialismo britânico, e de suas relações étnicas exacerbadas (hostilidade entre judeus e árabes); assim sendo, nunca seria possível eliminar o antissemitismo. Como uma alternativa, Székely simpatizava com o tratamento da “questão nacional” na União Soviética, onde judeus eram vistos como uma nacionalidade separada, e a “autonomia nacional” era constitucionalmente garantida para eles: era “socialista no conteúdo, nacionalista na forma”. O exemplo de Székely era Birobidjan, a região autônoma judaica no Extremo Oriente soviético (estabelecido nos anos 1920 por ordem de Stálin).
Como bem se pode ver, Székely deve ter tido sérias ilusões a respeito do tratamento soviético da “questão judaica”, mas certamente não tinha ilusões a respeito do que estava por acontecer com os judeus húngaros, após a Anschluss [Anexação] e a introdução da legislação antijudaica na Hungria em 1938. No mesmo ano ele emigrou, junto com sua esposa, para a Argentina. Ele foi um dos milhares de emigrantes judeus que encontraram refúgio na América Latina[30]. Székely radicou-se em Buenos Aires; ele rapidamente aprendeu espanhol, no intuito de difundir as ideias psicanalíticas na Argentina e ali fundar a primeira sociedade psicanalítica. Publicou um livro popularizando a psicanálise[31], mas seu plano de criar uma associação não deu certo. A Associação Psicanalítica Argentina oficial — fundada, por fim, em 1942 sob os auspícios de Ernest Jones — não aceitou a afiliação de Székely, uma vez que ele não tinha titulação médica. Ao mesmo tempo, ele fundou um Instituto Sigmund Freud em Buenos Aires, que lidava sobretudo com psicologia aplicada, higiene mental, aconselhamento educacional e professional, e avaliação de aptidões e habilidades. O seu nome ficou bem conhecido em todo o continente latino-americano depois de suas apostilas de psicologia — um dicionário psicológico em dois volumes[32] — e de um manual prático, amplamente utilizado, de psicodiagnóstico e de exames clínico-psicológicos, incluindo testes de inteligência, técnicas psicométricas e testes projetivos como o de Rohrschach e o de Szondi[33]. Ele publicou seus livros húngaros em espanhol, em edições revisadas[34]. Volto também ao jornalismo, editando A Jövő (O Futuro), um jornal de esquerda em língua húngara publicado na Argentina. Em 1945-1946 organizou ações de ajuda para os judeus húngaros sobreviventes do Holocausto. Em psicanálise, permaneceu fiel à orientação reichiana, freudo-marxista, em oposição à psicanálise argentina convencional. Contudo, nos anos 1950 os seus interesses se voltaram para a psicologia da religião, convertendo-se ao catolicismo e, em 1954, sendo convidado a lecionar na Universidade Católica de Santiago do Chile — onde organizou a formação de psicólogos profissionais. Voltou poucas vezes para a Europa, mas nunca mais visitou a Hungria. Manteve contato com colegas europeus como Viktor Frankl, em Viena; Leopold Szondi, em Zurique; e Harald Schultz-Henke, em Berlim. Morreu em 1955, aos 62 anos de idade, num recanto perto de Buenos Aires, em decorrência de um ataque cardíaco.
Diferentes destinos aguardavam por seus amigos em Budapeste. O poeta Attila József, como mencionado antes, cometeu suicídio em 1937, aos 32 anos de idade, consumando a tentativa do menino de nove anos que ele descrevera em seu escrito sobre o suicídio. Atirou-se debaixo das rodas de um trem numa cidadela perto do lago Balaton. Após sua morte prematura, foi celebrado como um dos maiores poetas nacionais do século 20, e o grande poeta o movimento proletário. Entretanto, a relação de sua poesia e de seu pensamento com a psicanálise foi, por um longo tempo, nas décadas do socialismo de Estado, tratada como “tabu” ou rejeitada como desvio do marxismo “autêntico”, ou como uma obsessão pessoal, um sintoma de “doença mental”. De lá para cá, a maior parte dos seus textos psicanalíticos e filosóficos foram sendo publicados e interpretados[35].
