As pistas do raiar do conceito de pulsão de morte[1]
É uma honra participar dessa homenagem a este primor da literatura psicanalítica e uma de suas pedras fundamentais, ainda que a pedra não seja tomada mais como um inorgânico estático, e sim com uma organicidade fertilizante do campo psicanalítico, cada vez mais atual.
E eis que cem anos depois da publicação de Além do princípio do prazer nos defrontamos com o próprio cerne de seu texto, a compulsão à repetição como manifestação da pulsão de morte muda e silenciosa! Freud escreveu esse texto durante a pandemia da Gripe Espanhola que vitimou sua filha dileta Sofia, mas fez questão de dizer que o texto já estava todo em sua mente antes desse falecimento. De fato, ele começara seu rascunho em março de 1919 e o escreveu definitivamente em setembro de 1920. Sem dúvida, foram sobretudo os sonhos traumáticos dos neuróticos de guerra e os efeitos traumáticos da primeira Grande Guerra a matriz fundamental de suas reflexões. Três filhos na Guerra e muitos analistas no front quase desmantelaram o movimento psicanalítico, que, no entanto, reorganizou-se em 1918 no 5º Congresso Psicanalítico de Budapeste, com muitos militares convidados graças ao importante trabalho feito por Sándor Ferenczi no front com os neuróticos de guerra e a fecunda troca de correspondência entre os dois que resultou em duas preciosidades só redescobertas na década de 80 do século passado: Thalassa (catástrofe)[2], manuscrito de 1915 só publicado pela primeira vez em 1924[3]; e o Manuscrito Inédito de 1915 sobre as neuroses de transferência, escrito em 1915 e só descoberto nos anos 80 em meio à correspondência de Freud com Ferenczi[4]. Nesses dois textos os autores especulam sobre as origens filogenéticas da sexualidade, da linguagem e do social centralizado num líder a partir das catástrofes ambientais da passagem do meio marítimo para o terrestre e das Eras Glaciais. Do minúsculo ser marítimo originário ao aparecimento dos genitais no reino animal, da passagem do sexual paradisíaco para a sexualidade e a angústia do mundo da renúncia pela luta de sobrevivência no meio hostil, que leva à união em laços sociais e a escolha de um líder que conduz esse social incipiente, vemos delinear-se o fundo filogenético da passagem da horda primitiva à sociedade pautada pela proibição do assassinato do pai primevo e estabelecimento do tabu de incesto, que Totem e tabu, de 1913, já havia proposto como mito primordial.
Entre o Congresso de Budapeste de 1918 e o Congresso de Haia de 1920, onde Freud apresentou pela primeira vez seu Além do princípio do prazer, tivemos o auge da pandemia da Gripe Espanhola. Estima-se que ela matou entre dezessete milhões e cinquenta milhões. Quinhentos milhões de pessoas foram infectadas em dois anos, o equivalente a 36% da população. A estimativa de mortos da Primeira Guerra Mundial é de nove a dezessete milhões. Essa indiscernibilidade entre o número de mortos entre essas duas causas mortis é porque, na verdade, elas foram coladas uma na outra. A Gripe Espanhola teve sua origem pela contaminação de soldados americanos, acampados no Kansas, por uma zoonose que veio dos porcos; soldados que embarcaram para a Primeira Guerra começando a pandemia. As informações foram censuradas nos países em guerra e só apareceram pela primeira vez divulgadas pela Espanha, que não estava em guerra. Ela mudou o curso dos acontecimentos do final da guerra, uma vez que austríacos e alemães foram muito mais contaminados que ingleses e franceses. A gripe espanhola, chamada de “a mãe das pandemias”, mostrou outra característica que costuma marcar as grandes doenças: a negação tanto por parte das autoridades públicas quanto pela população em geral, que, conforme a epidemia avança, tende a resistir a medidas de saúde coercitivas. A admissão da epidemia só aconteceu quando houve um expressivo aumento de doentes. Na época, não havia tratamento e nem vacina, e a recomendação era de isolamento social e adoção de hábitos de higiene. As pandemias sempre incentivaram avanços na saúde pública e na medicina. A Gripe Espanhola atingiu principalmente a população de 20 a 40 anos e provocava sintomas de gripe e sufocamento graves, e em poucas horas as pessoas morriam. A idade majoritária dos infectados fez confundir as mortes pela guerra e as mortes pela zoonose. A segunda onda foi a que mais mortes causou e ainda houve uma terceira onda que atingiu crianças.
Quero então deixar uma hipótese a ser investigada: a de que a marca da linguagem biológica desse texto especulativo de virada teórica de Freud, que irá propor uma nova dualidade pulsional para a teoria psicanalítica, pulsão de vida e pulsão de morte, Eros e Thanatos, foi influenciada pela pandemia, acontecimento biológico mudo, invisível e mortífero. A partir de 1923, da publicação de O eu e o id, ela pouco a pouco vai ganhando outras conceituações, mais desligadas do biológico, até se tornar a pura pulsão de destruição de Mal estar na cultura, ligada ao paradoxo do supereu e da sublimação; portanto, mais ruidosa e barulhenta, a partir do masoquismo erógeno e sua deflexão para o exterior, tornando-se pulsão de destruição.
