por Anna Carolline Brizola Bolba de Oliveira e Priscilla Melo Ribeiro de Lima
“Perguntei a D. Lúcia, minha avó, o que achava sobre as telas de Aleah Chapin, então disse: Não! Essa veiarada pelancuda, não tenho coragem de andar assim, mal uso biquíni. Me devolveu a pergunta com um olhar desafiador, ao ouvir minha curta resposta retrucou rapidamente: não se deve andar pelado, menos ainda se for velho!”
Introdução[1]
Breve história do corpo
Conciliar a importância de vivenciar a velhice na contemporaneidade a obras de arte e à literatura, pode promover maior diálogo entre as práticas reais e históricas do modo como o sujeito velho é visto e os moldes de idealização do corpo ao longo dos séculos. Dentre as produções culturais que retratam a velhice destacamos as de Rachel de Queiroz que traça caminhos de sua velhice em uma escrita bastante direta, e de Aleah Chapin que tece em seus gigantes quadros imagens de mulheres velhas expondo com leveza seus corpos nus. A velhice feminina exposta tão abertamente e uma possível análise qualitativa de obras que sensibilizam outras manifestações femininas e podem ser uma tentativa de elaboração da passagem do tempo que deixa suas marcas no corpo.
O processo de envelhecimento tem como um dos seus aspectos mais evidentes as mudanças corporais ao longo de toda a vida. Sendo assim, ao pensar a velhice, faz-se necessário aproximar do corpo velho para que se possa compreender melhor essa etapa da vida. Conciliar a importância de vivenciar a velhice na contemporaneidade às obras de arte, promove maior diálogo entre as práticas reais e históricas do modo como o idoso é visto e os moldes de idealização do corpo no século XXI, hesitante na “lógica corporal”[2].
A história da humanidade pode ser analisada partindo da relação de mulheres e homens com seus corpos. Mas essa relação não se dá de forma igualitária apesar de nossa língua portuguesa tentar generalizar e diminuir essas diferenças através da homogeneização presente nas palavras masculinas ao nos referirmos à totalidade. Mesmo tentando fazer essa diferenciação ao usarmos ambas as palavras no masculino e no feminino — a mulher idosa, o homem idoso — em alguns momentos foi necessário utilizarmos as palavras sujeito idoso para nos referirmos a homens e mulheres. Nos deparamos, assim, com certas impossibilidades presentes em nossa língua que na tentativa de representar simbolicamente certas experiências comuns a ambos os gêneros, não encontramos palavras que trouxessem uma melhor forma de representar a incrível diversidade existente nos corpos. De todo modo, endossa-se o pedido de complacência por parte de uma escrita pequena e faltosa, que soube apenas existir até hoje por traços patriarcais. Contudo, a tentativa de respeito aos corpos diversos acalenta a proposta de seguir tentando.
Nos primeiros períodos do surgimento da raça humana foi necessário ter um corpo forte para sobreviver, caçar e proteger a prole. Aos poucos, esses corpos passam a ser compreendidos para além da busca por subsistência e sobrevivência. No Antigo Egito, o corpo embalsamado passava por uma preparação de mais de 30 dias durante a qual as vísceras eram regadas em lavandas aromáticas e o corpo morto recebia cuidados especiais. Proença[3] destaca que os corpos dos faraós, já embalsamados, eram postos em sarcófagos de madeira esculpida e banhada a ouro, pois acreditava-se que era preciso não violar o corpo que sustentou uma alma durante toda a vida.
Na Antiguidade, o velho estava ligado ao ancião, cujas marcas corporais da velhice estavam associadas à sabedoria. Na Idade Média, o corpo passou a ter um valor místico e estético, e muito associado ao trabalho. Era um corpo utilitário, tal qual uma ferramenta, mas também era um corpo visto como portador do mal. Em parte das religiões, em seus preceitos ascéticos, o corpo era experimentado como lugar propício às paixões e pecados, devendo ser submetido a jejuns, castigos e suplícios para se redimir[4].
Outra imagem do corpo presente nessa época era a do corpo fragmentado pela guilhotina – instrumento utilizado como ameaça e execução mediante às violações das regras sociais. Após a execução da pena de morte por decapitação, Moraes[5] destaca que havia uma exposição das cabeças lançadas de seus corpos caídos, e que ao ser decapitado, no corpo cindido em partes, o rosto revelava o “verdadeiro retrato do monstro”[6], como quem desmascara um desertor.
A partir da Renascença, temos a construção de uma representação do corpo idealizado a partir da imagem do corpo jovem, belo e sexualmente ativo. Dessa forma, se considerado o processo histórico da humanidade, não haverá caminho mais certeiro que o da representação do corpo e de seu papel nas sociedades humanas. Carreteiro destaca que:
A maneira pela qual os libertinos e os preciosos da aristocracia, nos séculos XVII e XVIII, cuidavam de seu corpo, a fim de dar-lhe a melhor aparência possível, assemelha-se estranhamente à preocupação contemporânea com o corpo[7].