O parceiro de Székely na edição do periódico Emberismeret, Dr. István Kulcsár, permaneceu na Hungria, trabalhou como neurologista e, durante a Segunda Guerra Mundial, na qualidade de judeu, realizou trabalhos forçados no Exército húngaro junto à frente russa de batalha. Depois da guerra, tornou-se vice-presidente da Associação Sionista Húngara. Simultaneamente, foi membro do Partido Comunista. Depois de o movimento sionista na Hungria ser liquidado, em 1950, emigrou para Israel e, com o nome de Shlomo Kulcsar, trabalhou como psiquiatra em diversos hospitais. Como chefe do departamento psiquiátrico do hospital Tel Hashomer em Ramat Gan, foi designado para a avaliação psicológica da “mente de Eichmann” durante o processo contra o criminoso de guerra em 1961. Em sua ponderação sobre o caráter de Eichmann, Kulcsár utilizou, ao lado de outros métodos, uma bateria de diferentes testes psicológicos, incluindo o teste de Leopold Szondi, de “análise do destino”. Ele publicou os resultados de suas apreciações posteriormente, desafiando a concepção de Arendt de “banalidade do mal”.[36]. Kulcsár morreu em 1986, aos 85 anos.
Em 1940, o Exército Húngaro, com a permissão de Hitler e Mussolini, marchou para a Transilvânia, rumo a Kolozsvár. A parte setentrional da Transilvânia foi reintegrada ao Estado húngaro. Partidos e jornais de esquerda foram imediatamente proibidos, e as leis destinadas aos judeus, já em vigor na Hungria, foram imediatamente estendidas à população judia do Norte da Transilvânia. A maioria dos judeus que viviam nessa região foi deportada pelo governo húngaro — com a ajuda das unidades SS de Eichmann — para Auschwitz, a 60 km da cidade onde o pai de Sándor Ferenczi nasceu. E então voltamos à Cracóvia, onde a nossa jornada havia começado. ♦
Referências
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* Ferenc Erős é consultor científico do Instituto de Psicologia da Academia Húngara de Ciências e professor titular do Departamento de Psicologia Social da Universidade de Pecs. Suas principais áreas de pesquisa incluem estudos empíricos e análises teóricas no âmbito da psicologia social da identidade, das relações intergrupais, do preconceito e da discriminação social. Dedica-se também à psicologia social das transformações sociais, realizando estudos comparados sobre a representação social da democracia; sobre questões históricas e teóricas da psicologia social psicanalítica e a história intelectual da psicanálise na Hungria. Participou de vários grupos de pesquisa internacionais e recebeu bolsas de estudos nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, na Grã-Bretanha, em Israel e na Áustria.
** Paulo Sérgio de Souza Jr. é psicanalista, linguista e tradutor. Com pós-doutoramento pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, é doutor e bacharel em linguística pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Responsável pela tradução de diversos autores do campo da psicanálise, idealizou e traduz os textos da plataforma digital Escritos Avulsos (www.escritosavulsos.com), que publica traduções, inéditas em português, de obras de Jacques Lacan.
[1] Sobre a história do movimento psicanalítico húngaro, cf. HARMAT, Paul (1988) Freud, Ferenczi und die ungarische Psychoanalyse. Tübingen: Edition Diskord.
[2] FERENCZI, Sándor (1918a) “Letter from Sándor Ferenczi to Sigmund Freud, October 25, 1918 [Letter n. 760]”. In: FALZEDER, Ernst; BRABANT, Eva; GIAMPIERI-DEUTSCH, Patrizia (Org.) The Correspondence of Sigmund Freud and Sándor Ferenczi, vol. 2 [1914-19], 1996; p. 297
[3] FERENCZI, Sándor (1918b) “Letter from Sándor Ferenczi to Sigmund Freud, Outubro 25, 1918 [Letter n. 766]”. In: FALZEDER, Ernst; BRABANT, Eva; GIAMPIERI-DEUTSCH, Patrizia (Org.) The Correspondence of Sigmund Freud and Sándor Ferenczi, vol. 2 [1914-19], 1996; p. 302.
[4] ERŐS, F. (2011). “‘Ein Erfolg, von dem wir nicht einmal zu träumen wagten’ Die Vorgeschichte und das Scheitern von Ferenczis psychoanalytischer Professur”. In: BERGER, Ágnes; HENNINGSEN, Franziska; HERMANNS, Ludger M.; TOGAY, János Can (Org.) Der psychoanalytische Aufbruch Budapeste-Berlin 1918-1920. Frankfurt am Main: Brandes & Apsel Verlag; pp. 69-84.