A memória das pandemias não é tão presente quanto a da política, das revoluções e das guerras nos livros escolares, mas seus efeitos se comparam aos principais eventos da história. Os efeitos da pandemia da gripe espanhola se tornaram difusos e coisa do passado, tamanha a destrutividade presente no século XX com a Segunda Guerra, os campos de concentração, as bombas nucleares, o terrorismo e, finalmente, a destruição do ecossistema pelo aquecimento global provocado pela destruição do habitat natural não só da espécie humana, mas de todos os seres vivos. Até que… surge a pandemia pelo COVID-19 a quebrar todos os sonhos de invulnerabilidade e imortalidade e expor o desamparo e a mortalidade além da exposição da chaga da brutal desigualdade social mundial. A única diferença é que agora não poderemos mais esquecer. Recordar para não repetir, pois outras pandemias de zoonoses virão pela rapidez com que a movimentação no mundo globalizado espalha as zoonoses nessa nova era de surtos de alto impacto detectados com mais frequência e mais difíceis de gerenciar.
Mas voltemos a 1920. O 6º Congresso de Psicanálise de Haia foi realizado pela Sociedade Psicanalítica Holandesa, que assumiu a tarefa de sediá-lo porque se decidiu que ele deveria ser realizado em um local que havia permanecido neutro durante a guerra. Ela preparou uma acolhida calorosa para a maioria dos analistas que estavam ainda sofrendo materialmente com as consequências da guerra devastadora e também da pandemia. Reuniram fundos para ajudar com os custos da viagem daqueles que não tinham recursos e que iriam comer bem pela primeira vez após a Guerra. O movimento psicanalítico havia se ampliado e trouxera novos questionamentos e novas fundações aconteceram. Cento e dezoito pessoas entre membros e convidados estavam presentes. Entre as cinco mulheres palestrantes está Sabina Spielrein, que apresentou um esboço visionário de uma teoria da construção da linguagem e do significado do aleitamento e do ato de sugar no desenvolvimento da criança. Ela postula, pela primeira vez, o surgimento da linguagem infantil a partir da relação entre a mãe e o bebê. Do congresso, Sabina iria para Genebra, onde no Instituto Rousseau participou da maior revolução na educação promovida pelos trabalhos e pesquisas que transformou a educação armamentista e guerreira em educação pacifista, influenciando toda a educação no mundo no século XX com seu projeto de Escola Nova. Spielrein elaborou em três artigos uma visão inédita da psicanálise relacionada com a linguística, sendo a pioneira num campo que três décadas depois seria desenvolvido por Jacques Lacan.
Freud palestrou nesse congresso sobre o Além do princípio do prazer, em que a famosa brincadeira de seu neto com o carretel será um dos exemplos princeps da repetição do afastamento da mãe ritmado com seu retorno, repetição de uma intensidade traumática e tentativa de dominá-la que é além, ou aquém, do princípio do prazer; e na qual o trauma não tem valor positivo ou negativo, mas sim de pura intensidade que escapa ao psíquico e que somente a repetição pode inscrever. Mas será no texto escrito que ele colocará, na nota de rodapé da parte VI, o reconhecimento de Sabina Spielrein como antecipadora de boa parte das especulações que oferece em seu texto sobre a pulsão de morte, os componentes destrutivos da sexualidade e a possibilidade do masoquismo originário[5]. Assim, esse conceito não era um conceito absolutamente novo para Freud, e a partir de 1912 havia aparecido — além de em Spielrein — em Ferenczi, em Stekel, em Jung, em Abraham e nos primórdios da concepção freudiana naquilo que depois se conheceria, a partir dos anos cinquenta, como Projeto para uma psicologia para neurólogos, esboço de 1895. O que talvez seja novo é a formulação de uma possível ampla tendência de retorno ao inanimado presente no ser vivo e no humano.
Mas Tales Ab’Saber tem razão na introdução excelente da tradução do livro de Freud pela L&PM, em 2012, ao escrever que esse é um daqueles textos que apontam um patamar-limite da psicanálise a certa altura de seu desenvolvimento. Limites conceituais do pensamento de Freud na época em que foram escritos, trabalhos de tipo genético nos quais a conceituação psicanalítica vai sendo gestada e ganha forma diante dos olhos do leitor, em vez de nos ser apresentada já pronta, limpa e ordenada. Esses textos limites trazem uma imagem intuitiva das forças internas inconscientes, da força da linguagem e da pesquisa civilizatória mais ampla que moviam o homem Freud. São textos inteligentes e belos, nos diz Ab’Saber[6].
Nove anos antes de Freud, Sabina Spielrein — médica psiquiatra e psicanalista de origem russa, que viveu entre 1885 e 1942 — havia apresentado um esboço de seu ensaio numa reunião da Sociedade Psicanalítica de Viena, como segunda mulher a fazer parte dela, que seria publicado como artigo no Jarbuch em 1912 com o nome de A destruição como origem do devir. Ali ela antecipa várias das ideias presentes na construção do texto Além do princípio do prazer, e não apenas a respeito do sadismo e masoquismo, que é o contexto em que Freud a inseriu no seu texto.