A partir da Modernidade, o corpo vai tomando vias irremediáveis de envolvimento com sua imagem, passando a dispor de um valor estético como nunca antes experienciado. Neste curso, podemos perceber que a velhice passou a ser concebida como uma etapa de decadência do corpo humano, o que faz sua existência estar ligada ao percurso histórico e ao tempo[8]. Dessa maneira, vemos algumas mudanças na forma como a imagem corporal é construída. Essas novas representações que surgem, refletem a presença de um discurso hegemônico que associa o corpo belo ao corpo jovial. Por consequência, o corpo envelhecido acaba se transformando em um corpo de perdas[9].
Velhice contemporânea
A velhice requer do idoso conviver com os esquecimentos, os não-lugares e as faltas e falhas biológicas. Viver assim é se defrontar com um real que evoca o desprazer, a passagem do tempo e a morte. Mas, afinal, o que significa ter um corpo velho, adunco? É, possivelmente, viver os obstáculos que a velhice coloca e é, contudo, tentar sustentar-se para se encarar frente ao espelho[10]. Experimentar o envelhecimento do corpo leva o sujeito a enfrentar uma perda narcísica ligada à sua imagem corporal.
Diferentemente da infância, o sujeito velho se olha no espelho e não mais existe aquela primeira identificação com um corpo desejado e celebrado pelo outro. Há, na verdade, uma fragmentação de seu próprio corpo e sua face. Lacan[11] ressalta como a forma unitária do corpo vivenciada no reflexo do espelho, a partir da infância, diz de uma imagem refletida no olhar do outro cujos efeitos externos potencializam o sujeito na construção de uma imagem idealizada de si mesmo. O discurso presente no cotidiano do sujeito velho tece uma representação parcializada desse corpo e o reduz às suas partes – coração, veias, estômago, ossos, intestino, olhos, ouvidos, cabeça…
A partir da Modernidade, o velho foi retirado do lugar de saber e de autonomia, e entra no mercado como produto[12]. Muitas vezes, o idoso acaba por se identificar às vistas dessa representação, e experimenta a velhice como um evento essencialmente negativo e ausente de qualquer possibilidade de prazer[13].
A população tem caminhado para um aumento etário e Birman[14] ressalta que o surgimento de novas representações é indispensável; o valor da velha e de seu corpo se transforma juntamente com as demandas e exigências impostas ao indivíduo que está diretamente exposto aos estímulos da contemporaneidade. Resistir e se identificar às ligeiras mudanças transpassa o corpo do idoso. Segundo, a reconstrução da imagem corporal — uma imagem resistente a esse discurso que associa o corpo velho a doença e morte — reinventa possibilidades do sujeito velho enquanto um sujeito autônomo e ativo de seu próprio discurso.
Reinventando essa sujeita a imagem da mulher, velha e autônoma, a artista plástica Aleah Chapin — nascida em Seattle, Washington, EUA — alcança, através de suas pinturas, um suporte que compreende a importância da arte na apropriação e apreciação estética de si e, principalmente, na resistência ao discurso hegemônico atual sobre o corpo velho. Deste modo, recriação e autenticidade, pilares estéticos da pintora, reafirmam o lugar modificador de espaço e tempo, e elaborador de vida[15]; o surgimento do velho corpo enquanto arte em si mesmo.
Não há certezas que alcancem os lugares onde a arte pode chegar. Contudo, é preciso cuidar para que um vigente discurso sobre o ideal imaginário que mata não só o desejo do outro para com o velho, não mate, da mesma forma, o desejo do próprio idoso com seu corpo. Rachel de Queiroz, escritora cearense, retrata em formato de crônicas sua vivência, nas dificuldades e nas delícias, em ser um corpo velho. Retrato de que é contando com a subjetividade — ligada a identidade pessoal — e a identidade social, que se preenche alguns processos facilitadores para os papéis estabelecidos previamente[16].
Dessa forma, compreendemos que a construção de um discurso de resistência, com grandes capacidades de instabilizar hegemonias, é possível quando o idoso assume seu corpo como único e o ressignifica, fazendo da criação artística uma via possível para tal. Desse modo, esse velho melhor se verá estando seguro da sexualidade e da beleza que é ser um corpo enrugado.
Velha-Corpo
Segundo Ferreira[17] a dificuldade contemporânea de se ter características próprias e a necessidade de nos reapropriarmos constantemente, trata o corpo como algo cada vez mais instável e rapidamente marcado. O que permite pensar que os corpos vão se tornando lugares de apropriação do que se imagina ser. Em outras palavras, tomando a estética corporal como o que se idealiza ser e ter.
Ainda que marcado, esse corpo certamente não seria inteiramente compreendido pelos outros que o olham, pois o acesso primordial do que se mostra só estaria disponível a si mesmo. Contudo, sujeitos contemporâneos utilizam desse objeto como forma de manifestação de desejos. Ferreira ressalta que “o corpo passa, assim, a contar a história do indivíduo, não apenas pelo processo biológico natural de envelhecimento, mas também pelos fatos que este, de forma deliberada, quis que ficassem registrados”[18].