[5] FERENCZI, Sándor (1919) “Letter from Sándor Ferenczi to Sigmund Freud, August 28, 1919 [Letter n. 819]”. In: FALZEDER, Ernst; BRABANT, Eva; GIAMPIERI-DEUTSCH, Patrizia (Org.) The Correspondence of Sigmund Freud and Sándor Ferenczi, vol. 2 [1914-19], 1996; pp. 365-366.
[6] ERŐS, Ferenc (2013) “Psychoanalyse und die Emigration der mitteleuropäischen Intellektuellen in der ersten Hälfte des 20. Jahrhunderts”. In: HERMANNS, Ludger M.; HENNINGSEN, Franziska; TOGAY, János Can (Org.) Psychoanalyse und Emigration aus Budapeste und Berlin. Frankfurt: Brandes & Apsel Verlag; pp. 51-70.
[7] Sobre o movimento neólogo no interior do judaísmo húngaro, cf. RETHELYI, Mari (2017) Hungarian Nationalism and the Origins of Neolog Judaism, Nova Religio: The Journal of Alternative and Emergent Religions, vol. 18, n. 2, outono de 2014; pp. 67-82. Disponível em: <https://nr.ucpress.edu/content/18/2/67>.
[8] Sobre os judeus transilvanos e o sionismo, cf. SZALAI, Miklós (2004) Cionizmus, neológia, ortodoxia. A magyar zsidó identitás dilemmái a két világháború közötti Magyarországon [Sionismo, neologia, ortodoxia. A identidade judaica na Hungria entreguerras], Múltunk, vol. 49, n. 3; pp. 59-120.
[9] Para a biografia de Székely, cf. ÚJVÁRI, Péter [Org.] (1929) Magyar zsidó lexikon [Léxico judeu húngaro]. Budapest: Kiadó; DE GANDIA, Enrique (1958) Prólogo. In: SZÉKELY, Béla, Diccionario enciclopédico de la psique, 2ª ed.. Buenos Aires: Claridad; pp. 7-19; GARCÍA, Germán (2005) “Béla Székely, un analista a la deriva”. In: El psicoanálisis y los debates culturales. Ejemplos Argentinos. Paidós: Buenos Aires; HARMAT, Paul (1988) Freud, Ferenczi und die ungarische Psychoanalyse. Tübingen: Edition Diskord; STUBBE, Hannes (1988a) “Béla Székely (1.6.1892-9.12.1955) — ein ungarischer Psychologie-Pionier in Lateinamerika”. In: ERŐS, Ferenc; Kiss, György (Org.) Seventh European CHEIRON Conference. Budapest: Magyar Pszichológiai Társaság; pp. 598-608; HOPFENGÄRTNER, Johanna (2012) Apuntes para una biografía de Bela Székely (1892–1955), Revista de Psicología, vol. 12; pp. 187-210; VESZPRÉMY, László Bernát (2017) Lapunk alapítótársának életútja Palesztinától Argentínáig [B. Székely’s road from Palestina to Argentina], Új Kelet, 27 de janeiro de 2017.
[10] Depois da Segunda Guerra Mundial, Ernő Márton — que emigrou para Israel — refundou em 1946 a revista que se tornou o veículo de comunicação diário mais importante para a grande população falante de húngaro de Israel. Új Kelet existe até hoje, mas na forma de semanário.
[11] Cf. LIEBERMANN, Guido (2012) A psicanálise em Israel: sobre as origens do movimento freudiano na Palestina britânica (1918-1948). Trad. P. S. de Souza Jr. São Paulo: Annablume, 2019, passim (N. do T.)
[12] SZÉKELY, Béla (1925) Vajúdó ország: könyv az épülő Palesztináról [Um país nascente: um livro sobre a Palestina em construção]. Cluj: Kadima.