Uma passagem do texto freudiano de 1920 permite fazer uma ponte com as condições de produção dos dois textos em relação as ideias de outros autores:
Chegamos a tais hipóteses especulativas em meio ao empenho de descrever os fatos da observação cotidiana em nosso campo e prestar contas sobre eles. Prioridade e originalidade não estão entre as metas colocadas ao trabalho psicanalítico, e as impressões que estão na base da instauração desse princípio são tão óbvias que dificilmente seria possível ignorá-las.[7]
Em uma carta a Sabina Spielrein em 14 de junho de 1912, após carta de Spielrein reclamando que Jung havia postergado a publicação do seu ensaio e não havia citado suas ideias, Freud diz:
Tudo o que a senhorita escreve sobre si mesma é importante para mim, mesmo que não seja novo. Desde nossa conversa, aceito totalmente sua prioridade em questão. O embrião dessa ideia certamente estava em nossos trabalhos iniciais. Sim, se fôssemos rigorosos, reconheceríamos claramente nas frases de Abraham em Sonho e mito, p. 70, o mesmo pensamento. Jung esqueceu-se desse trecho quando lhe ditou as palavras em debate e eu também quando escrevi aquela nota na Imago. Terei que restringir o mérito de Jung em outro trecho favorecendo-a e a A. No geral, essa questão de prioridade não é muito relevante. Quando outubro se aproximar, espero que me diga se vem para Viena para corrigir sua dependência a Jung. Eu lhe agradeço por suas palavras sábias a Jung: não faltam pessoas que se esforçam por transformar essa pequena fissura em um grande rasgo […].[8]
Jung reagiu com perplexidade ao ler o manuscrito, escrevendo a Sabina:
Estou surpreso com a abundância de excelentes pensamentos que antecipam muitas das minhas ideias”. Ficando feliz que outros vejam as coisas da mesma maneira que ele, diz: “tomara que o vovô Freud tenha a mesma alegria que eu tive com esse fruto de seu espírito”.[9]
Com Freud ele se expressa de maneira completamente diferente, citando Horácio: “de forma que termina em horrível peixe o que em cima é uma formosa mulher”; e diz, ainda, que o trabalho é profundamente marcado por complexos”[10]. Aqui uma pequena observação: Ferenczi, ao escrever na parte filogenética de seu Thalassa – ensaio sobre a teoria da genitalidade sobre a regressão talássica buscando dados de observação em estudos biológicos, zoológicos, fisiológicos e evolucionistas sobre a aquisição dos órgãos sexuais do peixe até os mamíferos, cita numa nota de rodapé “um fato notável”:
nos mamíferos superiores, logo, também no homem, a secreção vaginal da fêmea, cujo efeito erótico excitante atribuímos a reminiscências infantis, possui, segundo a descrição de todos os fisiologistas, um cheiro muito nítido de peixe (Heringslacke). Esse cheiro provém da mesma substância (trimetilamina) produzida pelo peixe ao apodrecer.[11]
Trimetilamina que remete às associações do sonho princeps de A interpretação dos sonhos, o sonho da injeção de Irma, mais um buraco de minhoca no tempo que permite ponte e passagem.
Estamos em agosto de 1912. Alguns meses antes eles haviam trocado cartas a respeito da apresentação de Spielrein em novembro de 1911 na Sociedade Psicanalítica de Viena. Escreve Freud:
Fraulein Spielrein leu um capítulo de seu ensaio ontem (quase escrevi seu, e não dela), seguindo-se um esclarecedor debate. Fiz algumas objeções ao seu (desta vez falo sério) método de lidar com a mitologia, e levantei-as na discussão com a menina. Devo dizer que ela é bastante amável e que começo a compreender. O que me incomoda mais é que Fraulein Spielrein quer subordinar o material psicológico a considerações biológicas; tal dependência não é mais aceitável do que uma dependência da filosofia, da fisiologia ou da anatomia cerebral. A psicanálise fara da se [irá por si].[12]
Jung responde onze dias depois:
Na medida do possível anotarei suas objeções ao meu método de tratar a mitologia. Ficaria grato por algumas observações detalhadas, de modo que eu pudesse levar em conta as suas críticas na segunda parte (de Transformações e símbolos da libido, segunda parte que será publicada com o artigo de Spielrein, retardado seis meses por Jung em sua publicação na revista). Sei, é claro, que Spielrein opera demasiado com a biologia. Mas não o aprendeu comigo. É próprio dela. Se alguma vez apresentei argumentos semelhantes, assim o fiz faute de mieux. Sou inteiramente favorável a manter a psicanálise dentro de seus próprios limites, mas acho bom fazer incursões ocasionais por outros territórios e olhar o nosso objeto através de um par de óculos diferentes. Evidentemente, não sei onde foi Spielrein no seu novo artigo.[13]
Se há uma certa razão em dizer que A destruição como origem do devir antecipa a concepção freudiana de pulsão de morte quase ponto por ponto, temos que ter cuidado em não exagerar, pois isso não faria justiça nem ao gênio e ao rigor de Freud, nem à sensibilidade e à inspiração criadora de Spielrein, ainda que possua qualidades de rigor e radical inovação no campo psicanalítico da época e ainda um século depois.
O primeiro trabalho de Spielrein, sua tese de psiquiatria, com o título de Sobre o conteúdo psicológico de um caso de esquizofrenia, foi um sucesso e Freud se referia a esse trabalho de 1910 e publicado em 1911 como seu “grandioso trabalho”. Às vésperas de seu exame de tese ela escreve em seu diário, em 26 de novembro de 1910:
[…] o primeiro objetivo que quero atingir é que meu trabalho atual fique tão bem escrito que me garanta um lugar na Sociedade de Psicanálise. Mais importante ainda para mim é o segundo trabalho “Über den Todesinstinkt” [Sobre o instinto de morte], e aqui preciso confessar que tenho muito medo de que meu amigo (Jung) se aproprie desse pensamento ao qual ele queria fazer referencia em seu trabalho em julho, com a menção de que a prioridade aqui é minha, de que ele tome para si o desenvolvimento do pensamento, pois quer fazer menção já agora em janeiro. Será que essa é mais uma desconfiança infundada de minha parte? Eu gostaria que fosse, pois o segundo trabalho será dedicado ao “meu muito reverenciado mestre” etc. Como eu poderia reverenciar uma pessoa que mente, que rouba minhas ideias, que não é um amigo, mas sim um rival mesquinhamente mais esperto? E amar? Sim, eu o amo! Meu trabalho está totalmente impregnado de amor! Eu o amo e o odeio, pois ele não é meu. Não posso lhe parecer uma boba estúpida. Não, elevada, orgulhosa e principalmente respeitada! Devo ser digna dele e a ideia que criei também precisa estar associada ao meu nome.[14]
Sabina Spielrein tinha 25 anos quando escreveu sua tese grandiosa. E 26 anos quando escreveu seu ensaio fundador, um filho simbólico, fruto de um intenso trabalho de simbolização e sublimação na liquidação de sua transferência amorosa e analítica a Jung.