Formuladas hipóteses acerca das representações do corpo juntamente aos estudos antropológicos e culturais, torna-se possível que a representação corporal das ‘sujeitas’ velhas perpetuem no imaginário social. Contando que estas representações passam pelo coletivo chegando ao individual, Freud[19], ao estudar o corpo histérico, toma nota que a representação individual é atravessada pelo social, e o corpo, sem dúvidas, é portador da cultura.
Se uma cultura visa tantas informações quanto for possível, claramente os indivíduos que nela vivem carregaram tais semelhanças. Aleah Chapin tece em seus gigantes quadros, feitos aproximadamente com 2m x 3m, grandes imagens de mulheres velhas expondo com leveza seus corpos nus. Retratando resistência e resiliência em sua obra, a artista detalha modelos femininas com características, dificuldades e patologias contemporâneas, como na tela Shanti and Heather.
A tela apresenta duas mulheres nuas, a primeira com características físicas — como a estrutura óssea e fios de cabelos — parecidos a uma mulher indígena, enquanto a segunda possui um corpo de pela clara e cabelos lisos e grisalhos. O corpo da segunda mulher aparenta ter o seio retirado e marcado pela cirurgia contra o câncer de mama, doença que afeta progressivamente mulheres com mais de 35 anos e preocupa a Saúde Pública moderna, demonstrando o grande crescimento da população portadora de câncer de mama[20].
A pintura de Aleah Chapin remonta à ideia de um corpo-território do que é ser uma mulher velha, de pele à mostra, cabelos acinzentados, rugas ao longo de um corpo marcado por histórias e memórias muitas vezes compartilhadas com familiares. O que a artista faz é nos aproximar de um feminino ainda escondido, muitas vezes mal visto, quase nunca falado, e de um corpo que exala um cheiro próprio que não o mascarado pelos perfumes.
A temática fisiológica da mulher já não se mantém sozinha, pois é necessário o esclarecimento de processos sociais e subjetivos, no qual o envelhecimento não é pautado apenas por uma ordem cronológica. As mudanças físicas certamente afetam a autoimagem, o que vigora a “importância da imagem do corpo próprio na formação do eu”[21] dessas idosas, potencializando angústias advindas da história do envelhecimento feminino na ânsia de um corpo jovem, belo e saudável.
Bauman traça, em Modernidade líquida[22], como perdemos a ética para a recolocação da estética – instrumentalizamos nossos corpos, e os descartamos como produtos fetichizados que somos. A saúde e a mercadoria viraram sinônimos, bem como a medicina e a estética. Assim metrificados, passamos pelos quadris e ombros as medidas que nos permitem ser, visando o prazer e o bem-estar que é se incluir na saúde coletiva.
Corpos fragmentados de mulheres velhas, que outrora se fizeram belos, e possivelmente se ampararam em aprovações do olhar de tantas outras e outros. Essa imagem nos faz delinear que, na contemporaneidade, a velhice em si é vista apenas enquanto um corpo faltoso, de perdas. E para ser velha em dias assim é preciso se defrontar com o real, evocando o desprazer na lida com o tempo e suas ausências[23].
A velha-corpo coloca à prova a fragilidade dos corpos na cultura e no que é mostrado[24]. Por isto, nunca estivemos frente a um único exclusivo processo de ódio ou ressignificação, não é mais sobre a quantidade de hormônios necessários para ter suas carnes com algumas rugas a menos. O entrave sempre se dá em meio às dificuldades em aceitar o que é do outro, que muda, se ajusta e se mostra com suas potencialidades de reelaborações e recriações.
O conceito de criação é, segundo Steiner[25], ao mesmo tempo problemático e inevitável, o que nos faz passar pela re-criação de nossos corpos com certa diversão lúdica somando a importância da atividade em voga, como um artista que re-conta, inventando o que já existente. O espaço de recriação do corpo seria então o espaço das possibilidades. Um lugar onde se repense e reelabore o que está dado e constituído — o que já foi criado.
Doenças modernas, limitações de trocas afetivas e efetivas, novas configurações de personalidade a partir dos novos meios de comunicação – assim chegam aos ouvidos e aos corpos o sofrimento humano contemporâneo. Para a velha, encarar e enfrentar a própria imagem marcada pelo tempo, espaço e percepção sensorial pode ser uma forma de recriação de si mesma.
Percurso metodológico
O presente trabalho objetivou, de forma qualitativa, analisar a presença do corpo velho e como a arte pode ser facilitadora do processo de resistência e apropriação deste corpo. Utilizamos para isso uma tela da pintora norte-americana Aleah Chapin[26] intitulada The last droplets of the day (As últimas gotas do dia, em tradução livre) pintada em 2014 e disponível em seu site pessoal, e a crônica da escritora brasileira Rachel de Queiroz, “Não aconselho envelhecer”[27] publicada originalmente em 1995 e posteriormente no livro Falso mar, falso mundo.