[13] Cf. ERŐS, Ferenc (1983) “Freudo-Marxism in Hungary: Some parallels between Wilhelm Reich e Attila József”. In: BEM, Sacha et al. (Org.) Studies in the history of psychology and the social sciences. Leiden: Psychologisch Instituut van de Rijksuniversiteit, 1983; pp. 223-ss. Cf. também: ERŐS, F. (2011). “‘Ein Erfolg, von dem wir nicht einmal zu träumen wagten’ Die Vorgeschichte und das Scheitern von Ferenczis psychoanalytischer Professur”. In: BERGER, Ágnes; HENNINGSEN, Franziska; HERMANNS, Ludger M.; TOGAY, János Can (Org.) Der psychoanalytische Aufbruch Budapeste-Berlin 1918-1920. Frankfurt am Main: Brandes & Apsel Verlag; pp. 69-84.
[14] Sobre essa controvérsia, cf. SANDKÜHLER, Hans Jörg (1970) (Org.) Psychoanalyse und Marxismus: Dokumentation einer Kontroverse. Frankfurt: Suhrkamp.
[15] REICH, Wilhelm (1934) A nemzetiszocializmus propagandája és a kampóskereszt [A propaganda do Nacional Socialismo e a suástica], Korunk, pp. 212-215. (Capítulo IV de Massenpsychologie des Faschismus).
[16] Do húngaro: A Caneta. (N. do T.)
[17] SZÉKELY, Béla (1929) Stefan Zweig nyilatkozata az irói hitvallásról, Ady Endrérõl, a magyar írók árulásáról és orosz útjáról, A Toll, vol. 18, n. 29-33.
[18] Em húngaro: SZÉKELY, Béla (1934) A te gyereked… A modern nevelés kézikönyve. Budapest: Pantheon. Em alemão: SZÉKELY, Béla (1937) Dein Kind. Wegweiser für Eltern und Erzieher über die moderne Kindererziehung auf psychologischer Grundlage. Leipzig/Wien: Deuticke; Em espanhol: SZÉKELY, Béla (1940a) Del niño al hombre: guía para los padres y los maestros sobre la educación de los niños. Buenos Aires: Claridad.
[19] BÁLINT, Alice (1932) A gyermekszoba pszichológiája. Budapest: Athenaeum. (N. do T.)
[20] BALINT, Alice (1953) The psycho-analysis of the nursery. London: Routledge/Kegan Paul.
[21] SPERBER, Manès (1970) Alfred Adler oder das Elend der Psychologie. Frankfurt: Fischer.
[22] SZÉKELY, Béla (1935) A gyermekévek szekszualitása. Budapest: Pantheon. Em espanhol: SZÉKELY, Béla (1941) La evolución sexual de la infancia: tratado psicoanalítico sobre la educación y la higiene sexual. Buenos Aires: Claridad.
[23] KOESTLER, Arthur (1955) The invisible writing. Boston: The Beacon Press; pp. 175-181
[24] Cf. ERŐS, Ferenc (1983) “Freudo-Marxism in Hungary: Some parallels between Wilhelm Reich and Attila József”. In: BEM, Sacha et al. (Org.) Studies in the history of psychology and the social sciences. Leiden: Psychologisch Instituut van de Rijksuniversiteit, 1983; pp. 223-ss. Cf. também: ERŐS, Ferenc (1992) “Freudomarxista” volt-e József Attila? [Attila József era freudo-marxista?]. In: HORVÁTH, Iván; TVERDOTA, György (Org.) Miért fáj ma is? Az ismeretlen József Attila. Budapest: Balassi Kiadó; pp. 259-293.
[25] Essa correspondência foi publicada: KULCSÁR, István; SZÉKELY, Béla (1991) Letters to Siegfried Bernfeld, Thalassa, vol. 2, n. 2; pp. 129-131.
[26] BERNFELD, Siegfried (1936) Az egyszerű férfipubertás [A puberdade masculina comum]. In: KULCSÁR, István; SZÉKELY, Béla (Org.) Emberismeret, vol. II, n. 3: “Szerelem és ösztönélet” [Amor e vida pulsional]; pp. 81-94 [Trata-de da tradução húngara do texto alemão “Über die einfache männliche Pubertät”, publicado originalmente em 1935. Cf. BERNFELD, Siegfried, Antiautoritäre Erziehung und Psychoanalyse. Ausgewählte Schriften, vol. 2. Frankfurt am Main: März, 1969-70, pp. 630-648. (N. do T.)].