Para finalizar as pistas das raias do conceito de pulsão de morte, lembro que ele aparece também em Ferenczi. Em A pulsão de morte no primeiro Ferenczi: quietude, regressão e os primórdios da vida psíquica, escrito conjuntamente por mim, Eugênio Canesin Dal Molin e Nelson Ernesto Coelho Junior, em 2019, colocamos que o uso do termo “pulsão de morte” (Todestrieb) e sua aplicação conceitual antecedem o criativo esforço freudiano de apresentação e discussão empreendido a partir de 1919 e 1920, quando Além do princípio do prazer foi posto no papel e publicado. De forma paralela, alguns dos aspectos elaborados (ou reelaborados) por Freud ao pensar sobre a pulsão de morte — como a compulsão à repetição, o papel da agressividade e da destrutividade, a fusão e a defusão pulsional, a ligação e o desligamento, a ideia de uma tendência que busca e impele ao zero tensional, e a reavaliação da anterioridade da passividade em relação à atividade — podem ser identificados tanto na obra freudiana anterior a 1920, como em escritos de alguns dos primeiros psicanalistas que estavam em seu entorno.
A ideia de uma pulsão de destruição, sob a pena de Spielrein, desenvolvia elementos encontrados posteriormente na conceituação freudiana da pulsão de morte — entre eles: o papel central, biológica e psiquicamente, da destrutividade nos processos mentais. Nesse mesmo correr de anos, 1911-1912, Stekel discutia sonhos que procuram simbolizar a morte e afirmava que, onde esta se revela, também se manifesta a pulsão de vida[15]. Não longe desses assuntos, ainda no ano de 1912, em uma reunião na casa de Freud em que Lou Andreas-Salomé esteve presente, Ferenczi argumentara em favor da ideia de uma Todestendenz, “tendência de morte”, à qual Freud mostrou-se contrário. O conceito de pulsão de morte não era uma panaceia buscada por todos os psicanalistas à época, mas, ao fim de 1912, alguns dos mais atentos já estavam familiarizados com a expressão e com algumas noções que se lhe tornariam próximas.
Em 25 de setembro de 1913, menos de um ano depois dessa reunião, Ferenczi sentou-se à escrivaninha e escreveu a Jones, que terminara há pouco mais de um mês sua análise com o húngaro: “Já tenho, há muito tempo, sentido falta de notícias suas, e, portanto, gostaria de abordá-lo como um (em primeiro lugar, é claro, gerando interesse) agente de fermentação, perturbar sua paz (instinto de morte), e forçá-lo a dividir comigo mais uma vez alguns dos eventos pessoais e outros, que dizem respeito a nossos interesses mútuos”. O interesse na pulsão de morte pensada por Ferenczi procede da condição original do bebê no útero como a condição prazerosa de paz despida de desejos. Essa foi uma primeira variação de Ferenczi sobre o tema da pulsão de morte, talvez influenciada pelo texto de Spielrein, embora endereçada a e estimulada por Lou Andreas-Salomé.
Sabina Spielrein e a origem do conceito de pulsão de morte
Apontarei agora alguns pontos de contato entre o texto de Spielrein e o de Freud.
1. Ela começa a partir de fatos biológicos. Freud não queria que essa parte constasse, mas ele mesmo lançaria mão, a contragosto, da biologia para enunciar sua pulsão de morte como fala em O eu e o Id:
Diferentemente das hipóteses que desenvolvi em Além do princípio do prazer — especulativas e calcadas de empréstimos tomados da biologia —, trata-se aqui de uma síntese de fatos realmente observados. Devo contudo admitir que, não obstante minha ambição de que essas novas formulações tenham grande alcance, sei que na verdade, não passam de aproximações precárias dos processos psíquicos, mas, enfim, é preciso saber conviver com essa limitação.[16]
Spielrein usa a biologia afirmativamente, expõe constatações. Mas para ela, o que interessa é pensar que o psiquismo não pode ficar livre dos efeitos daquilo que acontece com o organismo biológico. Ela dirá que é necessária a destruição individual das células sexuais masculinas e femininas para que uma nova vida possa emergir. Há, portanto, uma intenção criativa na destruição. Ela exemplifica isso, assim como Freud faz na parte V de Além do princípio do prazer, com formas simples, ditas inferiores de vida: os efêmeros. Para ela, o ciclo vida-reprodução-morte (se bem que de natureza biológica) tem repercussões psíquicas. Para criar o novo, há que destruir o antigo; e quando o antigo é o próprio organismo criador, causa horror, mas é desejado pelo desdobramento em outra vida. Há conflito. Nos organismos superiores, no homem, a cria contém o progenitor e depende dele para sobreviver e se desenvolver, ao mesmo tempo que essa criação influencia a vida do genitor. Se ela diz que importantes extratos do indivíduo são aniquilados na fecundação, isso indica o que falará na parte psicológica: não existe um in-divíduo. A pulsão sexual destrói a ilusão de um in-divíduo. “A morte é necessária para a criação da vida”[17]. O que impulsiona a transformação e a construção (criação), diz ela, é a pulsão de destruição.