O espaço poético da ciência e da arte possibilitam a recriação e a ressignificação, mas não é necessário e mandatório que se lide quantitativamente com as experiências. As bases qualitativas podem, por vezes, atingir longas distâncias sem precisar tocar o concreto do contável. Rubem Alves, escritor brasileiro, afirma que
A experiência do gosto, da beleza, da estética pertence ao mundo humano das ‘qualidades’. Não pertence ao mundo das realidades quantitativas. A linguagem matemática da ciência não dá conta dessa experiência. Não é capaz de dizê-la. Faltam-lhe palavras. Faltam-lhe sutilezas. Faltam-lhe, sobretudo, interstícios[28].
Interstícios que forcem a espera, que exijam maturação, e que por fim a preparem para a validação da escrita que tenta à aproximação da tela The last droplets of the day / As últimas gotas do dia a crônica Não aconselho envelhecer[29] nos conduz à trajetória da história do corpo e dá lugar a poética como facilitadora da elaboração do presente.
A tela escolhida mostra idosas com seus corpos nus que assumem o envelhecer e se apropriam de si, por vezes em um formato cômico, possibilitando reinventar seu próprio corpo e o lugar da velha em um processo histórico estabelecido. Na crônica, Queiroz relata uma maior resistência no desencadeamento do envelhecimento, mostrando de forma irônica como a velhice é compreendida socialmente. Tendo em vista seus aspectos autobiográficos, essa crônica foi escolhida como objeto de análise, pois Queiroz consegue conciliar a escrita sobre o tema velhice com sua vivência dos descontentamentos e conquistas de ser uma velha-corpo. Além disso, essa escolha contribui para o propósito que a análise privilegiou, ou seja, a partir de produções culturais, retratar vivências autênticas entre as personagens e seus velhos corpos.
O processo objetivo de escolha da pintura assim como o da crônica, não estava sempre em harmonia com a escolha teórica, haja vista as dificuldades inerentes em se analisar literatura e pinturas. Por fim, a escolha das obras pautou-se nas próprias publicações das artistas. Raquel de Queiroz retrata em sua escrita a realidade, muitas vezes cômica, constrangedora e desafiadora, do que é ser velha, enquanto Aleah Chapin pinta personagens femininas em situações, não tanto da realidade, mas que carregam um discurso de resistência.
O objetivo, por fim, foi a construção de um olhar atento das pessoas, idosas ou não, que possibilite a disposição para identificação e resistência sobre o corpo velho. Compreende-se que as construções subjetivas de ‘sujeitas’ velhas acerca de si mesma e de seu corpo podem ser evidenciadas na arte e são fundamentais nesta intervenção corpo-velha, com a valoração de sua singular trajetória e a chance de instituir vínculos.
Discussão
Primeiramente analisaremos as obras escolhidas separadamente. Posteriormente, faremos algumas possíveis aproximações entre a crônica e a tela analisada.
Não conselho envelhecer – Rachel de Queiroz
A escritora cearense reelaborou através da escrita sua história de mulher, nascida na década de 1910, em Fortaleza. Aos dezenove anos, Rachel de Queiroz teve seu primeiro romance publicado a partir da experiência com a grande seca que atingira o nordeste brasileiro — seguido de outros trabalhos de apelo popular —, o que assinalou sua intensa disponibilidade e afeto pela escrita, tanto que, segundo Guerellus[30], nos anos 1930 participou como uma das poucas escritoras do círculo modernista em seu estado de origem.
Rachel de Queiroz viveu os anos do regime militar, presenciando de perto o golpe de estado após ter se filiado por um curto tempo ao Partido Comunista, não abandonando a escrita e seu posicionamento frente ao feminino. Um assunto ainda considerado complexo, por existir ambiguidades em suas falas e atitudes, contudo, relata Guerellus, que ao longo dos anos a escritora deixou claro seu posicionamento em “ser considerada como igual, [e] não utilizar o feminino como argumento de diferenciação profissional”[31].
Por um período nos anos 1990, as obras e o percurso da cronista foram, de certo modo, esquecidos, isto porque a academia demonstrou temer sua postura frente a literatura e a política. Tantas as vezes se posicionou de forma conservadora, afastando os interesses de caráter social e libertário das universidades – apesar de ter assumido papel libertário por outros caminhos, afirma Guerellus. Entretanto, Rachel de Queiroz não seria rememorada somente pelas instituições.