[27] REICH, Wilhelm (1935) “Pszichoanalízis és szocializmus” [Psicanálise e socialismo]. In: KULCSÁR, István; SZÉKELY, Béla (Org.) Emberismeret, vol. II, n. 1: “A pszichoanalízis mellett és ellen” [A favor e contra a psicanálise]; pp; 67-72 — trata-se da parte IV de Dialektische Materialismus und Psychoanalyse).
[28] SZÉKELY, Béla (1936) Az antiszemitizmus és története. Budapest: Tabor. Cf. também: SZÉKELY, Béla (1940b) Diccionario de psicología, 2 vols. Buenos Aires: Claridad, 2000.
[29] Sobre o discurso do antissemitismo em psicanálise, cf. FROSH, Stephen (2005) Hate and the “Jewish Science”. Anti-Semitism, Nazism and Psychoanalysis. London: Palgrave/Macmillan.
[30] Sobre o papel de psicólogos refugiados na América Latina, cf. GEUTER, Ulfried; LEÓN, Ramón (1990) Flucht nach Südamerika, Europäische Emigranten in der Lateinamerikanischen Psychologie, Psychologie und Geschichte, vol. 1, n. 4; pp. 24-37. Cf. também: STUBBE, Hannes (1988b) Zur Rezeption der europäischen Psychologie in Lateinamerika. In: ERŐS, Ferenc; KISS, György (Org.) Seventh European CHEIRON Conference. Budapest: Magyar Pszichológiai Társaság; pp. 609-617.
[31] SZÉKELY, Béla (1940c) El antisemitismo. Su historia, sociología, psicologia. Buenos Aires: Claridad.
[32] SZÉKELY, Béla (1940b) Diccionario de psicología, 2 volúmenes. Buenos Aires: Claridad, 2000.
[33] SZÉKELY, Béla (1946) Los tests. Buenos Aires: Kapelusz. Sobre a relevância do manual, cf. CAPELL, Heliodoro Carpintero; DEL BARRIO GÁNDARA, María Victoria (2011) Bela Szekely: Su libro “Los Tests” en el contexto Latinoamericano, Revista Latinoamericana de Psicología, vol. 43, n. 2; pp. 101-111.
[34] SZÉKELY, Béla (1940a) Del niño al hombre: guía para los padres y los maestros sobre la educación de los niños. Buenos Aires: Claridad; SZÉKELY, Béla (1940b) Diccionario de psicología, 2 volúmenes. Buenos Aires: Claridad, 2000; SZÉKELY, Béla (1940c) El antisemitismo. Su historia, sociología, psicologia. Buenos Aires: Claridad; SZÉKELY, Béla (1941) La evolución sexual de la infancia: tratado psicoanalítico sobre la educación y la higiene sexual. Buenos Aires: Claridad; SZÉKELY, Béla (1943) El niño neurótico: introducción a su reeducación y psicoterapia. Buenos Aires: El Ateneo.
[35] Cf. ERŐS, Ferenc (1983) “Freudo-Marxism in Hungary: Some parallels between Wilhelm Reich and Attila József”. In: BEM, Sacha et al. (Org.) Studies in the history of psychology and the social sciences. Leiden: Psychologisch Instituut van de Rijksuniversiteit, 1983; pp. 223-ss. Cf. também: ERŐS, Ferenc (1992) “Freudomarxista” volt-e József Attila? [Attila József era freudo-marxista?]. In: HORVÁTH, Iván; TVERDOTA, György (Org.) Miért fáj ma is? Az ismeretlen József Attila. Budapest: Balassi Kiadó; pp. 259-293.
[36] Cf. KULCSÁR, István Shlomo (1966) Adolf Eichmann and the Third Reich”. In: SLOVENKO, Ralph: Crime, Law e Corrections. Springfield: Thomas. Cf. também: BRUNNER, José (2000) Eichmann’s Mind: Psychological, Philosophical, and Legal Perspectives, Theoretical Inquiries in Law, vol. 1, n. 2.
COMO CITAR ESTE ARTIGO | ERŐS, Ferenc (2019) Sionismo, marxismo e Psicanálise: Intelectuais húngaros (judeus) na Transilvânia e na Hungria após 1918 [Trad. C. P. S. Souza Jr.]. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -8, p. 2, 2019. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2019/12/08/n-8-02/>.