Tales Ab’Saber comenta que, na época da escritura de Além do princípio do prazer, Freud tem um sonho que parece ter sido vivido como um verdadeiro sonho traumático, trazendo o masoquismo e o desejo de morte para o primeiro plano do seu próprio psiquismo. Esse sonho — o da indenização pela morte de seu filho na guerra — e sua análise foram acrescentados posteriormente ao corpo de A interpretação dos sonhos. Para ele, a teorização da pulsão de morte, portanto, também teve origem no trabalho de análise de sua própria vida inconsciente, de seus próprios sonhos. Antes de ser trabalhosamente isolada em uma trama riquíssima de sobreposição de argumentos os mais variados — da observação de bebês ao sentido da tragédia e da experiência psíquica da guerra —, a pulsão de morte também foi sonhada por ele. Aqui poderíamos acrescentar que aquilo que tinha ficado obscuro no texto de Spielrein para ele pode ser absorvido e tornado próprio dele, a ser conceituado por ele.
Ainda nessa parte inicial, Spielrein passa a falar da união sexual em termos corporais e da produção de secreções. Descreve a penetração como o rompimento desse in-divíduo. A troca que ocorre, o efeito de estrangeridade da penetração por outro corpo, que então afeta o corpo penetrado, e a indistinção sexual que se segue apontam que no ato sexual ocorre uma reviravolta corporal e nele se precipitam os processos de destruição e reconstrução que se realizam sem cessar, mas não ficam em evidência a não ser nesse momento. Spielrein equipara a descarga das secreções sexuais com a descarga dos excrementos.
Aqui não podemos deixar de lembrar Freud ao descrever os organismos inferiores em Além do princípio do prazer. Na parte VI desse texto, a mesma em que o trabalho de Spielrein é citado na nota de rodapé, ele afirma que, conforme experimentos de cientistas, se acaso dois protozoários conseguem fundir-se entre si, copular e depois se separar, eles são poupados do envelhecimento, tornam-se rejuvenescidos. Freud diz que essa cópula é precursora da reprodução sexual dos seres superiores, mas não tem nada a ver com a multiplicação, pois consiste na Amphimixis, na mistura da substância de dois indivíduos. Pelo seu próprio processo vital seriam condenados a morte. Quando cada nova geração era mergulhada em líquido nutritivo fresco, rejuvenescia. Quando não se fazia isso, havia envelhecimento.
Os animaizinhos eram prejudicados pelos produtos metabólicos que eles próprios eliminavam no líquido que os envolvia. Somente os produtos do próprio metabolismo provocavam esse efeito de levar à morte uma geração inteira. Pois os mesmos animaizinhos cresciam notavelmente se fossem colocados em uma solução saturada com dejetos de uma espécie animal de parentesco mais afastado e pereciam se colocados em seu próprio líquido nutritivo. Portanto, o infusório tem morte natural se é deixado por sua própria conta, isto é, em consequência de uma remoção imperfeita dos produtos de seu próprio metabolismo; mas podemos pensar que talvez todos os animais superiores morram no fundo, justamente devido à mesma incapacidade. Portanto, Freud afirma que o organismo celular, deixado a si mesmo, sucumbe pelo efeito nocivo de seus próprios excrementos no seu ambiente. Mas a troca sexual com outro organismo rejuvenesce, pois há trocas de substâncias e energias.
Para Spielrein, a pulsão sexual ou de procriação destrói o sentir-se único, o in-divíduo, vivo e estático no seu viver para sempre, que se mostra uma construção necessária, mas ilusória. A pulsão sexual traz transformação corporal, descarga sexual, saída de si mesmo, e isso não fica intacto para o psiquismo. Produz conflito, que produz efeitos desprazerosos pelo seu componente destrutivo.
Para Freud, no início da parte VI de Além do princípio do prazer, os impulsos do eu impelem à morte, pois provêm da animação da matéria inanimada e querem restabelecer a inanimação. Quanto aos impulsos sexuais, em compensação, é evidente que reproduzem estados primitivos do ser vivo; mas sua meta, almejada por todos os meios, é a fusão de duas células germinativas diferenciadas de determinada maneira. Quando essa união não acontece, a célula germinativa morre como todos os outros elementos do organismo pluricelular. Apenas sob essa condição a função sexual pode prolongar a vida e conferir-lhe a aparência de imortalidade.
E no final da parte VI ele menciona o mito platônico de O Banquete e os Upanixades hindus, esse mito da tradição oriental que chegou a Platão, para falar da necessidade de restabelecer um estado anterior ao se falar da pulsão de vida ou da sexualidade e da ânsia do masculino e feminino se fundirem.