No ano 2003, completaria noventa e três anos. Todavia, faleceu em novembro e foi velada na Academia Brasileira de Letras — lugar marcado por ter sido a primeira mulher eleita a pertencer à ABL —, localizada na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo antes de seu falecimento, “a influência da família, o sertão, as leituras de quando era menina, [deixariam] marcas profundas da literatura racheliana”[32]. Relata a historiadora que, marcada por duas “Racquéis de Queirós”[33], sua velhice e juventude causou reflexão na sociedade da época, tanto que em entrevista a Isa Cambará, na Folha de S. Paulo em 1977, a entrevistadora alega:
1930: uma revolução na literatura. 1977: uma revolução na ABL. Apesar de a eleição ser só em agosto, sua eleição é tida como certa. […]. Entre uma e outra data, 47 anos. Entre uma e outra data, duas Racquéis de Queirós. A primeira, a jovem de ideias revolucionárias, que escrevia romances sociais, opositora ferrenha do Estado Novo e de todas as estruturas arcaicas. A segunda, uma senhora tranquila, que quer entrar para uma instituição que representa, para muitos jovens de hoje, as mesmas estruturas arcaicas que ela contestou um dia[34].
A velhice de Queiroz, retratada em suas crônicas, foi descrita por argumentos que diziam sobre certa desilusão e distanciamento a quem havia sido na juventude, afirmando ter sido a velha quem devorou a moça que existiu[35]. Além disso, suas crônicas fazem uma análise crítica acerca da forma como socialmente a velhice e o corpo velho são vistos e representados.
Neste sentido, na tentativa de alcançar o corpo velho de Queiroz, carregado de histórias e ambiguidades políticas, escolhemos a crônica “Não aconselho envelhecer”. O texto é composto por uma autenticidade de quem experiência cotidianamente o corpo velho, apontando possibilidades de autoanálise e recriações de si, mesmo quando o tempo já estabeleceu ações da velha-corpo com os ambientes a sua volta. A cronista situa-nos de sua vivência com seus ossos frágeis e as faltas diárias.
De acordo com Lima, Viana e Lima, o ato de escrever sua própria história transforma propriedades do eu em palavras, o que possivelmente será representado por traços sempre em modificações. Processo que acontece junto a poética da escrita de se recolocar e possibilitar a “(re)construção do próprio eu do poeta”[36]. A escrita autobiográfica de Raquel de Queiroz permite a rememoração de sua história e permite modos de reelaborar o presente.
A escritora desmascara o ideal da velhice que paira sobre o corpo idoso ao relatar como este reage de forma cruel com seus desejos. Não precisar se preocupar onde pisar, ou como sair da banheira, ou até mesmo como sua coluna reage ao tempo, aparece como uma fantasia do velho. Marcado pelo encontro com o real, por uma “imagem nem sempre fácil de suportar”[37], o eu ideal sofre descaracterizações, refletindo inclusive nas relações com as pessoas e objetos. Mucida cita o comum apego dos sujeitos velhos aos objetos, como se a identificação de si mesmo estivesse sendo depositada aos objetos em questão.
Assim como em outro momento, a cronista discorre sobre as faltas e a relação com o tempo que o corpo idoso estabelece, considerando a morte como uma velha amiga que avisa, aos poucos, sua chegada. O tempo e o apego estabelecem diálogo poético com a angústia de vivenciar as ausências físicas a sua volta — das pessoas, dos objetos guardados por valerem histórias, do gosto da comida…
Rememorar tem a capacidade de auxiliar a velha-corpo a enfrentar essa angústia e contribuir para um caminho de reelaboração de identidade pessoal, que passa por papéis vinculados às identidades sociais, pautadas anteriormente[38]. Referindo, portanto, ao papel da escritora como quem porta seu próprio passado e escreve o presente. De acordo com Lima, Viana e Lima[39], essa dinâmica transforma o ato de escrever em um ato de revisão e reescrita de sua própria subjetividade. Segundo os autores, “o ato de escrever (re)cria novas realidades e aperfeiçoa as velhas. A escrita de si, enquanto poiesis do eu, em escritos autobiográficos, não apenas reconta trajetórias, mas reconstrói o si mesmo”[40].
Escrever aperfeiçoa a velha-corpo, mostrando, de forma cômica, sua oposição ao envelhecer. Raquel de Queiroz, ao recomendar o não encontro com as demandas de ser uma velha, relata o quanto aproximar e vivenciar a velhice se torna um caminho sem volta, como uma batalha que se perde sempre que se tenta. De acordo com a cronista, não há perspectivas de ir contra os órgãos e vísceras que envelhecem de forma implacável e que, logo mais, de nada adiantará a batalha, visto que a senilidade alcançará também as atividades cerebrais. Queiroz representa, em sua escrita, uma velhice predestinada, confortavelmente fatal e inegável, salientando nosso interesse em sua história de velha-corpo. Entretanto, ao final da crônica, ironicamente, Rachel afirma que apesar de todas essas perdas e faltas, a busca por enlaçamentos ainda é possível. Acrescenta ainda que:
Contudo, o pior mesmo é quando você, com honesta sinceridade, lamenta diante de alguém os estragos que lhe traz a velhice, e esse alguém protesta com veemência: “Eu queria, quando chegar à sua idade, ter essa sua lucidez!” Lucidez? O que é que esse cara esperava? Que você já estivesse caduco?
The last droplets of the day – Aleah Chapin
Nascida no estado de Washington, no ano de 1986, a artista plástica foi criada em uma ilha ao norte de Seattle. Obteve sua graduação em Cornish College of the Arts, se formando no ano de 2009, logo após iniciou o mestrado na New York Academy of Art, finalizando no ano de 2012. Participou de residências através da Leipzig International Art Program (LIA) em dois lugares, Alemanha e McDowell Colony em New Hampshire.[41]
Posteriormente, expôs suas telas em galerias de diferentes localidades, como Reino Unido e Holanda. Recebeu prêmios de 2012 em diante, incluso o da BP Prêmio na National Portrait Gallery, em Londres, e a participação integral na Bolsa de Pós-Graduação da Nova York Academy of Art. Aleah Chapin, recentemente optou por viver e continuar trabalhando próxima a costa noroeste do Pacífico.[42]
A obra analisada foi retirada do acervo de pinturas expostas no site da própria pintora, que intitulada The last droplets of the day (2014), feita a óleo sobre tela com aproximadamente 2,13cm x 2,89cm. A obra foi escolhida por retratar mulheres velhas confortavelmente despidas para uma série de telas que envolve o projeto Aunties, no qual Chapin convida mulheres que conheceu e conviveu desde sua infância, de acordo com o jornal The Telegraph, publicado em outubro de 2014. Talvez por isso, suas telas assumem um caráter por vezes divertido, sensual e íntimo.
A pintura-enredo mostra um lugar de difícil acesso, deste modo, nem todos estão abertos a receber cruamente e fantasiosamente mulheres velhas de quase três metros de altura com tamanha sensibilidade e exagero. Chapin responde a essa questão em uma entrevista realizada pelo Jornal The Thelegraph que “Nem todo mundo quer ver corpos femininos não idealizados”[43]. As questões e dificuldades dos corpos no mundo moderno são percebidas cotidianamente, sendo a velhice um lugar de desconforto que afeta não só os idosos, assim como o olhar do outro.
Mucida[44] menciona a clínica analítica como um dos ambientes no qual os desconfortos do idoso estão sendo escutados, além disso, relaciona que o uso de sedativos juntamente a medicações seriam formas de “sedar a dor de existir”[45] em lugares desconfortáveis, inclusive em seu próprio corpo. Convidando a refletir a respeito da velha-corpo enquanto uma estadia sem aconchegos, sem muitas representações que traçam bordas na percepção das idosas a respeito de seu corpo, Aleah Chapin desfruta das curvas das cores para demonstrar que o olhar tem liberdade ao se espantar frente a assimetria nos quadris e colos enrugados.
Em entrevista ao jornal The Telegraph, Aleah ressalta que sua percepção e observação da realidade cotidiana do corpo feminino, tateado por marcas de mastectomia, tatuagens, seios flácidos e outros sinais, a incentivou a representar velhas-corpo de pele à mostra em ambientes naturalistas com tinta a óleo sobre quadros cada vez maiores. Por vezes representadas de forma infantil, outras, através da beleza e da firmeza, sua obra atravessou técnicas milenares de representatividade realista, a começar pelo aspecto nas peles das personagens que, sutilmente, nos conta através da textura pincelada paralelamente, um possível derretimento como se todo o corpo das velhas estivesse, de certa forma, se desfazendo.
A textura provoca o olhar principalmente nas regiões dos braços e pernas, onde a luz, apesar de não incidir muito, favorece a visibilidade de quase todas as personagens. Em algumas partes o sol reflete na grama e na maior parte, reflete nas personagens; hipotetiza-se dois horários do dia: a tardezinha ou cedo ao despertar, visto que o sol não está posicionado acima delas, mas sim na lateral da tela. A claridade presente dá vidas as cores fechadas, como as sombras e as plantas. Algumas personagens apoiam-se em seus membros usando a força do abdômen e tensionando suas extremidades como apoio (mãos, joelhos, etc.), entretanto, exibem faces relaxadas. Estão frente as plantas em um ambiente externo e apresentam conforto com a nudez, o espaço e as pessoas a volta.
As brincadeiras e movimentos infantis causam estranheza ao exibirem, de forma lúdica, idosas ressignificando o espaço e o tempo da maternidade, da velhice, do corpo, dos jogos e claro, da própria arte. O velho e o novo dando margem ao contraste do que se pode ou não fazer, quais as vestes permitidas, as restrições alimentares, os dentes fortes ou não, quais lugares consentidos; tantas formas identificatórias pautadas nos limites das relações.
Os motivos pelo qual o projeto foi pensado e idealizado pela pintora não foram deixados claros na entrevista ao Jornal The Thelegraph, contudo, as telas envolvidas parecem dizer não só do enfrentamento aos padrões hegemônicos, como também sobre a importância dessas vidas e histórias de mulheres a noroeste dos EUA. O processo da busca de informações sobre o trabalho de Aleah Chapin se transformou em uma extensa procura. Sendo considerada uma jovem artista, frente a dinâmica histórica das artes plásticas, as informações estavam disponíveis apenas em seu site, em um jornal online, blogs e o próprio twitter da pintora.