2. Um outro paralelo pode ser formulado entre os dois textos quando Spielrein formula uma equação simbólica Mar = mãe = estado de indiferenciação = criação = qualquer coisa de imutável = inconsciente. Isso ela chama de “A coisa” (Das Ding), de forma semelhante a Kant, quando fala de essência, de imutável, daquilo a que o entendimento não tem acesso direto, que não se transforma em representações diretamente. Fora do tempo, fora do espaço, sem princípio de contradição, só de identidade. Ela conclui que a mãe primordial, esteio da vida dos inícios, cuja existência é indispensável para a nova existência é “A coisa” (Das Ding). As representações psíquicas são conquistadas por diferenciação dessa mãe primordial, o inconsciente, e tendem a retornar a ela. A tendência de retorno ao originário, à mãe, produz diferenciação, tem uma função criativa. Portanto, diferentemente do primeiro Ferenczi, que colocava o retorno a mãe primordial como a pulsão de morte — porque retorno à paz e à quietude do útero pré-nascimento. Já o Ferenzi de 1924, de Thalassa, coloca a mãe como símbolo do mar, e não o mar como símbolo da mãe, já que o ato sexual genital de penetração retornaria, na fantasia, ontogeneticamente às águas uterinas dos primórdios da vida que seriam resquícios filogenéticos das águas oceânicas — meio do qual surgiu a vida no planeta, cuja primeira catástrofe teria sido a sua secagem onde se desenvolveram evolutivamente os seres vivos terrestres.
Essa noção de tendência ao retorno em Spielrein parece fazer ressonância com o conceito freudiano de compulsão a repetição, que é postulado como a própria manifestação da pulsão de morte, tal qual aparece em Além do princípio do prazer. Assim, após o inferir da repetição daquilo que é desprazeroso nas brincadeiras infantis, nos sonhos traumáticos dos neuróticos de guerra, nas análises de neuróticos, sobretudo quando se trata de terminá-las e de se desligar do médico, ele dirá que “a compulsão à repetição parece ser mais arcaica, elementar e mais pulsional do que o princípio do prazer que ela suplanta”[18]. Ao dizer que o inanimado existe antes do vivo e de que o objetivo da vida é a morte, Freud cogitará que, em certo momento,
as propriedades da vida devem ter sido despertadas na matéria inanimada por uma ação de forças que ainda não conseguimos imaginar. Pode ter sido um processo semelhante àquele que posteriormente fez surgir em uma determinada camada de matéria viva o que denominamos consciência. A tensão, que foi gerada na substância até então inanimada, buscava por todos os meios distensionar-se e desmanchar-se, e assim nasceu a primeira pulsão, a pulsão a retornar ao estado inanimado.[19]
Diferentemente da formulação de Spielrein, o retorno produz morte ao invés de criação e diferenciação, nessa primeira formulação da pulsão de morte por Freud.
Spielrein explicita isso na última parte de seu trabalho, ao sugerir uma simbólica da castração que antecipa em parte a equação simbólica que Freud formulará dois anos depois, embora ele possa ter transmitido a ela essas ideias por algum meio antes de escrevê-las em Transmutações da pulsão, em especial do erotismo anal, em 1914. Enquanto a criança permanece dentro da mãe, não tem vida autônoma. Esse estado frequentemente é denominado na mitologia “morte aparente” ou “existência na sombra”. Nas “mães”, não há claro nem escuro, nem em cima nem embaixo, não há opostos, pois ainda não nos diferenciamos da substância original, da mãe original. Somente com a diferenciação e transformação em organismos autônomos somos abandonados à vida e à morte, esse é o sentido da castração.
Na própria vida está a fonte da morte, assim como na morte está a da vida. O desenvolvimento e o surgimento do filho se dão à custa da mãe, que é a mais frágil, que pode morrer no parto. Spielrein sugere a equivalência entre filho e falo, que permite pensar o filho como falo da mãe em oposição ao filho diferenciado da mãe original e transformado em organismo autônomo sujeito às leis da vida e da morte; portanto, escapando da morte aparente e da existência à sombra da mãe. O devir surge a partir da destruição. A morte, em si, é terrível; a morte a serviço do instinto sexual, ou seja, com seu componente destruidor que leva ao devir, é redentora. No entanto, a vida eterna, a imortalidade narcísica, a permanência na mãe original, não traz redenção.
3. Mas é ao tratar do sofrimento masoquista que ela formula a sua questão principal, que é similar à questão de Freud em 1920, formulada em Além do princípio do prazer. Ela defende a visão de que a psique do eu, inclusive a inconsciente, “é guiada por moções que se encontram ainda mais profundas e não se ocupam nem um pouco com nossas reações emocionais às demandas impostas por elas. O prazer é simplesmente a reação afirmativa do Eu a essas demandas originárias do âmago e nós podemos ter prazer diretamente a partir do desprazer e prazer pela dor, a qual tomada em si mesma, é fortemente carregada de desprazer, pois a dor corresponde a um prejuízo do indivíduo, contra o qual o nosso instinto de autoconservacão se opõe. Portanto, em nosso âmago há algo que, por mais paradoxal que isso possa soar a priori, busca esse auto prejuízo, uma vez que o Eu reage a ele com prazer. O desejo do autoprejuízo, o regozijo pela dor é, no entanto, completamente incompreensível se considerarmos apenas a vida do Eu, a qual só quer ter prazer.”[20] Ela vai ligar o masoquismo à passividade e ao feminino, embora ressalte a bissexualidade e a presença de tendências ativas, masculinas e sádicas bem como tendências femininas, passivas e masoquistas tanto em homens como em mulheres, alertando ao risco da intensificação excessiva das representações passivas pela identificação com a pessoa amada que conduz a formas de autodestruição.
Em Freud, estas reflexões aparecerão na parte VI de Além do princípio do prazer, mas sobretudo no texto de 1924, O problema econômico do masoquismo.
4. Para Spielrein, a morte significa um novo nascimento e isso é exemplificado em como as crianças vão acedendo, em suas representações, ao enigma da concepção e do nascimento. É o próprio eterno retorno que está em jogo, afirmador da dor enquanto esta reafirma a vida e sua alegria; enquanto o mergulho em si mesmo, no reencontro com a Coisa Originária, reafirma a luz dentro de si mesmo, que se faz seguir da criação amorosa, artística ou filosófica — ou seja, um novo nascimento, um novo devir.
5. Spielrein parte falando de um componente destrutivo da pulsão sexual ou de procriação, de representações destrutivas, de representações de morte, de compulsão a repetição do desprazeroso, de masoquismo de fundo ou originário. Mas a partir da ambivalência afetiva entre amor e ódio, conclui que nela há a fusão entre destrutividade e amor. Assim, o instinto de morte fica oculto pelo instinto sexual, porque a vida é resultado da morte, mas é melhor pensar no efeito do que conhecer a causa. Assim responde a sua questão inicial do texto de por que a sexualidade gera angústia e aversão: na neurose, os afetos negativos de angústia e repulsa diante da sexualidade devem-se à vitória do componente destrutivo que se exprime por todos os sintomas de resistência à vida e ao destino natural. Se a vida e o destino natural pela sexualidade trazem neles mesmos a morte, para evitar a morte, o neurótico paralisa a vida e a sexualidade e, assim, a morte se instala de qualquer jeito, no centro de seus sintomas. Há uma ocultação da pulsão de morte pela pulsão sexual e da predominância das representações de vida em tempos normais e de representações de destruição na neurose.
O conceito de pulsão de morte aparece aqui no sentido colocado por Freud em O eu e o Id como fusão e defusão das pulsões de vida e de morte. Quem reconhece, nesse sentido, a importância do ensaio de Spielrein A destruição como origem do devir é Sándor Ferenczi em seu texto de 1926, O problema da afirmação do desprazer (progresso no conhecimento do sentido de realidade), no qual faz dialogar o conceito de destruição como origem do devir com o conceito freudiano de desintricação pulsional entre Eros e a pulsão de destruição. Esta última libera Eros para construir um Eu capaz de resistência ainda maior ao se transformar em autodestruição parcial do Eu necessária à adaptação ao ambiente, ao reconhecimento do mundo em volta e à formulação de um julgamento objetivo.
Sabemos o quanto está sendo assim para nós nesse retorno, depois de cem anos, de uma pandemia. As pandemias se tornarão mais prováveis no século XX1 por várias razões. A primeira é que hoje somos 7,7 bilhões de pessoas no planeta e, em 1918, éramos 1,8 bilhões. Há mais pessoas que podem se infectar com novas doenças nas cidades grandes e povoadas. As pessoas se movimentam mais no século XXI; a globalização diminuiu as distâncias, aumentou o trânsito entre países e fortaleceu as trocas comerciais. As viagens aéreas, mais ágeis e frequentes, conseguem espalhar infecções pelo mundo num espaço de dias. Políticas culturais alimentícias para driblar a fome matam animais silvestres e desencadeiam uma sequência pandêmica. O aumento das zoonoses é explicado pela ação predatória do meio ambiente que se intensificou nas últimas décadas. Atividades como o desmatamento, a caça, a pecuária e a mineração nos colocam em contato com animais selvagens e nos expõem a mais vírus e bactérias que eles podem carregar. Ainda que as zoonoses sempre tenham existido, o modo de vida do século XXI, ao autorizar intensa devastação ambiental, torna a humanidade responsável pela crise do coronavírus, resultado das decisões que tomamos e que decidimos fazer ao extrair cada vez mais recursos do meio ambiente. Conflitos, migrações e a mudança climática e os riscos de vazamento de patógenos de laboratórios (incluindo as possibilidades de bioterrorismo) e a resistência bacteriana a antibióticos podem agravar os perigos de uma pandemia nos tempos de hoje.
A ciência está a par dos riscos que novas doenças representam hoje. A fim de superar ou antecipar esses perigos, pesquisadores trabalham há anos em projetos que rastreiam surtos incipientes, catalogam novos vírus e bactérias tentando prevenir possíveis pandemias. No último parágrafo de Além do princípio do prazer, Freud escreve sobre as respostas que não conseguiu dar no ensaio; que é preciso ser paciente e aguardar por mais meios e ocasiões de pesquisa. Também estar preparado para abandonar um caminho seguido por certo tempo quando não parece conduzir a nada de bom. Apenas aqueles crentes que exigem da ciência um substituto para o catecismo abandonado levarão o pesquisador a mal por desenvolver ou mesmo reformular as suas opiniões. E evocando a literatura, diz que o poeta al Hariri pode nos consolar pelos lentos progressos de nosso conhecimento científico: “O que não podemos alcançar voando temos de fazer mancando. A escritura diz que mancar não é pecado”[21].
De Spielrein a Freud, passando por Ferenczi e outros, o conflito entre Eros e Thanatos alcançou sua formulação visionária para os séculos XX e XXI em O mal-estar da cultura, nove anos depois de Além do princípio do prazer. Esperamos, como no final desse livro, que se realize a esperança incerta de Freud de que Eros supere Thanatos nos tempos vindouros de novas comemorações centenárias da obra de Freud, e que a destruição seja origem de novos devires para o planeta Terra e para seus diversos e múltiplos habitantes vivos. ♦
REFERÊNCIAS
AB’SABER, Tales (2012) “Prefácio”. In: FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; pp. 21-40.