Considerações Finais
Viver a contradição do prazer em um corpo que é seu e que não se pode denominar autônomo, causa incertezas. E se outros corpos mostram-se provocando estranheza, mesmo que seguindo regras que não as de costume, sem dúvidas, atravessam os incômodos e os conceitos identitários anteriormente estabelecidos.
A vivência com o prazer que o corpo é capaz de proporcionar acaba por seguir expectativas adoecedoras. De inúmeras alternativas, duas são estereotipadas. Ou o velho pousa na figura do corpo assexuado, tantas vezes fantasiado por características de um idoso afetuoso e gentil, ou causa estranhamento por se posicionar de forma contrária, ou seja, sexual e ativo. Pesarosamente o corpo velho é marcado inicialmente assim. Contudo, “o próprio velho quanto o sujeito não velho, uma vez abertos a novas percepções, podem construir novas experimentações para a velhice”[46].
Sendo assim, Queiroz e Aleah tocam em pontos possíveis de uma análise crítica sobre o corpo feminino na velhice, também sobre como este corpo é frequentemente fantasiado socialmente. Uma possível estratégia para a resistência não só em suas obras, mas em seus posicionamentos, é sem dúvida, a recriação de si; o que faz-nos pensar que o processo de reelaboração pode surgir do contato com a velhice e seus abandonos, do corpo e suas faltas.
As obras de Chapin e Queiroz carregam, nesse sentido, a resistência, por se fazerem presentes frente a discursos hegemônicos, desafiando os corpos que nos são impostos antes mesmo de tomarmos nota qual corpo teremos ou queremos ser. Elas alcançam as possibilidades de reconhecimento da velha-corpo, enquanto uma história iniciada há tempos, mas que caminha constantemente por mudanças.
Chegado ao fim, juntamente aos ruídos de questionamentos, permitam a conclusão de que nenhuma forma de arte se sustenta sozinha, como se surgisse do nada, as formas surgem continuamente a partir de algo[47]. Por isto mesmo, a relação história-arte-psicanálise é posta em discussão durante todo o ato de criação deste trabalho, considerando a dificuldade de junção de tais temas com tamanha importância e sensibilidade. O mistério que é a história do corpo tangeu como um entrave na escrita acerca da velha na arte, ao passo que na psicanálise, acessar um tema corpóreo, biológico, tem sido a melhor e mais difícil tarefa ao longo desse percurso. ♦
REFERÊNCIAS
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* Anna Carolline Brizola Bolba de Oliveira é graduanda em Psicologia na Universidade Federal de Goiás – aluna do PIVIC.
** Priscilla Melo Ribeiro de Lima é professora adjunta da Faculdade de Educação e docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPGP-UFG). Orientadora do PIBIC e PIVIC.
[1] Revisado pela orientadora.
[2] COURBIN, Alain.; et al. A História do corpo, 3 volumes. Petrópolis: Vozes, 2008. Resenha de: MIYOSHI, A (2010) Revista de história da arte e arqueologia, artigo 12, 2010; p. 178.
[3] PROENÇA, Graça (2009) História da Arte. 17 ed. São Paulo: Ed. Ática.
[4] BARBOSA, Maria Raquel. et al (2011) Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje. Psicologia & Sociedade, 23(1), 2011; pp. 24-43.
[5] MORAES, Eliane Robert (2002) O corpo impossível. São Paulo: Ed. Iluminuras.
[6] MORAES, Eliane Robert (2002) O corpo impossível. São Paulo: Ed. Iluminuras; p. 17.
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[10] LACAN, Jacques (1966) Escritos. Trad. V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[11] LACAN, Jacques (1966) Escritos. Trad. V. Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
[12] BARBOSA, Maria Raquel. et al (2011) Um olhar sobre o corpo: o corpo ontem e hoje. Psicologia & Sociedade, 23(1), 2011; pp. 24-43.
[13] LIMA, Priscila et al. (2016) Identidade de velhos: modos de identificação e discursos de resistência na velhice. Domínios de Linguagem, v. 10, n. 3, 2016.
[14] BIRMAN, Joel (1997) Estilo e modernidade em Psicanálise. São Paulo: Editora 34.
[15] JUSTO, Joana Sanches; JUSTO, José Sterza (2012) Tempo, finitude, velhice e fotografia. Revista Temática Kairós Gerontologia, 15(4), São Paulo (SP), 2012; pp. 101-116.
[16] LIMA, Priscila et al. (2016) Identidade de velhos: modos de identificação e discursos de resistência na velhice. Domínios de Linguagem, v. 10, n. 3, 2016.
[17] FERREIRA, Beatriz Pires (2003) O corpo como suporte da Arte. Rev. Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. VI, núm. 1, marzo 2003, pp. 76-85.
[18] FERREIRA, Beatriz Pires (2003) O corpo como suporte da Arte. Rev. Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. VI, núm. 1, marzo 2003, p. 79.
[19] FREUD, Sigmund (1893-95) Estudos sobre a histeria. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
[20] SILVA, Lucia Cecilia (2008) Câncer de mama e sofrimento psicológico: aspectos relacionados ao feminino. Psicol. estud., Maringá, v. 13, n. 2, p. 231-237, Jun 2008.
[21] CUKIERT, Michele; PRISZULNIK, Léia (2002) Considerações sobre eu e o corpo em Lacan Uma contribuição à questão do corpo em Psicanálise: Freud, Reich e Lacan. Estud. psicol. (Natal), vol.7, n.1, 2002; p. 143.
[22] BAUMAN, Zygmunt (1999) Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
[23] LIMA, Priscila et al. (2016) Identidade de velhos: modos de identificação e discursos de resistência na velhice. Domínios de Linguagem, v. 10, n. 3, 2016.
[24] SOARES, Carmen Lúcia (2009) Escultura da carne: o bem-estar e as pedagogias totalitárias do corpo. In: RAGO, Margarete; VEIGA-NETO, Alfredo (Org). Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte: Autêntica; pp. 63-82.
[25] STEINER, George (2001) Gramáticas da criação . São Paulo: Globo, 2003.
[26] Retirado de <www.aleahchapin.com>.
[27] QUEIROZ, Raquel (1995) Não aconselho envelhecer. In, Falso mar, falso mundo. São Paulo: Arx, 2002.
[28] ALVES, Rubem (1999) O que é científico? (VII). Rev. Psychiatry on line Brasil. Janeiro de 1999 – Vol.4 – Nº 1, fev. 1999; p. 15.
[29] QUEIROZ, Raquel (1995) Não aconselho envelhecer. In, Falso mar, falso mundo. São Paulo: Arx, 2002.
[30] GUERELLUS, Natália Santana (2016) “A velha devorou a moça?”: Rachel de Queiroz de 1910 a 1964. Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História – UFJF, vol. 2, n. 4, jul./dez. 2016; pp. 60-80.
[31] GUERELLUS, Natália Santana (2016) “A velha devorou a moça?”: Rachel de Queiroz de 1910 a 1964. Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História – UFJF, vol. 2, n. 4, jul./dez. 2016; p. 67.
[32] GUERELLUS, Natália Santana (2016) “A velha devorou a moça?”: Rachel de Queiroz de 1910 a 1964. Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História – UFJF, vol. 2, n. 4, jul./dez. 2016; p. 66.
[33] GUERELLUS, Natália Santana (2016) “A velha devorou a moça?”: Rachel de Queiroz de 1910 a 1964. Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História – UFJF, vol. 2, n. 4, jul./dez. 2016; p. 71.
[34] CAMBARÁ, Isa (1977) A velha senhora na academia. Folhetim, Folha de S. Paulo, 17 de abril, 1977; p. 5.
[35] GUERELLUS, Natália Santana (2016) “A velha devorou a moça?”: Rachel de Queiroz de 1910 a 1964. Revista discente do Programa de Pós-Graduação em História – UFJF, vol. 2, n. 4, jul./dez. 2016; pp. 60-80.
[36] LIMA, Priscila; et al. (2015) Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo à luz da psicanálise. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, 2015; p. 61.
[37] MUCIDA Ângela (2006) O sujeito não envelhece: psicanálise e velhice. Belo Horizonte: Autêntica; p. 99.
[38] LIMA, Priscila et al. (2016) Identidade de velhos: modos de identificação e discursos de resistência na velhice. Domínios de Linguagem, v. 10, n. 3, 2016.
[39] LIMA, Priscila; et al. (2015) Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo à luz da psicanálise. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, 2015; pp. 58-78.
[40] LIMA, Priscila; et al. (2015) Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo à luz da psicanálise. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, 2015; p. 61.
[41] Retirado de <www.aleahchapin.com/about/>.
[42] Retirado de <www.telegraph.co.uk/women/womens-business/11177680/Naked-women-What-painting-portraits-of-nude-women-has-taught-me.html>.
[43] Traduzido de “Not every one wants to see non-idealised female bodies”, CHAPIN em entrevista em: COHEN, Claire (2014) “What painting portraits of naked women has taught me”. The Telegraph, London, 22 oct. 2014.
[44] MUCIDA Ângela (2006) O sujeito não envelhece: psicanálise e velhice. Belo Horizonte: Autêntica.
[45] MUCIDA Ângela (2006) O sujeito não envelhece: psicanálise e velhice. Belo Horizonte: Autêntica; p. 121.
[46] LIMA, Priscila; et al. (2015) Estética e poética da velhice em narrativas autobiográficas: um estudo à luz da psicanálise. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, 2015; p. 59.
[47] STEINER, George (2001) Gramáticas da criação. São Paulo: Globo, 2003.
COMO CITAR ESTE ARTIGO | OLIVEIRA, Anna Carolline Brizola Bolba de; RIBEIRO DE LIMA, Priscilla Melo (2019) Velha-corpo: interlocuções entre corpo, psicanálise e velhice feminina. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -8, p. 6, 2019. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2019/12/08/n-8-06/>.