CROMBERG, Renata Udler (2014) “Comentários sobre A destruição como origem do devir”. In: Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; pp. 279-239.
DAL MOLIN, Eugênio C.; Coelho Jr, Nelson; Cromberg, Renata U. (2019) “A pulsão de morte no primeiro Ferenczi: quietude, regressão e os primórdios da vida psíquica”. In: Estilos da Clínica, 2019, vol. 24, n. 2; pp. 231-245.
FERENCZI, Sándor (1924) Thalassa, ensaio sobre a teoria da genitalidade. Trad. Á. Cabral; Rev. Téc. C. Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012.
_____. (1923) “O Eu e o Id”. In: Obras Psicológicas de Sigmund Freud: Escritos sobre a psicologia do inconsciente, vol III: 1923-1938. Trad. L. Hanns. Rio de Janeiro, Imago 2006.
_____. Freud, Sigmund (1929-30) O mal-estar na cultura. Trad. R. Zwick. Porto Alegre, L&PM, 2010.
LIMA, Alcimar Alves de Souza., “Além do princípío de prazer”. In: ALONSO, Silvia Leonor; LEAL, Ana Maria (org.) Freud: um ciclo de leituras/ Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. São Paulo: Editora Escuta FAPESP, 1997; pp. 249-260.
SPIELREIN, Sabina (1912) “A destruição como origem do devir”. In: Sabina Spielrein, uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol.1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; pp. 227-277.
_____. (1920) “Sobre a questão do surgimento e o desenvolvimento da linguagem oral”. In: CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein, vol. 2. São Paulo: Blucher; no prelo.
VICK, Mariana, “Pandemia: origens e impactos da peste bubônica a Covid-19”, Nexo, 21 de junho de 2020. Disponível em: <www.nexojornal.com.br/explicado/2020/06/20/Pandemia-origens-e-impactos-da-peste-bub%C3%B4nica-%C3%A0-covid-19>.
* Renata Udler Cromberg é psicanalista, membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi. Doutora e pós-doutora pelo Instituto de Psicologia da USP. Formada em psicologia e filosofia pela USP. Professora convidada pelo curso de teoria psicanalítica do COGEAE/PUCSP. Participou da fundação e do primeiro conselho editorial da Revista Percurso. Autora de artigos, capítulos de livros e dos livros Paranoia, Cena Incestuosa da coleção Clínica Psicanalítica (Editora Artesã) e Sabina Spielrein, pioneira da psicanálise, obras completas vol. 1 (Editora Livros da Matriz), reeditado como Sabina Spielrein 1 e Sabina Spielrein 2 (ambos pela Editora Blucher, no prelo).
[1] Agradeço a Francisco Capoulade a sugestão de propor à Lacuna o texto base da conferência online realizada para o IPEP (Campinas), em 20 de outubro de 2020, no ciclo de conferências “Leituras da Psicanálise – 100 anos de Além do Princípio do Prazer”. Agradeço a Paulo Sérgio de Souza Jr. a generosa revisão.
[2] Entre os analistas esse termo popularizou-se como estando relacionado à catástrofe, mas na realidade, em grego antigo, é a palavra para mar/oceano.
[3] FERENCZI, Sándor (1924) Thalassa, ensaio sobre a teoria da genitalidade. Trad. Á. Cabral; Rev. Téc. C. Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
[4] FREUD, Sigmund (1915) Neurose de transferência: Uma síntese (manuscrito recém-descoberto). Rio de Janeiro, Imago, 1987.
[5] FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer (1920). Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; p. 118.
[6] AB’SABER, Tales (2012) “Prefácio”. In: FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer (1920). Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; pp. 20-22.
[7] FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; pp. 39-40.
[8] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; p. 291.
[9] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; p. 292.
[10] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; p. 292.
[11] FERENCZI, Sándor (1924) Thalassa, ensaio sobre a teoria da genitalidade. Trad. Á. Cabral; Rev. Téc. C. Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 1990; p. 72.
[12] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; pp. 280.
[13] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; pp. 280.
[14] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; pp. 289-290.
[15] DAL MOLIN, Eugênio C.; Coelho Jr, Nelson; Cromberg, Renata U. (2019) “A pulsão de morte no primeiro Ferenczi: quietude, regressão e os primórdios da vida psíquica”. In: Estilos da Clínica, 2019, vol. 24, n. 2; pp. 231-245.
[16] FREUD, Sigmund (1923) “O Eu e o Id”. In: Obras Psicológicas de Sigmund Freud: Escritos sobre a psicologia do inconsciente, vol III: 1923-1938. Trad. L. Hanns. Rio de Janeiro, Imago 2006; p. 27.
[17] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; p. 232.
[18] FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; p. 87.
[19] FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; p. 90.
[20] CROMBERG, Renata Udler, Sabina Spielrein: uma pioneira da psicanálise, obras completas, vol. 1. Trad. R. D. Mundt. São Paulo: Livros da Matriz, 2014; p. 237.
[21] FREUD, Sigmund (1920) Além do princípio do prazer. Trad. R. Zwick. Porto Alegre: L&PM, 2012; p. 133.
COMO CITAR ESTE ARTIGO | CROMBERG, Renata Udler (2020) Cem anos de Além do Princípio do Prazer: Sabina Spielrein e a origem do conceito de pulsão de morte. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. -10, p. 4, 2020. Disponível em: <https://revistalacuna.com/2020/11/09/n-10-4/>.